sábado, 23 de julho de 2016

GAZETA DA BD #60 – NA GAZETA DAS CALDAS – AS EDIÇÕES POLVO E O TRABALHO DE RUI BRITO NA EDIÇÃO DE BD PORTUGUESA

Gazeta da BD #60 - na Gazeta das Caldas
22 de Julho de 2016
Jorge Machado-Dias

AS EDIÇÕES POLVO 
E O TRABALHO DE RUI BRITO 
NA EDIÇÃO DE BD PORTUGUESA

Quase a atingir trinta anos de actividade na edição de banda desenhada, Rui Brito continua, infatigavelmente, a editar.

Tudo começou com a edição do fanzine Banda, cujo primeiro número foi editado em Abril de 1987. Os mentores e editores deste fanzine foram Rui Brito, João Simões e Jorge Deodato. O número 20 (e último) do Banda foi editado em Novembro de 1993. Desta odisseia fanzinesca nasceu a Associação Jogo de Imagens em 1993, que publicaria as revistas/fanzines Azul BDtrês (entre 1993 e 1995) e Azul (1995 e 1997) e teve larga participação nos Salões e Festivais de BD em Portugal.

  Fanzine Banda números 1, 11/12 e 18. Capas cedidas por Gerlades lino.

  Revista Azul BDtrês

Em 1997 nasce a Edições Polvo Lda., de novo com Rui Brito e Jorge Deodato, a que se juntou Pedro Brito. Podia ter sido Primata, mas acabou por ser Polvo e tornou-se numa das principais editoras de banda desenhada em Portugal. Lançou-se no mercado com a publicação de Época Morta e (à Suivre) de José Carlos Fernandes e Loverboy, o Rebelde, de Marte e João Fazenda.


Segundo Rui Brito, a editora foi criada com o objetivo de “publicar autores portugueses da nova geração, uma vez que na altura não havia um editor que o fizesse de forma regular. Entretanto chegou a Internet, e com esta uma infinidade de plataformas de publicação, mas a missão manteve-se inalterada. Hoje, a Polvo é a editora que tem o leque mais alargado de autores portugueses, tanto que, se formos ao nosso catálogo, encontramos praticamente todos os autores portugueses recentes que tenham produção digna de registo, nomes como José Carlos Fernandes, Miguel Rocha, João Fazenda, Paulo Monteiro ou Joana Afonso”.

Alguns títulos da editora foram mesmo editados no estrangeiro. “Por exemplo, Tu És a Mulher da Minha Vida, Ela a Mulher dos Meus Sonhos, de Pedro Brito e João Fazenda (2002), está editado em Itália, Polónia e França. O Amor Infinito que te Tenho e Outras Histórias, de Paulo Monteiro (2010), é o livro de banda desenhada de um autor português mais traduzido no estrangeiro. Cidade Suspensa, de Penim Loureiro (2014), teve uma edição directa em inglês, além de português.”


 Em 18 anos, a editora publicou mais de 150 livros.

Em 2007, a sociedade comercial desfez-se e passou a “Polvo, uma chancela de Rui Brito, edições”.

Significativa é a recente aposta em autores brasileiros, com a edição de álbuns como Morro da Favela, de André Diniz, Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho, ou Tungsténio, de Marcello Quintanilha. “Já temos seis títulos editados e este ano contamos editar mais uns poucos”.


A par de Miguel Rocha, Filipe Abranches, Paulo Monteiro, Rui Lacas, Sergei, Geral e Derradé, Pedro Brito, João Fazenda, André Carrilho, José Carlos Fernandes, André Carrilho, Rui Ricardo e Paulo Patrício, Ricardo Blanco, Richard Câmara, Carlos Rico, Horácio e de alguns autores mais alternativos, a Polvo publicou também obras de grandes nomes da BD europeia, como Baru, Tardi, David B. ou Sfar, bem como a primeira edição lusa de Persépolis, da iraniana Marjane Satrapi, ou Três Sombras de Cyril Pedrosa – autor francês de origens portuguesas.

Um dos lançamentos da Polvo no XII Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja é o seu 13.º livro de banda desenhada brasileira. Intitula-se Guadalupe e é da autoria de Angélica Freitas (arg) e Odyr Bernardi (des). Trata-se do segundo livro de Odyr editado em Portugal, tendo o primeiro sido Copacabana, também publicado pela Polvo.


Eis a sinopse de Guadalupe:

À beira de completar trinta anos, tudo o que Guadalupe deseja é esquecer o seu trabalho na livraria de Minerva, o seu tio travesti. É ela quem conduz uma velha carrinha pela Cidade do México, recolhendo colecções de livros que Minerva arremata, por poucos peso, a famílias enlutadas. O símbolo da “Minerva Libros” é uma coruja, mas podia muito bem ser um abutre, um abutre com lantejoulas. No seu aniversário, Guadalupe só quer sair para beber e dançar com os amigos. Mas um telefonema muda-lhe os planos. No meio do pior engarrafamento do ano — ela aproveita engarrafamentos para ler os clássicos — fica a saber que a avó, Elvira, uma intrépida velhinha, morreu num acidente de motoreta. Como Guadalupe tem a carrinha, é a única que pode cumprir o último desejo da avó: um enterro com banda de música em Oaxaca, onde nasceu. Embarca então com Minerva e a sua inseparável poodle, mais o caixão, rumo à cidade. No caminho, contrariando a indicação de Guadalupe, Minerva dá boleia a um exótico rapaz, que se diz guatemalteco, e os problemas começam. Neste “road movie” abundantemente regado com mitologia asteca e cogumelos mágicos, Angélica Freitas e Odyr narram a divertida, e por vezes assustadora, história dessa viagem. Uma aventura inusitada ao coração do México, onde um embate contra as forças do mal é tudo menos o que parece ser.


Foto da revista Estante, da FNAC
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