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O VELHO QUE LÊ
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ATÉ QUE A MORTE VOS SEPARE
A MAGIA DOS LIVROS
Verdadeiro fenómeno cultural e de vendas em Itália nos últimos trinta anos, a série Dylan Dog soube chegar a um público bem mais abrangente do que os tradicionais fãs de BD, e conquistar leitores junto dos cinéfilos, dos intelectuais, dos cultores da literatura e do cinema de terror e, sobretudo, junto do público feminino, conquistando milhares de jovens leitoras que, tal como tinha acontecido com o Corto Maltese de Hugo Pratt, também não conseguiram resistir ao charme de Dylan Dog.
Primeiro volume de uma série dedicada ao "Investigador do Pesadelo" criado por Tiziano Sclavi em 1986, esta colecção inicia-se com um livro que reúne duas histórias diferentes, unidas pelo amor dos livros e pelas citações literárias que são uma imagem de marca da série que conquistou intelectuais como Umberto Eco. A primeira, O Velho que Lê, é assinada por um dos raros desenhadores da série a ter o privilégio de também escrever as histórias que desenha, Fabio Celoni, uma excelente história de Dylan Dog, plena de sensibilidade, que trata o drama da terceira idade num registo entre o fantástico e o onírico. Desenhador versátil, tão à vontade no registo mais caricatural e estilizado da Disney, como no registo mais realista das séries da Bonelli, Celoni é senhor de um traço expressionista e de uma apuradíssima técnica do preto e branco, que lhe permite alternar, com igual eficácia, o contraste entre luz e sombra e as aguadas de cinzento.
Primeiro dos grandes desenhadores italianos que esta colecção irá apresentar aos leitores nacionais, Celoni tem neste volume a companhia dos autores da primeira história de Dylan Dog, L'Aiba dei Morti Viventi: Tiziano Sclavi, o criador de Dylan Dog, e Angelo Stano, que além de ter assinado essa primeira história, foi também o responsável pelas capas da revista mensal de Dylan Dog, entre 1990 e 2016. Dupla que encerra este volume com A Pequena Biblioteca de Babel, uma história curta em que os livros estão mais uma vez no centro da narrativa. Este pequeno divertimento que pega num conceito de Jorge Luís Borges subvertendo-o com o humor e a ironia habituais de Sclavi, mostra que para além das habituais histórias de 96 páginas, há imenso material de menor extensão mas igual qualidade para publicar, algo que esperamos continuar a fazer, se os leitores nos quiserem acompanhar nesta aventura.
Tal como Tiziano Sclavi tinha feito em A Pequena Biblioteca de Babel, também nós fomos buscar inspiração a O Aleph, um conto de Jorge Luís Borges de 1949, para o nome desta colecção. Uma colecção que nasce sob o manto protector da G. Floy, mas que procura trilhar caminhos diferentes do catálogo habitual da editora, mais centrado nos comics americanos, explorando outros géneros de banda desenhada, começando pelos fumetti da editora Bonelli através de um dos seus personagens mais míticos. Tal como o Aleph é "o lugar onde estão, sem se confundirem, todos os lugares do mundo, vistos de todos os ângulos", esta nova linha editorial independente pretende publicar em português, banda desenhada de qualidade, independentemente da sua proveniência. Mas para começar, o tempo é dos fumetti da Bonelli e de Dylan Dog, onde também poderão descobrir um pouco do passado da personagem no segundo volume, Até que a Morte Vos Separe.
João Miguel Lameiras, José de Freitas e Mário João Marques
Bruno Brindisi, desenhador do livro Até que a Morte vos Separe, da série Dylan Dog, e também de Tex Willer, esteve em Portugal dias 27 e 28 de Abril como convidado, na 6ª Mostra do Clube Tex Portugal, na Anadia.
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