sábado, 7 de março de 2020

WATHCMEN 4 - O FIM DE UMA ERA – HOJE COM O JORNAL PÚBLICO

WATCHMEN 4
O FIM DE UMA ERA
HOJE COM O JORNAL PÚBLICO

Watchmen/Doomsday Clock
Vol. 4 - Watchmen: Um Mundo mais Forte
Argumento – Alan Moore
Desenhos – Dave Gibbons
Sábado, 7 de Março
Por+9,90€



Texto de João Miguel Lameiras


BDpress #537 – Recorte do artigo de João Miguel Lameiras publicado no jornal Público de 29/02/2020

Com a publicação do quarto volume da colecção Watchmen/Doomsday Clock, que recolhe o volume 9 a 12 da série original e estará nos quiosques hoje, 7 de Março, chega ao fim a reedição neste novo formato do clássico de Alan Moore e Dave Gibbons. Um final épico que joga com um medo bem presente, tanto à época como actualmente: o da destruição da humanidade. Destruição que em 1986, quando Watchmen foi originalmente publicado em 12 volumes, ocorreria em resultado de um conflito nuclear entre as duas super potências da época, os EUA e a URSS.

E a verdade é que, mais de 30 ano depois do desmoronamento do Bloco Soviético, essa ameaça de destruição mantém – e bem presente.

Não só a ameaça nuclear continua a ser bem real, embora com outros intervenientes, como há outros factores, como as alterações climáticas, que fizeram com que o Relógio do Apocalipse – cujo avançar dos ponteiros em direcção à meia-noite avisa para o momento que corresponderia à destruição da humanidade – tivesse sido acertado para os cem segundos para a meia noite no dia 23 de janeiro. Um actualizar da hora que faz com que este seja o momento em que a humanidade se aproximou mais da destruição total, desde que o relógio foi criado, em 1947.

É precisamente essa ameaça de aniquilação da humanidade que está na origem do elaborado plano que causou a morte do Comediante e de muito mais. Mortes que acabam por ser meros danos colaterais, necessários num plano impiedoso mas que pretende evitar um mal (muito) maior.

Assim, os acontecimentos inevitáveis e trágicos da saga que revolucionou a história do comics convergem para aquele que será o seu momento final. Um último acto que decorre na Antárctida, na base secreta de Adrian Veidt, o Ozymandias, ao qual nem todos os Guardiões sobreviverão.

Estes capítulos finais mostram como Moore e Gibbons jogam com os clichés típicos do cinema e da banda desenhada, subvertendo-os. Veja-se a cena em que o responsável pela morte do Comediante explica em detalhe o seu intrincado e maquiavélico plano, na melhor tradição dos vilões dos filmes de James Bond.

Só que aqui há uma diferença fulcral: o vilão explica o seu plano depois de o meter em marcha, quando já não há qualquer hipótese de esse plano ser frustrado pela intervenção dos heróis ...

Outro exemplo é a destruição de Nova Iorque, algo inúmeras vezes evocado no cinema e na banda desenhada, usando um local imediatamente reconhecível como Times Square, mas usando algo nunca antes visto – e que foi alterado na versão cinematográfica – para explicar e a destruição. Também em termos narrativos e de planificação estas páginas são diferentes da maioria das páginas de Watchmen.

Moore e Gibbons abdicam da sua grelha habitual de nove quadrados por página, divididos em três tiras de três quadrado cada, substituindo-a por imagens de página inteira, que em dois casos formam duplas páginas, em qualquer diálogo ou narração em off.

Apesar de o quadrado final – que funciona como espelho do primeiro quadrado da história – deixar um elemento importante em aberto, Watchmen é claramente uma história fechada. Mas a verdade é que, tanto na televisão, com a magnífica série da HBO como no comics, com Doomsday Clock, foi possível criar uma continuação para Watchmen que não desmereça do original, sendo até mesmo capaz de ir para lá dele. Algo que os leitores poderão descobrir a partir da próxima emana, com a estreia em Portugal de Doomsday Clock.






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