sábado, 24 de novembro de 2012

XXIII FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA 2012 – CONSIDERAÇÕES FINAIS



XXIII FESTIVAL INTERNACIONAL
DE BANDA DESENHADA DA AMADORA 2012

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande maioria dos jornalistas e dos bloguistas portugueses – que, não sendo jornalistas, tomam muitas vezes o lugar crítico que aqueles raramente assumem – fazem análises sistemáticas da banda desenhada portuguesa (ou publicada em Portugal), escrevem amiúde sobre os eventos bedéfilos que se realizam neste país e nessa via debruçam-se quase todos, ano após ano, sobre o Amadora BD, alguns de forma rápida, outros em considerações mais alongadas. Nós por aqui (não só no Kuentro, mas também e sobretudo, com a responsabilidade acrescida da direcção do BDjornal) temos vindo – desde 1992, há 20 anos portanto – a escrevinhar sobre este Festival. Já escrevemos textos analíticos sobre o que deveria ser um Festival de Banda Desenhada neste país, entrevistámos mesmo o Vereador da Cultura da Câmara da Amadora, na presença do Director do Festival (vide BDjornal #28), sobre as questões mais prementes do Amadora BD, e realizámos inclusivamente um estudo - embora dirigido aos Troféus Central Comics - para definir regras tecnicamente correctas do que deveria ser uma Premiação de obras e autorias de BD, etc... etc... Tudo isto sem qualquer retorno de contraditórios ou simples comentários, parecendo que estávamos a pregar em pleno deserto (e se calhar estivemos mesmo)...

Não vamos portanto, este ano, acrescentar mais comentários às dezenas de outros comentários que já fizemos sobre as exposições do FIBDA, quase todos no mesmo sentido e todos olimpicamente ignorados, ou tidos, algumas vezes, como exercícios de "mal dizer" (é triste muitos dos portugueses não conseguirem distinguir ainda entre crítica e "mal dizer"). 

O que interessa resolver mesmo, nesta altura de crise endémica, é a questão da zona comercial do FIBDA, porque sem ela (zona comercial) não há BD que valha, seja em que Festival for – nem nenhum Festival de BD serve para o que for sem ela! 

Contudo, desta vez (este ano), finalmente, quase todas as “baterias” dos críticos assentaram sobre o modo ridículo como é tratado o espaço comercial no FIBDA. Isto depois de, no ano passado, termos feito uma análise exaustiva à maneira anedótica como a organização do FIBDA aborda esta questão. Redesenhámos inclusivamente todo o espaço do piso -1 do Fórum Luís de Camões, para propor uma estrutura muito mais fluida da zona comercial, eventualmente com custos mais reduzidos. A coisa foi, como de costume, meio ignorada pela organização, a quem endereçámos a proposta de alterações em Setembro de 2011, que teve como resposta, que já não havia tempo para alterar o desenho do projecto – mas um ano depois, não houve tempo para corrigir?

Já agora, para quem não saiba, deve dizer-se que aquela estrutura, que tem sido desenhada e construída, desde 2007, pelo mesmo atelier de arquitectura (Traços na Paisagem), custou, no ano passado, à volta de 600 mil euros, tendo este ano – a mesmíssima estrutura, nos dois pisos, com o mesmíssimo desenho –, descido para os 300 e tal mil euros...

Apresentamos aqui em baixo os desenhos que refizemos no ano passado, partindo da planta realizada pelo citado atelier, juntamente com as propostas de remodelação, sem mais comentários da nossa parte.

Plantas comparativas da zona comercial (piso -1 do Fórum Luís de Camões) nos Festivais de 2007 a 2010.

Planta (do projecto do Atelier Traços na Paisagem) do piso -1 do Fórum Luís de Camões, para o Festival de 2011.

A mesma planta, que foi repetida este ano, redesenhada por nós e com comentários...

As propostas de alteração, sendo a primeira mínima - apenas a remoção da parede que ocultou os stands, permitindo a articulação da zona, deixando o corredor central de ser apenas espaço de passagem - e três alternativas para o posicionamento correcto do espaço de Autógrafos, dotando todo o espaço comercial com a coerência e envolvimento que não teve nestes dois últimos anos:





Seria bom que tudo isto motivasse um debate, mesmo que a organização do FIBDA, como de costume, não ligasse peva...

______________________________________________________________

5 comentários:

  1. Eh, pá! Li 600 mil euros?!
    Certo, é possível que a estrutura possa chegar a uma verba dessas, tanto mais que - como suponho - dado tratar-se de uma estrutura com encargos municipais, tenha sido objecto de concurso (obras acima de 75.000 euros).
    Mas, convenhamos, não é nada barato, ainda que o investimento tenha retorno na parte cultural que o Festival desta grandeza necessariamente granjeia.
    Falei em retorno na parte material, tonando despicienda a hipóteses de o ter na parte comercial, pois 600.000 euros em obra é um investimento - como diria o Zé - do "caraças"!
    Um Festival desta envergadura merecia mais tratamento mediático, não só por que os investimentos no seu todo são significativos, como pelo impacto que se pretende na divulgação da BD em Portugal.
    É óbvio que eu concordo com o FIBDA; mas, como o Jorge também estranha, acho que a organização não leve como característica superior o "não ligar peva", porque o deve fazer. Os municípios e os seus dinheiros regem-se (é suposto que deve ser assim) pela transparência dos investimentos e, a qualquer altura, qualquer munícipe ou cidadão poderá querer saber mais alguma coisa, ainda que, para isso, haja necessidade de recorrer ao CADA (Código de Acesso aos Documentos Administrativos). Se não é dinheiro público, a conversa é outra e, claro está, já não está aqui quem falou.

    ResponderEliminar
  2. 300 e tal mil euros?!?!
    Não pode ser! Estão a brincar com quem trabalha a sério para editar bd.

    ResponderEliminar
  3. Para ser mais concreto, o custo de 300 e tal mil euros que refiro, é uma estimativa por alto, que deve ir um pouco mais longe, porque só ao Atelier Traços na Paisagem foram pagos 212.000 euros mais IVA – mas falta o resto: custos com a segurança, alugueres, produção do catálogo, programa e cartazes, viagens e alojamento de convidados, seguros, etc...

    Devo referir que o Festival de 2010 custou 760.000 euros e o de 2011, 577.500 euros, segundo os dados fornecidos pelo próprio Vereador da Cultura na entrevista a que me refiro no texto do post.

    Quanto à questão do concurso público, a que o Santos Costa se refere, não sei não. Como é que este atelier “ganha” os concursos desde 2007?

    ResponderEliminar
  4. E há ainda que pagar ao grupo de pessoas que passa o ano a organizar o festival.
    Apetece chorar quando se sabe que tanto dinheiro é gasto assim...

    ResponderEliminar
  5. Claro que tem que se contar com os ordenados daquela malta que organiza o Festival. Mas, já agora, acrescentemos que o Festival de Angoulême, por exemplo, custa mais de 3 milhões de euros. Mas enfim, Angoulême é outra coisa, não é? Mas se ao menos o festival da Amadora produzisse mais valias que se vissem para os autores/editores/livreiros portugueses, a coisa já não seria má. O grande problema é que a forma de tratar o espaço comercial é o que é: "minimal" - ainda para mais cobrando € 650,00 por cada stand a cada editor que queira lá montar a "barraca"! Para o FIBDA, o que conta mesmo são as exposições, como se os autores de BD fossem "artistas" de artes plásticas - e, para baralhar toda esta coisa - alguns deles até ficam convencidos que o são...

    ResponderEliminar

 
Locations of visitors to this page