AS PUBLICAÇÕES INFANTO-JUVENIS
QUE ABALARAM A PENÍNSULA IBÉRICA
«O Mosquito»
e
«Chicos»
«Chicos»
(1)
Por José Ruy
Numa quinta-feira, 14 de janeiro de 1936, os ardinas apregoavam nas ruas a saída de mais um jornal infanto-juvenil português.
Custava apenas 5 tostões, a moeda que servia como "ficha" para os mealheiros dos telefones públicos.
Custava apenas 5 tostões, a moeda que servia como "ficha" para os mealheiros dos telefones públicos.
...e de um exemplar do «Tic-Tac» e do «Senhor Doutor».
Custava metade do preço de outro jornal congénere em publicação, o «Tic-Tac», e um terço de outro, «O Senhor Doutor».
A ideia nasceu do já então conhecido no meio das publicações infantis, António Cardoso Lopes Júnior (Tiotónio), que convidou um seu amigo e vizinho na Amadora, Raul Correia (Avozinho), para diretor literário do jornal, enquanto ele dirigia a parte artística e técnica. Deram-lhe o título de «O Mosquito».
Era um jornal de aparência modesta, a preto e uma cor a sobrepor o traço, nas capas e páginas centrais, das oito totais de que dispunha. Media 20x29 cm.
Mal sabia esta dupla que a publicação iria abalar o País, atingindo o mais alto nível até aí nunca alcançado pelos jornais infanto-juvenis.
Dois anos mais tarde a 23 de fevereiro de 1938, foi lançada na Espanha, em meio de uma horrível Guerra Civil, uma publicação dedicada a um público com o mesmo escalão etário de «O Mosquito» a que os seus promotores chamaram de «Chicos» (rapazes).
O aspeto desta revista era também sóbrio, impresso só a traço a azul, variando nos números seguintes para castanho e outras cores. Pretendia desta maneira emprestar a ilusão de ter algum colorido. Concorria com as outras publicações no ativo no país, que ostentavam as quatro cores. Mas o seu forte era o preço e o conteúdo.
O confronto bélico que dividia a Espanha, fez chegar à Cidade de San Sebastian refugiados de vários locais do país, principalmente de Barcelona e Madrid; entre eles destacavam-se alguns intelectuais de valor.
Consuelo Gil Roësset, deslocara-se de Madrid com três filhos deixando para trás seu marido, Jose Maria Franco, compositor e chefe de orquestra, começando a trabalhar para as revistas «La Ametralladora»,de caracter humorístico destinado aos soldados, «Revista Para La Mujer» (de que chegou a diretora) e também para «Pelayos» (depois «Flechas y Pelayos») editadas pela Junta Nacional Carlista, onde o empresário catalão Juan Baygual y Bas exercia uma grande influência.
OS FUNDADORES DE «O MOSQUITO»
António Cardoso Lopes e o seu sócio Raul Correia na altura em que fundaram «O Mosquito» em 1936.
Era um jornal de aparência modesta, a preto e uma cor a sobrepor o traço, nas capas e páginas centrais, das oito totais de que dispunha. Media 20x29 cm.
Mal sabia esta dupla que a publicação iria abalar o País, atingindo o mais alto nível até aí nunca alcançado pelos jornais infanto-juvenis.
NA VIZINHA ESPANHA
Dois anos mais tarde a 23 de fevereiro de 1938, foi lançada na Espanha, em meio de uma horrível Guerra Civil, uma publicação dedicada a um público com o mesmo escalão etário de «O Mosquito» a que os seus promotores chamaram de «Chicos» (rapazes).
O aspeto desta revista era também sóbrio, impresso só a traço a azul, variando nos números seguintes para castanho e outras cores. Pretendia desta maneira emprestar a ilusão de ter algum colorido. Concorria com as outras publicações no ativo no país, que ostentavam as quatro cores. Mas o seu forte era o preço e o conteúdo.
COMO SE FORMOU «CHICOS»
O confronto bélico que dividia a Espanha, fez chegar à Cidade de San Sebastian refugiados de vários locais do país, principalmente de Barcelona e Madrid; entre eles destacavam-se alguns intelectuais de valor.
Consuelo Gil Roësset, deslocara-se de Madrid com três filhos deixando para trás seu marido, Jose Maria Franco, compositor e chefe de orquestra, começando a trabalhar para as revistas «La Ametralladora»,de caracter humorístico destinado aos soldados, «Revista Para La Mujer» (de que chegou a diretora) e também para «Pelayos» (depois «Flechas y Pelayos») editadas pela Junta Nacional Carlista, onde o empresário catalão Juan Baygual y Bas exercia uma grande influência.
Capa da «Revista para la Mujer»Nº6 de julho-agosto de 1938
Revistas «Flechas» e «Pelayos» fundindo-se depois numa só: «Flechas y Pelayos».
A revista «Pelayos» como praticamente todas as que se publicavam em Espanha na altura, eram de orientação ou tendência política, refletindo o ambiente em que se encontrava o país.
No interior da revista «Pelayos» eram frequentes imagens como estas.
Juan Baygual reparou na maneira sincera e desafrontada como Consuelo Gil criticou o conteúdo excessivamente religioso e político de «Pelayos» manifestando-se contra o colonialismo a que a literatura infantil estava submetida em Espanha.
Propôs então a Consuelo Gil a criação e a direção literária e artística de uma publicação infantil em moldes completamente novos, absolutamente diferentes.
Este pequeno jornal com um formato aproximado ao de Pelayos», 18x24 cm com apenas oito páginas, foi despertar nas crianças carentes de tudo, a ilusão e a possibilidade de sonhar através das suas histórias. Apresentou-se como um «oásis» de surpreendente neutralidade. O preço era acessível, 10 cêntimos, um valor equivalente ao de «O Mosquito» em Portugal.
No entanto, nada nesse ano de 1938 fazia prever o abalo que «Chicos» viria a produzir em Espanha.
Com uma dinâmica parceria, estas duas publicações, «O Mosquito» e «Chicos», conseguiram abalar profundamente a Península Ibérica.
Este pequeno jornal com um formato aproximado ao de Pelayos», 18x24 cm com apenas oito páginas, foi despertar nas crianças carentes de tudo, a ilusão e a possibilidade de sonhar através das suas histórias. Apresentou-se como um «oásis» de surpreendente neutralidade. O preço era acessível, 10 cêntimos, um valor equivalente ao de «O Mosquito» em Portugal.
No entanto, nada nesse ano de 1938 fazia prever o abalo que «Chicos» viria a produzir em Espanha.
Com uma dinâmica parceria, estas duas publicações, «O Mosquito» e «Chicos», conseguiram abalar profundamente a Península Ibérica.
Vejamos como.
No próximo artigo:
Quem é a diretora de «Chicos», Consuelo Gil Roësset.
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