AS PUBLICAÇÕES
INFANTO-JUVENIS
QUE ABALARAM A PENÍNSULA IBÉRICA
«O Mosquito»
e
«Chicos»
(parte 9 e última)
José Ruy
OS ALMANAQUES
Consuelo Gil lançou o primeiro Almanaque de «Chicos» em 1941. Pelo êxito alcançado saíram mais dez durante a década seguinte. Também, quatro anos mais tarde «O Mosquito» editou o seu Almanaque, muito apreciado entre nós. Sem se copiarem, as duas publicações iam paralelamente seguindo caminhos convergentes.
Capa do «Almanaque Chicos» de 1943 pintada por Jesus Blasco.
À esquerda, anúncio ao Almanaque n’«O Mosquito» onde podemos ver o desenho de ETCoelho só a preto e branco.
Na permuta de cedência de direitos entre as duas publicações, enquanto que o Cardoso Lopes enviava provas das ilustrações em papel cristal, que por ser transparente servia de fotólito para «Chicos», em Espanha como não conseguiam provas com a qualidade indispensável, Consuelo Gil mandava os próprios originais.
Como disse atrás, Blasco tinha direito à devolução dos seus originais depois de publicados em «Chicos». Mas devido a esta necessidade emprestava-os para serem reproduzidos n’«O Mosquito». E alguns ficavam esquecidos em Portugal.
Quando após a partida do Tiotónio para o Brasil, me apercebi que os originais do ETCoelho estavam a ser alienados e a desaparecerem, resolvi guardar tudo o que ainda restava, inclusivé os desenhos do Blasco da Anita Diminuta.
No envólucro do pacote onde estavam esses desenhos tinha a identificar o conteúdo um autógrafo da própria Consuelo Gil que também conservei.
Por isso em 1984 na «Feria del Comic» desse ano, em Barcelona aproveitei levar esses originais para entrega-los em mão ao Blasco, que ficou emocionado, recordando esses bons tempos e que pensava terem-se perdido.
Também em 1987 entreguei ao ETCoelho os originais (que ele antes dizia não se interessar) das capas e ilustrações das novelas que fizera para «O Mosquito», quando os doou à Autarquia da Amadora. Encontram-se hoje no bunker da Bedeteca da Amadora em excelentes condições de conservação.
Como disse atrás, Blasco tinha direito à devolução dos seus originais depois de publicados em «Chicos». Mas devido a esta necessidade emprestava-os para serem reproduzidos n’«O Mosquito». E alguns ficavam esquecidos em Portugal.
Quando após a partida do Tiotónio para o Brasil, me apercebi que os originais do ETCoelho estavam a ser alienados e a desaparecerem, resolvi guardar tudo o que ainda restava, inclusivé os desenhos do Blasco da Anita Diminuta.
No envólucro do pacote onde estavam esses desenhos tinha a identificar o conteúdo um autógrafo da própria Consuelo Gil que também conservei.
Também em 1987 entreguei ao ETCoelho os originais (que ele antes dizia não se interessar) das capas e ilustrações das novelas que fizera para «O Mosquito», quando os doou à Autarquia da Amadora. Encontram-se hoje no bunker da Bedeteca da Amadora em excelentes condições de conservação.
Alguns dos perto de 5000 originais que ETCoelho doou à Amadora.
As ilustrações que apresento fazem parte do acervo depositado na Bedeteca da Amadora, e foram todas também publicadas em «Chicos».
Muitas vezes «Chicos» alterou o seu formato para uma melhor economia do papel. Como o jornal sempre foi impresso em rotativa, Consuelo Gil mandava cortar as bobinas de modo a que com o exedente conseguisse imprimir outras publicações, igualmente de formatos muito variados.
N’«O Mosquito» essas alterações no tamanho eram conseguidas de outra maneira, pois o Tiotónio encomendara a máquina Offset à medida do jornal em folha aberta. Assim ele economizava dobrando a folha ao meio reduzindo o formato das páginas.
Não tinha alternativa.
FIEL ATÉ AO FIM
ETCoelho foi fiel colaborador de «O Mosquito» e de «Chicos» até ao final destas publicações que tanto ganharam com o seu talento.
Quando «O Mosquito» em Portugal suspendeu a sua publicação, a historia em quadrinhos que estava a desenhar, «São Cristóvão», um conto de Eça de Queirós, ficou interrompida. Até hoje.
Na fase final de «Chicos» ETCoelho desenhou histórias inéditas para essa prestigiada revista.
Comprova-o o facto de em 2002 o «Ministerio de Educación, Cultura y Déporte» ter editado um livro evocando «Chicos» e considerando ter sido a melhor publicação do género editada em Espanha no século XX. E destacam a colaboração genial de ETCoelho.
O mesmo, estou à vontade em afirma-lo, se passou em Portugal com «O Mosquito». Nesse século XX onde se deram tão grandes acontecimentos, para o bem e para o mal, este jornal abalou o parque editorial infantil, não só pela qualidade do seu conteúdo como pelo tempo que se manteve em publicação e a grande tiragem que alcançou, não mais igualada neste tipo de publicações.
Este abalo ficou também a dever-se à colaboração vinda de «Chicos», a revista irmã, com quem se manteve sempre de mão dada.
Por isso tem havido várias tentativas para ressuscitar o seu fascinante título, e tem justificado o tanto que se tem dito, escrito e editado sobre ele.
José Ruy
Setembro 2016
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