MAR DE ARAL
Cinco histórias de José Carlos Fernandes
MAR DE ARAL
Texto de José Carlos Fernandes
Ilustrações de Roberto Gomes
Nº de Páginas: 70
Edição G.Floy Studio e Comic Heart – Abril 2019
Publisher: Christine Meyer
Editores: Bruno Caetano e José Hartvig de Freitas
Design: Hugo Jesus
Apoio da Câmara Municipal de Loulé
Texto de José Carlos Fernandes
Ilustrações de Roberto Gomes
Nº de Páginas: 70
Edição G.Floy Studio e Comic Heart – Abril 2019
Publisher: Christine Meyer
Editores: Bruno Caetano e José Hartvig de Freitas
Design: Hugo Jesus
Apoio da Câmara Municipal de Loulé
Textos de José Carlos Fernandes:
A Revolução de Outubro de 1917 suscitou nele tal excitação, que, mal as noticias lhe chegaram, rumou a Petrogrado sem dar explicações nem à família nem aos amigos nem ao chefe de departamento. Da sua actuação durante os turbulentos anos pós-revolução pouco se sabe, até porque terá adoptado diferentes nomes. Consta que terá desempenhado diversas funções no Comissariado da Agricultura.
Os investigadores são unânimes em reconhecê-lo no químico Osip Ernantzev, que, em 1924, quando do falecimento de Lenin, propôs um processo de embalsamento inovador para o Arquitecto do Estado Soviético. O resultado foi tão desastroso que o cadáver de Lenin se corrompeu irremediavelmente no espaço de horas, de forma que a múmia exibida durante décadas como sendo a do líder bolchevique resulta do embalsamamento de um infeliz duplo – o que é um dos segredos mais bem guardados do comunismo.
Surpreendentemente, esta intervenção desastrosa não foi punida com a morte e Ernantzev foi apenas desterrado para a República Autónoma do Karakalquistão (hoje parte do Uzbequistão), onde lhe foi atribuída a função de assistente de laboratório numa decrépita estação de hidrobiologia nas margens do Mar de Aral, a norte de Oqqal'a. Com a morte do director (e único técnico) da estação, Ernantzev ficou entregue a si mesmo e terá prosseguido investigações por conta própria.
A estação só seria visitada por um enviado do Instituto Soviético de Hidrobiologia em 1941. Na secretária de Ernantzev foram encontrados documentos e notas sobre embalsamamento, regeneração de tecidos, evolução das espécies e ictiologia; inesperadamente, surgiram misturados com os escritos cientificas, alguns contos em registo fantástico, boa parte deles incompletos ou truncados. Esta é a primeira vez que são publicados.
Nunca se saberá o que buscava Ernantzev, pois foi linchado em 1938 por uma turba de pescadores que atribuía às suas experiências o aparecimento de peixes monstruosamente deformados.
Roberto Gomes é um peixe bípede do Mar de Aral. Os peixes do Mar de Aral vivem entre nós, e se uns denunciam claramente a sua origem aquática – como é o caso de Michael Phelps – outros conseguem passar por humanos durante toda a vida. Na verdade, é frequente que estes peixes tenham notória inclinação para o desenho – tais qualidades poderiam ter passado despercebidas, se não fosse um importador japonês de peixe do Mar de Aral. O importador deixou de vender os peixes aos restaurantes e passou a fornecer os estúdios de manga e anime. Roberto escapou por pouco a ser transformado em sushi, e tem desenhado anonimamente cenários em várias séries de manga de grande sucesso. Este é o seu primeiro trabalho em nome próprio.
INCLUI AS HISTÓRIAS
Mar de Aral
Um boi sobre o telhado
Roupas de defunto
A inauguração do canal do Panamá
A arte esquecida de nadar rio acima
Texto da contracapa:
ABRINDO A CAIXA NEGRA
O voo 713 para Belize nunca chegou ao seu destino. O aparelho foi encontrado dois dias depois, nas
profundezas da selva do Yucatán, perto de Uxmal, não muito danificado. Mas da tripulação e passageiros, nem rasto. Quando os peritos aeronáuticos analisaram as caixas negras do aparelho, ficaram perplexos: em vez do registo das conversações entre o avião e os controladores aéreos, as fitas continham apenas histórias insólitas e aparentemente sem nexo, narradas por uma voz arrastada e monocórdica, que não foi identificada como pertencendo a qualquer dos membros da tripulação ...
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