quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

COLECÇÃO BLUEBERRY GERÓNIMO, O APACHE COM O JORNAL PÚBLICO

COLECÇÃO BLUEBERRY
GERÓNIMO, O APACHE
COM O JORNAL PÚBLICO 
A HISTÓRIA DE GERÓNIMO, O ÚLTIMO ÍNDIO 

Quinta-feira. 16
Colecção Blueberry
8º vol. – Gerónimo, o Apache


BDpress #527 Recorte do artigo publicado no jornal Público de 11/01/2020 

BLUEBERRY 
REVIVE O SEU ENCONTRO 
COM O CHEFE APACHE GERÓNIMO

Texto de Carlos Pessoa

Clum, proprietário do Tombstone Epitaph, é raptado pelos homens de Gerónimo. Este pede-lhe para negociar a sua rendição junto do Exército e nega estar por detrás do ataque ao carregamento de prata. Blueberry, ainda convalescente, continua a relatar a Campbell a sua história: derrotado por Gerónimo num combate peculiar, é poupado por este, depois de uma visão o ter convencido a deixar viver o cara-pálida. Entretanto, os homens do capitão Noonan capturam alguns dos apaches, entre os quais o próprio Gerónimo. À noite, chegado ao Forte Mescalero, Blueberry luta com o sargento que matou os feridos e agride mesmo o capitão Noonan.

De forma muito resumida, é este o enredo de Gerónimo, o Apache (texto e desenho de Jean Giraud), oitavo álbum da colecção Blueberry, que será distribuído com o Público na próxima semana.

A tensão está em crescendo em Tornbstone e o duelo de OK Corral parece impossível de evitar. Tudo isto com a figura do líder índio a pairar sobre os acontecimentos, que envolvem o leitor como um turbilhão e expõem uma intriga de duplo sentido: a do tempo presente, envolvendo os representantes da ordem e os bandos dos irmãos McLaury e Clanton, e a do mistério pessoal que Blueberry dá a conhecer a pouco e pouco.

O que mais chama a atenção neste terceiro episódio do ciclo iniciado com o álbum Mister Blueberry é que continua a parecer que não se passa grande coisa em termos de acção, mas isso só aparentemente contraria o recorte clássico da intriga. O que de facto, constitui uma poderosa mais-valia da história é o tratamento que Giraud faz de todas as personagens e fios narrativos, subtilmente entrelaçados num todo coerente, mesmo se por vezes é um pouco difícil acompanhar o enredo. Mais ainda, nada se apresenta no lugar certo, pois os heróis há muito perderam a sua única valência positiva, as mulheres bonitas são cínicas, os índios deixaram de ser guerreiros belicosos e os bandidos fazem planos calculistas.

Para abreviar, toda a gente manipula (ou tenta manipular) toda a gente ...

O epicentro da história é Tombstone, cujos mistérios e segredos continuam a ser desvendados. Outra referência forte é o próprio Gerónimo, que está duplamente presente na narrativa: no presente da história (1881) e no passado de Blueberry (1867). O elo entre estes dois ramos da narrativa é o próprio Blueberry, que, sem sair da cama onde recupera dos ferimentos recebidos, acaba por desempenhar um papel determinante no desenvolvimento da história.

O talento de Giraud corno argumentista atinge em Gerónimo, o Apache novas alturas. Dominando em absoluto a trama narrativa, mantém os leitores em suspenso, sem os cansar nem poupar a todos os detalhes da história, enquanto as sequências de acção (apesar de tudo, elas existem) alternam, sem quebra de ritmo, com as cenas mais introspectivas. A tudo isso, o desenhador Giraud, em grande forma, responde com um grafismo fabuloso. Os desenhos são soberbos e alguns dos momentos justificam um olhar mais circunstanciado, tal é a profusão de detalhes: a título de exemplo, refira-se o ataque dos apaches, o interior de um saloon, o percurso debaixo de chuva persistente até Forte Mescalero, a cena de pancadaria ... Se adicionarmos a isso o excelente trabalho de cor realizado por Florence Breton, estão reunidos todos os requisitos que fazem deste álbum um ponto culminante na trajectória da série.

Por tudo o que ficou dito, o oitavo álbum da série é uma obra forte e poderosa, deixando antever novos e mais altos voos para os episódios desta saga western que ainda falta publicar.






 

A HISTÓRIA DE GERÓNIMO
O ÚLTIMO ÍNDIO 

Nativo americano, Gerónimo – cujo verdadeiro nome era Goyahkla ("aquele que boceja") – nasceu em Clifton, no actual território do Arizona, em 1829 e morreu a 17 de Fevereiro de 1909, em Fort Sill. Chefe da tribo índia de Chiricahua, do grupo étnico Apache, protagonizou o último episódio das Guerras Índias.

Após o assassinato da sua mulher, dos seus filhos e da sua mãe, pelos mexicanos, em 1858, Jerónimo tomou parte em ataques a colonos, mas terá acabado por assentar numa reserva.

Em 1876, o Governo norte-americano tentou deslocar esta tribo apache do seu solo tradicional, San Carlos no Novo México, o que instigou a sua participação em novos ataques contra os estabelecimentos dos colonos por um período de dez anos, durante os quais visitava regularmente a sua terra natal. Em 1886 foi capturado pelas forças norte-americanas, lideradas pelo general George Crook, e foi forçado a assinar um tratado pelo qual o seu povo seria reinstalado na Florida. Passados dois dias Jerónimo fugiu e deu continuidade à luta contra os colonos.

Os americanos organizaram uma busca para recapturar o fugitivo, comandada pelo general Nelson Miles, que foi eficaz, porque o prisioneiro em fuga foi preso no México em setembro do mesmo ano.

O seu povo foi instalado primeiro na Florida, depois no Alabama, e por fim em Fort Sill, Oklahoma, onde se vieram a tornar camponeses. O seu líder ter-se-a convertido ao cristianismo, e chegou a participar na tomada de posse do presidente Theodore Roosevelt, em 1905.

Poucos anos antes de morrer, Gerónimo ditou as suas memórias que foram publicadas em 1906, sob o título Geronimo’s Story of His Life.



 



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