sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

RECORTES DE IMPRENSA #107 – MORREU JACQUES MARTIN – Carlos Pessoa no Público e Eurico de Barros no Diário de Notícias (hoje)


Com 88 anos, morreu ontem o pai de Alix, Keos, Orion, Jhen, Lefranc, etc…
Aqui fica a notícia, em textos de Carlos Pessoa (Público) e Eurico de Barros (Diário de Notícias, publicados hoje mesmo, dia 22 de Janeiro de 2010.

Público, sexta-feira – 22 Janeiro 2010

JACQUES MARTIN, CRIADOR DE ALIX, MORREU ONTEM NA SUÍÇA

Carlos Pessoa

Primeiro Hergé, depois Jacobi e Morris. Com a morte deJacques Martin, ocorrida ontem numa clínica suíça, desapareceu o último grande nome da chamada Escola de Bruxelas.
"O meu pai morreu esta manhã [ontem] enquanto dormia", disse à AFP Frédérique Martin, filha do criador de Alix, Lefranc e Arno. Tinha 88 anos. O seu editor francês (Casterman) divulgou um comunicado em que falava do desaparecimento do -"último gigante da banda desenhada belga". Mas acrescentava: "Os seus heróis nunca morrem."

Nascido em Estrasburgo (França) em 1921, Jacques Martin estudou na Bélgica, onde iniciou a sua carreira profissional em 1946 na revista Bravo. Quando nasce a revista Tintin (edição belga), dois anos mais tarde, Martin candidata-se. É ali que surgirá Alix, uma banda desenhada que tem como protagonista um jovem gaulês adoptado por um patrício romano. Martin é alguns anos mais novo do que Hergé e Jacobs, mas fará parte dessa geração de ouro formada pelos mestres da chamada linha clara, à qual se associa um inconfundível estilo gráfico realista.

Alix, por seu lado, é o representante maior de uma linhagem – depois prosseguida em Jhen, Arno, Orion, Kéos e Loïs, outros héróis concebidos nas décadas seguintes – caracterizada por uma abordagem das temáticas históricas subordinada a uma grande preocupação de rigor documental.

Fora desta lógica fica apenas Lefranc, um herói jornalista criado em 1952, num registo realista e contemporâneo, por vezes tintado por uma vertente fantástica.
No final dos anos 1980, Jacques Martin foi afectado por problemas oculares graves que o obrigaram a apelar a uma equipa de colaboradores para desenhar as bandas desenhadas que continuaria a escrever - é o caso, entre outros, de Bob de Moor; Gilles Chaillet e Jean Pleyers.

"As suas obras, de estrutura clássica, figuram entre as maiores do género e estão na origem de numerosas vocações",escreveu Patrick Gaumer no Larousse de la BD.
O conjunto das obras de Martin, traduzidas em mais de dez línguas, entre as quais o português, vendeu mais de 15 milhões de álbuns. Só a série Alix, que o PÚBLICO•vai reeditar dentro de semanas, vendeu mais de. sete milhões de álbuns.

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Diário de Notícias, sexta-feira – 22 Janeiro 2010

Banda desenhada

MORREU JACQUES MARTIN, 'PAI' DE ALIX

Por Eurico de Barros

Autor era um dos últimos grandes nomes da escola clássica franco-belga.

Era um dos maiores representantes da "escola de Bruxelas" da banda desenhada franco-belga, o último sobrevivente dos Estúdios Hergé, um dos mais antigos desenhadores da revista Tintim e o expoente da BD histórica, que praticamente criou, graças à personagem de Alix (Roma antiga), a mais famosa de sua autoria. Mas também de Jhen (Idade Média), Kéos (Egipto dos faraós), Orion (Grécia clássica), Arno (época napoleónica) e Loïs (reinado de Luís XIV). Jacques Martin morreu ontem aos 88 anos, na Suíça, deixando uma obra sem igual, no rigor gráfico, na minúcia documental e no retrato detalhado das várias eras históricas que abrange e retrata.

Num comunicado, a Casterman, sua editora, lê-se: "Desapareceu o último gigante da banda desenhada." No Larousse de la BD, escreve-se: "As suas obras, de factura clássica, estão entre as melhores do género e estão na origem de numerosas vocações."

Os seu álbuns venderam, no conjunto, mais de 20 milhões de exemplares em todo o mundo, sendo que os de Alix (editado em Portugal pela Asa) atingiram vendas de mais de oito milhões.

Juntamente com Tintim, Blake & Mortimer, Astérix, Lucky Luke ou os Schtrumpfes, Alix é uma das personagens da banda desenhada franco-belga de verdadeira dimensão mundial.
Apenas Lefranc, a única das suas personagens que vive aventuras no mundo contemporâneo, saiu da norma das temáticas históricas. Numa entrevista dada ao DN em 2002, quando veio ao Festival de Banda Desenhada da Amadora, que lhe dedicou uma exposição, dando grande destaque a Alix, Jacques Martin contou que Lefranc foi concebido como herói de um só álbum, A Grande Ameaça (1954). Mas o sucesso deste foi tal que se transformou numa série que dura até hoje.

Nascido em Estrasburgo (França), em 1921, Jacques Martin fez os seus estudos de engenharia na Bélgica. Apaixonado por arte clássica, por história da Antiguidade e por banda desenhada, começou a desenhar e a publicar com o pseudónimo de Marleb, alternando séries cómicas e realistas.

Em 1948, entrou para a lendária revista Tintim, onde começou a publicar as aventuras de Alix, um jovem escravo gaulês adoptado pelos romanos e protegido de Júlio César, cuja primeira aventura foi Alix O Intrépido, e conheceu um sucesso imediato. Alix tem como fiel companheiro outro adolescente, o egípcio Enak.

No Tintim, Martin encarregou- -se também de desenhar rubricas sobre automóveis e aviões, travando conhecimento com autores como E.P. Jacobs, Bob de Moor, Jean Graton ou Albert Weinberg.

Em 1952 criou Lefranc e um ano mais tarde entrou nos Estúdios Hergé, onde colaboraria com o criador de Tintim durante quase 20 anos, saindo após a publicação de Voo 714 para Sydney. A série pedagógica As Viagens de Alix, que criou nos anos 90, tem uma intenção pedagógica, reconstituindo cidades ou civilizações do mundo antigo.

A esta vieram ainda juntar-se Le Costume Antique e La Marine Antique, todas elas executadas com a colaboração de uma equipa de desenhadores e argumentistas, já que devido a uma doença que lhe atingiu a vista Jacques Martin teve de abdicar do desenho em 1992, continuando, no entanto, a assegurar histórias e diálogos, e a supervisão das suas várias criações.

Na citada entrevista ao DN, Martin frisou: "A perfeição na arte nunca é demais." A frase serve como uma luva à sua obra, na excelência da recriação histórica como no classicismo do desenho.

Imagens da responsabilidade do Kuentro:



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