domingo, 31 de julho de 2011

JOBAT NO LOULETANO – 9ª ARTE - MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (I)



O Kuentro inicia hoje a primeira de uma série de rúbricas dedicadas à memória da banda desenhada portuguesa, que terão indicadores distintos. Começamos com páginas publicadas por Jobat (José Batista) no jornal Louletano, para já, a partir da página de 30 de Março de 2004 onde este autor iniciou uma série de textos, intitulados Nostalgia, onde recorda e fixa (para memória futura, como diriamos actualmente), autores que conheceu e factos relevantes da BD portuguesa.

Mas primeiro vamos apresentar Jobat, para os que o não conhecem, com uma biografia extraida do site do Salão Internacional Moura BD, de 2005, baseada na que foi publicada no "Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal", de Leonardo De Sá e A. Dias de Deus (NonArte, 1999), com actualizações de Carlos Rico e de nós próprios. Seguem-se algumas fotos de Jobat e imagens de obras do autor.

A seguir à página do Louletano propriamente dita e do texto da mesma, publicaremos, sempre que possível, algumas fotos e imagens relacionadas com o texto de Jobat.
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QUEM É JOBAT

João José André Batista (JOBAT) nasceu em Loulé, a 18 de Dezembro de 1935, e frequentou o curso de Desenhador-Litógrafo na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, a cargo dos mestres Mendes e Rodrigues Alves.

Com 18 anos, entrou para a Agência Portuguesa de Revistas (APR), como paginador e retocador de revistas de quadradinhos, desenhando durante duas décadas grande quantidade de “bonecos” para as várias publicações da editora.

Fez poucas histórias aos quadradinhos, começando com uma adaptação de “Ulisses”, para a Colecção Condor, em 1956. Na colecção Audácia realizou “A Conquista de Santarém” e para o Mundo de Aventuras (2ª série) nºs. 437 e 452 produziu “O Voto de Afonso Domingues” e “Luís Vilar”, em 1958, assim como outro episódio desta última série detectivesca ainda nesse ano no Condor Popular.

Durante a década seguinte dedicar-se-ia à ilustração de capas e de livros, à legendagem e à remontagem de material estrangeiro para publicação nas revistas da APR. Executou diversas colecções de cromos, nomeadamente uma adaptação de A Morgadinha dos Canaviais.

Trabalhando sempre para a APR, começou a colaborar com Roussado Pinto desde o início do Jornal do Cuto, em 1971, ilustrando poemas de Raul Correia. No nº 49 dessa revista publicou a curta história “Trinca-Fortes”, assinando “Jobat”, experiência que o encorajou a realizar uma maior adaptação de “A Vida Apaixonada e Apaixonante de Camões”, com argumento de Michel Gérac, em quarenta pranchas publicadas no Diário Popular, entre Setembro e Novembro de 1972, e posteriormente em álbum em língua francesa(!), publicado pela SEIT. Nesse ano, contactou a IPC Magazines (Fleetway), desenhando para a editora britânica vários comics com temas inspirados na Segunda Guerra Mundial, inéditos em Portugal.

Em 1973, passou a chefiar a redacção do Jornal do Cuto, coordenando também outras edições da Portugal Press, até à primeira suspensão da revista, em Abril de 1974.

Em Abril e Maio de 1975 realizou no jornal Diário Popular a série “25 de Abril: Requiem para uma Ditadura”, que ficaria inacabada apesar de tentativas para a completar para o semanário Uniluta.

Em 1976, regressou a Loulé, dedicando-se agora à cerâmica decorativa e outras actividades ligadas às artes gráficas, à decoração para os desfiles de Carnaval, ao ensino de Educação Visual nas escolas, sendo responsável gráfico pela revista anual Al’Ulyã e pela Agenda Cultural daquele município.

Actualmente e desde Junho de 2003 coordena a rubrica de banda desenhada “9ª. Arte”, n’O Louletano (onde começou por publicar bandas desenhadas suas, em pranchas semanais – Camões e Ulisses).

Foi homenageado pelo conjunto da sua obra no Moura BD 2005, tendo-lhe sido outorgado o Troféu "Balanito de Honra".

Jobat na Agência Portuguesa de Revistas, foto de 30 de Novembro de 1963

Em 1968-69 ilustrou um conjunto de clássicos publicados na Coleção Miniatura. Mais tarde coloriu essas ilustrações para adaptação a cromos, tendo sido publicadas nesta forma Oliver Twist, Os Fidalgos da Casa Mourisca e O Coronel Chaber – as capas dessas colecções de cromos aqui apresentadas são da autoria de Carlos Alberto.



Desenho de Jobat publicado no Fanzine “A Conquista do Oeste” – Maio/Novembro 2001 – Página 100 (e última) – Desenho Inédito de Jobat (José Batista), sacado do Tex Willer blogue, post de 16 de janeiro de 2010 

Fotos obtidas durante o Salão Moura BD de 2005:

Jobat é o senhor à direita, nesta foto.

Em conversa com Geraldes Lino

Jobat improvisa num caderno de autógrafos.


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9ª ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (I)




NOSTALGIA (1)
E.T.COELHO EU E "O MOSQUITO" - 1

por José Batista

Desde que conscientemente me conheço que as formas, as cores e os sons me atraem e fascinam! Certamente não será por acaso, tal como a órbita dos planetas também o não é.

Embora na década de quarenta há muito existissem publicações de banda desenhada – B.D. – era para mim difícil o contacto com elas, mormente num meio pacato e simples, como era a Campina de Cima, local onde nasci. O jornal «O Senhor Doutor» já se publicava há vários ano, mas era dispendioso para o comum dos bolsos de então: custava 15 tostões – um escudo e cinquenta centavos – praticamente o preço de meio quilo de pão, produto de aquisição prioritária, nesse tempo. Tinha formato grande – talvez um A-3 de hoje – e era impresso a 4 cores, o que de facto o encarecia, tornando-o inacessível para a maioria dos possíveis leitores. Só em Lisboa, em 46, tomei conhecimento da sua existência. Já antes se editara o «ABC zinho», de Cottineli Telmo, «O Tic Tac» e «O Faísca» e, porventura, mais alguns títulos que agora me escapam. 

Também se publicava, ás quintas-feiras, o «Pim Pam Pum» incluído, descartável, nas páginas interiores do «Século». Porém, o jornal infantil que mais fortemente me marcou – e a quantos da minha geração? – foi o velhinho «O Mosquito», de saudosa e inesquecível memória! Foi tal a sua influência, nesse género de publicações que, fosse qual fosse o seu título, eram todas apelidadas de mosquitos!

O seu formato, nessa altura, era pequeno, A-5, tinha 12 páginas e, por vezes, impresso a duas cores, além do preto. Custava somente 5 tostões e inseria no seu interior uma construção de armar e um suplemento – «A Formiga» – gracioso e preciosamente ilustrado com histórias da «Anita pequenita», de Jesus Blasco. Tinha apenas 4 páginas e metade do tamanho do jornal. Era enorme o seu êxito junto da petizada! Durante bastantes anos a tiragem foi de 30 mil exemplares por número, não esquecendo que se publicava às quartas e sábados, logo duas vezes por semana!

Cinco tostões, mais caro que um papo-seco - 40 centavos - era um preço acessível. Mas quem era o miúdo que, nessa época, podia dispor de um escudo por semana para os adquirir? Eu certamente que não! Além de que, nesse tempo, a leitura de histórias aos quadradinhos – como então se chamavam os jornais infantis de B.D. – era condenada por professores e educadores, com a desculpa de que afastava os alunos da leitura dos livros, especificamente os escolares. Tal não era correcto! Antes pelo contrário! Conheci miúdos que, atraídos pelos desenhos, se esforçavam por aprender a ler só para acompanharem, através do texto, as peripécias dos seus heróis preferidos! Infelizmente poucos eram os pais que sabendo da atracção dos filhos por esse género de publicações, as adquiriam, ignorando – é o termo exacto – o valor lúdico, pedagógico e didáctico de tais revistas, tal como agora é aceite e reconhecido.

Talvez este meu apego a «O Mosquito» se deva, também ao facto do seu primeiro número ter visto a luz do dia a 14 de Janeiro de 1936 – menos de um mês depois de eu ter nascido – e de, pela vida fora, – longe da mão, mas perto do coração – sempre me ter acompanhado. Foi publicação de vida longa, mas atribulada no fim dos seus dias: o seu derradeiro número, 1412, saiu em 24 de Abril dc 1953, não como último, mas prometendo regressar depois de remodelado, o que nunca aconteceu. Ainda se fizeram, anos depois, várias tentativas – 5, pelo menos – de relançamento, mas todas infelizmente efémeras: o vôo de «O Mosquito» tinha chegado ao fim.

Por volta de 43/44 vi-o muitas vezes pendurado à porta da papelaria do sr. Vital, paredes meias com a mercearia – mesmo em frente da Escola Conde de Ferreira – mas não me atrevia sequer a tocar-lhe.

O primeiro número de "O Mosquito" que me passou pelas mãos foi-me emprestado.

Folheio-o religiosamente, bebendo, embevecido e fascinado os desenhos e a cor. Até hoje se mantêm, no meu arquivo de odores, o cheiro da tinta fresca, assim como a aspereza do papel de jornal onde era impresso!

Curioso, como as figuras, nesse tempo, me pareciam – apesar de impressas somente a duas cores, preto e outra – de uma policromia de arco iris! Quase juraria que os bonecos tinham movimento!

Esse exemplar ostentava na capa um belíssimo desenho de Eduardo Teixeira Coelho, que assinava Etc. numa história de ficção – em texto, no interior – intitulada: «E Tobias contou a aventura». As páginas centrais eram ocupadas por uma série magnífica de movimento e beleza, ilustrada por Emílio Freixas, um dos maiores de-senhadores espanhóis no género e, na última página, a 12, uma aventura de cowboys plena de acção da autoria de Vitor Péon.

Nas interiores publicava o Serafim e Malacueco, com primoroso texto de Raul Correia, director do jornal, e não inferiores ilustrações de origem inglesa.

(continua...)

Eduardo Teixeira Coelho, com o Presidente da Câmara Municipal da Amadora, em 1998, durante a inauguração da exposição de originais seus na Galeria Municipal Artur Bual. Exposição comissariada por Leonardo De Sá e A. Dias de Deus, integrada no IX Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.

 ABCzinho nº 66, 2ª série, de 11/04/1927 (com desenhos de Carlos Botelho, já agora) e O Senhor Doutor, nº 121, de 6/07/1953, tirados de A Banda Desenhada Portuguesa - 1914 - 1945, de João Paiva Boléo e Carlos Bandeiras Pinheiro, 1997, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian.


Tic-Tac nº 248, de 29/08/1937, tirado de A Banda Desenhada Portuguesa - 1914 - 1945, de João Paiva Boléo e Carlos Bandeiras Pinheiro, 1997, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian.

 Pim Pam Pum, de O Século, nº5, de 5/01/1926 e a "Construção de Armar" do Pim Pam Pum nº 149, de 17/10/1928, tirados de Tiotónio - Uma Vida aos Quadradinhos, de Leonardo De Sá, Cadernos NonArte do CNBDI, 2008, Ed. Bonecos Rebeldes.


Serafim e Malacueco
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

BDpress #279: FILME "DYLAN DOG, O GUARDIÃO DA NOITE", ESTREIA HOJE



DYLAN DOG DEAD OF NIGTH
NOS CINEMAS A 28 DE JULHO

por Jorge Pereira

Em www.c7nema.net, Quinta, 28 Julho 2011

Apesar de ser inspirado na banda-desenhada homónima, «Dylan Dog: O Guardião da Noite» tem um problema sério no que toca à sua construção. O trabalho original era muito mais surreal e imaginativo que esta obra, que mais parece indecisa entre o ser levada a sério e o ser tonta «para fazer rir».

Dylan Dog é o único investigador privado de mortos-vivos do mundo, isto depois de um acordo com as diversas partes que lhe deram quase o estatuto de árbitro de eternos conflitos.

Depois de ter deixado o mundo sobrenatural para trás, após a morte da sua mulher, Dylan é obrigado a voltar à acção para resolver um misterioso assassinato. Será com a ajuda de Marcus, o seu assistente zombie, que ele mais uma vez se vê no meio de uma batalha entre clãs de vampiros, lobisomens e zombies, pela posse de um objecto raro que permite controlar tanto o mundo mortal como o mundo sobrenatural.

Há termos que não gosto de usar no quotidiano, mas que no caso de Brandon Routh, o actor por trás de Dylan Dog, se aplicam na perfeição. Routh é um canastrão e mais uma vez demonstra as suas limitações como actor, não conseguindo dar força, graça, drama ou charme à sua personagem.

Depois há ainda que ter em conta a fraqueza do enredo e mesmo dos valores da produção. Muitas vezes o filme parece ter saído da TV por cabo, tal o tom simplório com que trata, quer as cenas de acção, como as de terror e até as de amor. Em muitos aspectos fez-me lembrar «Skyline», outra obra errante que não conseguia segurar nenhuma das pontas da sua história.

Assim, «Dylan Dog» acaba por ser um filme medíocre, quer na história, quer no elenco, quer na realização, e uma das piores adaptações da BD de sempre, provando que às vezes é melhor estar quieto nas invenções que se fazem em relação ao material original e que se não temos um grande orçamento, então temos de ser criativos e não tentar fazer cenas que exigiam outros meios

A evitar.
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Brandon Routh

 Anita Briem

 Brandon Routh e Sam Huntington


Clicar em cima da imagem para ver o trailer do filme
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Dylan Dog é uma personagem criada por Tiziano Sclavi e Angelo Stano em 1986 para a Sergio Bonelli Editore e com edições lançadas no Brasil por diversas editoras.

Dylan Dog, conhecido como o Detetive do Pesadelo, é um investigador e tem um inseparável parceiro chamado Groucho, que está sempre pronto a fazer piadinhas sobre qualquer tema, assunto ou acontecimento.

A revista Dylan Dog é um dos maiores fenômenos editoriais dos fumetti. Desde o lançamento, em outubro de 1986 na Itália, as vendas nunca pararam de subir e a tiragem atual chega à casa de um milhão de exemplares por mês, entre edição normal, reedição e terceira edição.

Apesar do sucesso na Itália e em vários outros países, a série sempre sofreu cancelamentos no Brasil devido aos altos preços cobrados por material impresso de má qualidade, dentre outros fatores como má divulgação.

Entretanto, a esperança dos fãs volta a se acender com o filme que está a caminho. Nos Estados Unidos a Dark Horse ja entrou no embalo e republicou as edições que ela tinha lançado em 1999 (as mesmas que a Editora Conrad publicou no Brasil) em uma edição especial encadernada com 680 páginas, com o nome de "Dylan Dog Case Files".

Texto da Wikipedia adaptado pelo editor do Kuentro.


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domingo, 24 de julho de 2011

BDpress #278: O WESTERN NA BANDA DESENHADA PORTUGUESA – Pedro Cleto no Jornal de Notícias

Desenho de Vitor Péon (1923-1991)

Jornal de Notícias, 17 de Julho de 2011

O WESTERN NA BD PORTUGUESA
PRIMEIRA HISTÓRIA REALISTA DE COWBOYS ESTREOU-SE HÁ 70 ANOS 
NO PIM-PAM-PUM

F. Cleto e Pina

Há 70 anos, era publicado no Pim-Pam-Pum, “O cavaleiro Misterioso”, que alguns consideram o primeiro autêntico western português, pelo tom realista da sua narrativa, apesar do traço ainda semi-caricatural do seu autor, Fernando Bento.

Não que antes, não tivesse havido outras incursões neste género, mas eram todas de carácter humorístico. Entre elas, João Paiva Boléo, estudioso da BD portuguesa, destaca “A grande fita americana” (ABC, 1920, de Cottinelli Telmo), “As estupendas façanhas do Cow-boy façanhudo” (ABC-zinho, 1926, de António Cristino) ou “Aventuras de Tom Migas e do seu cavalo Caralinda” (Senhor Doutor, 1934, de Oskar Pinto Lobo). A estes, Jorge Magalhães, possivelmente o maior especialista do género em Portugal, autor de “O Western na BD portuguesa” e “Vítor Péon e o Western” (edição da C.M. Moura, no âmbito do Salão de BD local), dois estudos profusamente ilustrados, acrescenta “Aventuras do Cow-Boy Jim Boy” (ABC-zinho, 1927, de Carlos Botelho) e, já mais tarde, “Arrepiado e Freitas cow-boys” (Papagaio, 1942), uma das muitas incursões na BD do mestre Júlio Resende.

O género teve grande importância entre nós nas décadas de 40 e 50 – acompanhando a relevância que também teve no cinema – para depois, aos poucos ir perdendo popularidade. Não surpreende por isso que os grandes títulos do jornalismo infanto-juvenil português – Papagaio, Mosquito, Diabrete, Camarada, Cavaleiro Andante, Mundo de Aventuras – e os grandes autores da época tenham dado (pelo menos) uma voltinha… a cavalo!

Por isso, dessa época, ficaram títulos que fizeram sonhar gerações de leitores: “Falsa Acusação”, “O Juramento de Dick Storm”, “Três balas”, “A vingança do jaguar” (todos de Vítor Péon), “O rei da Campina” (António Barata), “Falcão Negro, o filho de Jim West”, “Lobo Cinzento”, “O Grande Rifle Branco” (de E.T. Coelho), “O Vale da Morte” (Jayme Cortez), “O segredo das águas do rio” (José Garcês) ou “Os Cavaleiros do Vale Negro” (José Ruy).

Dos autores citados, dois – Coelho e Péon - destacaram-se pela qualidade e quantidade da sua produção, sendo também responsáveis pelos dois maiores heróis regulares que os westerns portugueses nos legaram: Coelho, com Falcão Negro, protagonista de quatro aventuras, publicado também em Espanha e no Brasil, e Tomahawk Tom, que viveu treze histórias, depois de saltar (literalmente) da prancha de Péon, em 1950, no Mundo de Aventuras. Com um visual marcante assente no poncho franjado, faca à cintura e mocassins índios nos pés, teve versão francesa com o nome invertido (Tom Tomahawk) e uma tentativa frustrada de venda ao King Features Syndicate, distribuidor das principais bandas desenhadas norte-americanas. Péon, depois de longo período emigrado em França e Inglaterra, após o 25 de Abril regressou a Portugal, tendo auto-editado um álbum – “O regresso de Tomahawk Tom” – e 3 números do “Vítor Péon Magazine”. Nessa mesma década de 70, o seu herói seria recuperado pelo Jornal do Cuto e o Mundo de Aventuras, sendo justamente consagrado em 2004 numa emissão filatélica dos CTT, dedicada aos “Heróis Portugueses da BD”.

Entretanto, os anos 70 e 80 assistiram ao recrudescer do género, destacando-se Augusto Trigo, com “A sombra do gavião” e “Wakantanka”, centrado na vida e crenças dos índios, e José Pires, com “Homens do Oeste”, “Will Shanon” ou “Irigo”, este último com sete aventuras publicadas no Tintin belga e holandês, inéditas em português.

Agora, tantos anos depois, se muitos cowboys “portugueses” ficaram por relembrar, a quem com eles viveu grandes aventuras em pradarias ensolaradas, desertos tórridos ou canyons profundos, defendendo belas mulheres, perseguindo bandidos ou fugindo dos índios, aconselha-se a (re)leitura dos quadradinhos que há décadas os fizeram sonhar, se bem que a maior parte deles não seja fácil de encontrar…

Caixa
WESTERNS EM PORTUGAL

Nesta evocação do western, duas obras aos quadradinhos merecem uma referência à parte, uma vez que a sua acção se situa em Portugal.

A primeira é “A lei do trabuco e do punhal - Mataram-no duas vezes”, de Luís Avelar e Pedro Massano, primeiro (e único) tomo de uma biografia (incompleta) do Zé do Telhado, que Paiva Boléo considera “um western bem português”.

O segundo, publicado originalmente na revista Selecções BD, é “O Fim da Linha”, “uma homenagem a O Comboio Apitou Três Vezes, de Fred Zinneman”, revela João Amaral, o seu autor, que acrescenta “que a acção se passa numa aldeia portuguesa, no último dia do ano 2000, mas em tudo é um western, apesar da época ser a actual”.

 
 
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Ver também no blogue As Leituras do Pedro: O Western na BD portuguesa (1) - O Western na BD portuguesa (2) e O Western na BD portuguesa (3), Depoimentos
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Já agora, ver também este post no blogue Tex Willer, de José Carlos Francisco, já tem uns anitos, mas não perde pelo interesse:

Fanzine “A Conquista do Oeste” – Maio/Novembro 2001 – Páginas 3 a 8  
janeiro 2, 2008


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Imagens da responsabilidade do Kuentro
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sexta-feira, 22 de julho de 2011

BDpress #277: SNOOPY PARADE LISBOA – ESTÁTUAS COLORIDAS DO SNOOPY NA RENOVADA AVENIDA DUQUE DE ÁVILA


É de aproveitar já neste fim-de-semana: ir com os putos à Duque de Ávila espreitar a Snoopy Parade Lisboa, onde estão 20 estátuas do popular cão dos Peanuts.

Foto de Rita Baleia (Público)

Público online, 22 Junho 2011

ESTÁTUAS COLORIDAS DO SNOOPY FAZEM PARAR O TRÂNSITO NA AVENIDA DUQUE D'ÁVILA

Por Inês Boaventura

Em 2006, o centro de Lisboa foi invadido por uma manada de 101 animais em tamanho real, feitos de fibra de vidro. Depois da Cow Parade, chegou na semana passada à capital uma outra exposição de arte urbana que está a fazer parar o trânsito (pelo menos o pedonal) na Avenida Duque d"Ávila. Trata-se da Snoopy Parade, uma iniciativa inserida nas comemorações dos 60 anos do conhecido personagem de banda desenhada.
Naquela avenida, recentemente requalificada para dar mais espaço a quem anda a pé ou de bicicleta, estão em exposição 20 estátuas do Snoopy, com 2,6 metros de altura.

Cada estátua foi pintada por um artista plástico, um pintor ou uma figura pública "de inspirado talento", como descreve a organização.

O popular cão surge sempre de braços abertos, mas com diferentes pinturas corporais e, nalguns casos, com adereços.

Até 15 de Agosto podem ser vistas as obras de Herman José, Nuno Markl, Ana Galvão, Anna Westerlund, Marta de Castro, Evelina Oliveira, Graça e Gracinha Viterbo, entre outros. Depois disso, só não leva para casa um Snoopy quem não quiser, já que as estátuas vão ser leiloadas, revertendo as verbas para a UNICEF.

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Visão online, 22 Junho 2011

SNOOPY PARADE LISBOA

A Snoopy Parade Lisboa é uma exposição de arte urbana que convida o público a ver exemplares gigantes do cão mais famoso do mundo.

O IADE - Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing é uma das instituições presentes na "Snoopy Parade Lisboa", que arrancou no passado dia 15 de Julho, em Lisboa, e termina a 15 de Agosto.

A "Snoopy Parade Lisboa" - terá como palco a avenida Duque D'Ávila - é uma instalação de arte urbana que convida o público a contemplar exemplares XXL do consagrado personagem de banda desenhada, Snoopy.

São no total 20 estátuas com 2,6 metros de altura e criadas por vários artistas plásticos, pintores e outros autores.

Ricardo Santos, Hugo Ferreira, Carlos Coelho, Joana Barbino e João Completo são os alunos do IADE responsáveis pela criação de um Snoopy - Guerreiro Africano.

Inserida nas comemorações dos 60 anos do Snoopy, a iniciativa pretende recolher fundos para o projecto da UNICEF "Escolas para África".

Fotos de Clarisse Magalhães (Visão):












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