Andrea Bruno estará presente no primeiro fim-de-semana, e terá uma exposição de originais absolutamente impressionantes não fosse ele um dos autores mais interessantes de Itália e com quem já tivemos a honra de trabalhar em projectos como a antologia pan-europeia Greetings from Cartoonia (a respectiva exposição esteve patente no ano passado em Beja) e no Boring Europa.
A MMMNNNNRRRG irá lançar o livro MUNDOS EM SEGUNDA MÃO do sérvio Aleksandar Zograf, que também estará presente e com exposição. Este autor também tem passado pelas nossas edições: Crack On, Talento Local e Boring Europa. O livro é uma colectênea de crónicas do autor que publica desde 2003 no semanário Vreme, revista informativa independente que resistiu a embargos económicos, bombardeamentos da NATO e ao regime de Milosevic.
Já está disponível para descarga gratuita AQUI a banda sonora da nova antologia da Chili Com Carne, FUTURO PRIMITIVO (no prelo), que também servirá de banda sonora para a exposição a rolar pelo planeta - a começar já pelo Festival de BD de Beja no final do mês, seguindo depois para Roma (Festival Crack), Helsínquia (Festival de BD), Mälmo, e talvez EUA e Brasil. O disco pode ser descarregado no blogue oficial da net-label You Are Not Stealing Records, parceira desta aventura sonora neo-apocalíptica. Participam neste disco: Ondina Pires, Chiby Shit Plan, Cospe, Pedro Sousa, Stealing Orchestra & Kao Ryao, Assinante 35278/TW, J. Ortega, JMP, John P-Cabasa, Somália, André Ruivo, Pepedelrey, Rita Braga, Te Voy A Matar, TendaGruta, zZZOUNDZZz, Marte & Stealing Orchestra.
Foram pedidos ficheiros áudio aos artistas da Chili Com Carne (músicos e não-músicos) para contribuírem para esta banda sonora sob o tema do “futuro primitivo” - logo, um projecto com toda a carga distópica e apocalíptica que um tema destes imediatamente sugere. Assim, aparecem autores que já conhecidos pelas suas credenciais musicais como Ondina Pires (ex-Pop Dell Arte, ex-The Great Lesbian Show) ou os Stealing Orchestra - que ainda este ano lançaram um excelente terceiro álbum, Deliverance, e que acolheram este projecto como compilador e editor do disco. Alguns trabalham em franjas das “novas músicas” como Pedro Sousa (saxofonista de Improv, membro de Oto ou mais recentemente dos Pão) ou Somália (Noise Rock), de electrónicas várias como John P-Cabasa (em estreia) e de Te Voy a Matar (de Silas, FlorCaveira, Pontos Negros), de lo-fi naturalista como Rita Braga ou de ambientes negros devedores ao Industrial como os misteriosos TendaGruta (recentemente estreados na colectânea Aural Bowels). No meio, encontram alguns autores de bd / ilustradores a estrearem-se no mundo sonoro como Pepedelrey, J.Ortega, JMP ou Marte (em registo spoken-word e com a ajuda musical dos Stealing) enquanto para outros é um regresso público como é o caso de André Ruivo (dos saudosos Rollana Beat). Por mais eclética que fossem as personalidades dos participantes, é curioso reparar uma enorme coerência sonora neste disco. Talvez porque imaginamos todos o “fim do mundo” como algo tragicamente uniforme, sem a espectacularidade 3D + CGI, mal misturado com um filmetrash dos anos 80. Como a Chili Com Carne sempre combateu a Nostalgia, temos muito orgulho neste opus. Podem rebentar os geradores nucleares. Estamos prontos!
FUTURO PRIMITIVO
Uma antologia de BANDA DESENHADA de artistas da Associação CHILI COM CARNE
a saber: Lucas Almeida, Ana Ribeiro, Manuel Pereira, João Ortega, Inês Cóias, Daniel Seabra Lopes, Marco Moreira, João Chambel, Ana Menezes, André Coelho, João Maio
Pinto, Andreia Rechena, Bruno Borges, Rafael Gouveia, David Campos, Sílvia Rodrigues, Pepedelrey, José Feitor, Natália Andrade com Christina Casnellie, Uganda Lebre, André Lemos, Bráulio Amado, Gonçalo Duarte, Jucifer, Ana Menezes, Afonso Ferreira, Marcos Farrajota, Rudolfo, Ricardo Martins e Pedro Brito, e ainda participações CADÁVERES-ESQUISITOS com Mattias Elftorp + Sofia Lindh (SUÉCIA), Cláudia Guerreiro, Filipe Quaresma, Nevada Hill (EUA), Pedro Zamith, Margarida Borges, Jarno Latva-Nikkola
(FINLÂNDIA), Silas, André Ruivo, Rita Braga, Susa Monteiro (BEJA!) e Valério Bindi + MP5 (ITÁLIA)... misturados por unDJ MMMNNNRRRG.
Lançamento e Exposição dos originais no Festival de BD de Beja (28 Maio a 12 de Junho)
160 Págs. – 16,5 x 23 cm p/b, capa a cores – Capa & Design: Margarida Borges – Retratos mutantes dos autores: João Paulo Nóbrega – apoios da Bedeteca de Beja, Instituto Português de Juventude, Sociedade Finlandesa de BD, Sociedade Sueca de BD, Wormgod e You Are Not Stealing Records.
PVP: 10€ (50% desconto para sócios da CCC, jornalistas e lojas)
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MUNDOS EM SEGUNDA MÃO
de Aleksandar Zograf
bds-crónicas publicadas na revista Vreme, na Sérvia, e depois um pouco por todo o lado.
Em português.
68p. 17,6x22,5cm a cores ... ISBN : 978-989-97304-0-3
versão e-book disponível em breve ... ISBN e-book: 978-989-97304-2-7
Traduções por Dejan Stankovic e Sara Figueiredo Costa, legendagem DTP por Marcos Farrajota e design por Joana Pires.
PVP previsto: 12€ (50% desconto para sócios CCC, imprensa e lojas)
Lançamento no VII Festival de BD de Beja com a presença do autor.
Aleksandar Zograf (1963, Pancevo) é um autor sérvio de banda desenhada que não deveria ser um nome estranho ao público português porque já cá esteve presente três vezes – uma, no Salão Lisboa 2003 e as outras no Festival de BD da Amadora. Dessas visitas, pelo menos duas incluíam uma exposição de originais seus e para além disso já foi publicado nas revistas Satélite Internacional, Quadrado, Underworld / Entulho Informativo, mais recentemente em antologias da Chili Com Carne: Crack On (2009), Talento Local(colectânea de bd's autobiográficas de Marcos Farrajota, em 2010) e Boring Europa(2011).
Nos últimos anos, têm havido um esforço ou interesse de completar a obra do autor. Nos EUA, foi publicado o volume Regards from Serbia (Top Shelf; 2007) que resume toda a "segunda" fase da carreira de Zograf e que (infelizmente) cruza-se com a auto-estrada monstruosa da História, mais especificamente com o desmembramento da Jugoslávia e dos conflitos dos Balcãs dos anos 90. Esta é a melhor e mais completa edição da vida em guerra do autor, incluído relatos em bd dos primeiros conflitos na ex-Jugoslávia até à queda do regime de Milosevic. Zograf e a sua mulher Gordana Basta vivem em Pancevo, alvo militar dos bombardeamentos da NATO em 1999 por ser uma cidade industrial e suburbana de Belgrado. O livro inclui bds desses períodos bem como ainda e-mails escritos, que Zograf enviava para a sua vasta lista de contactos da comunidade artística internacional atravessando as “linhas inimigas”. Essas bds, bem como os textos dos e-mails, foram editadas em várias antologias ou livros monográficos longe do controlo de ambas partes do conflito - creio até que será das primeiras guerras em que se perdeu o controlo de informação devido ao advento da Internet.
Zograf criou um documento único sobre (um)a Guerra, para além de ter mantido alguma sanidade mental graças ao apoio moral que recebia dos seus amigos e conhecidos estrangeiros. Estes contactos apareceram na "primeira" fase da sua carreira, em que se especializou em fazer bds e desenhos em estado hipnagógico - estado transitório entre o sono e o acordado. O trabalho desta fase é reconhecido pela lógica gráfica de "cartoons" desengonçados e grotescos provavelmente influenciada pelo seu trabalho num estúdio de animação. Publicou em fanzines editados por si (os primeiros na Jugoslávia?) e eles serviram para fazer intercâmbio internacional - afinal de contas não são os zines uma Internet avant la lettre?
A dada altura passou a ser mais publicado fora da Jugoslávia que no seu próprio país de origem, tendo uma projecção global graças aos livros ou aos "comic-books" editados pela Fantagraphics Books nos anos 90. Desde 2003 que Zograf passou a escrever e desenhar duas páginas de bd a cores para o semanário Vreme - uma revista de informação independente que sobreviveu os embargos económicos, as guerras e Milosevic - como o Zograf afirma «se aguentaram isto, aguentam tudo». Esta colaboração têm constituído a sua obra desde então, e curiosamente é o regresso de Zograf à sua língua materna, talvez por isso que é fácil de reparar um certo gosto pelos blocos pesados de escrita nestas bds. Bds que continuam a ser crónicas como o autor nos habituou com Regards from Serbia, mas agora afastada dos conflitos militares e viradas para três vectores de conteúdo. O primeiro, é a adaptação de textos do século XX cheios visões estranhas (ou cómicas para os nossos dias) graças a uma peculiar investigação de campo nos alfarrabistas e Feiras da Ladra do mundo. Segundo, relatos das suas experiências de viagens, a maioria realizadas graças aos convites de festivais de bd pelo mundo inteiro, aproveitando para encontrar detalhes bizarros ou choques culturais.
E terceiro, entrevistas a autores, sejam de bd como o mestre Will Eisner (1917-2005) ou músicos Rock como Jonathan Richman (publicada na Underworld). No fundo, há uma espécie de arqueologia cultural “sub-pop” porque quase sempre incide em artefactos encontrados pelas "feiras da ladra" e que voltam à superfície pela mão do autor.
Publicado pela MMMNNNRRRG www.gentebruta.pt.vu /// www.gentebruta.blogspot.com ///www.aleksandarzograf.com
Aleksandar Zograf no Festival de BD da Amadora, em 2005
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