quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BDpress #297: «TINTIN - O SEGREDO DO LICORNE» CHEGA HOJE ÀS SALAS DE CINEMA PORTUGUSAS


TVI24 – CINEBOX, 26- 10- 2011

«TINTIN» FAZ A MAIOR ESTREIA 
DE SEMPRE EM PORTUGAL

«As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne» chega hoje a Portugal. Com presença marcada em 117 salas de cinema portuguesas, o filme realizado por Steven Spielberg e produzido por Peter Jackson é anunciado pela Warner Bros. como a maior estreia de sempre em território nacional.

A personagem de banda desenhada pelo Hergé chega finalmente ao cinema em apogeu da CGI e em Portugal estará disponível em cinco versões: duas dobradas em português (em 2D e em 3D); duas versões no original em inglês e legendadas em português (em 2D e em 3D); e ainda uma em francês e legendada em português (apenas em 2D).

 Jamie Bell


 
 Jamie Bell e Andy Serkis

 Spielberg explica uma cena a Daniel Craig





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Jornal de Angola, 18 Outubro 2011

TINTIN CHEGA AOS CINEMAS 
AO JEITO DE INDIANA JONES

O filme “As aventuras de Tintin: O segredo do Licorne”, com o qual Steven Spielberg cumpre um sonho antigo, e o ajuda a colocar o intrépido repórter quase no papel de um Indiana Jones, tem a antestreia amanhã, em Bruxelas, informou a Reuters.

O filme só vai ter estreia comercial na próxima semana, em vários países da Europa, onde é exibido a partir do dia 27 em mais de uma centena de salas de cinema. A nova produção só chega no final do ano, por altura do Natal, aos Estados Unidos e Canadá.

“As aventuras de Tintin: O segredo do Licorne” já teve várias exibições especiais, mas no sábado vai ser mostrado em Bruxelas, cidade muito marcada pela banda desenhada, sendo esperadas as presenças dos protagonistas do filme, assim como do realizador, Steven Spielberg.

Considerada uma das grandes estreias da temporada cinematográfica internacional, por juntar os cinetastas Steven Spielberg e Peter Jackson, o filme adapta para cinema três álbuns de banda desenhada de Hergé: “O segredo do Licorne”, “O caranguejo das tenazes de ouro” e “O tesouro de Rackham, o terrível”, publicados entre 1945 e 1946.

A expectativa é por causa da adaptação visual de todo o imaginário criado por Hergé.
O filme foi rodado com actores reais como Jamie Bell, que interpreta Tintin, Andy Serkis, o Capitão Hadock, e Daniel Craig, o pirata Red Rackam, mas o que surge no ecrã é um filme de animação.

Os realizadores Steven Spielberg e Peter Jackson demoraram mais de um ano no trabalho de pós-produção do filme, na transposição dos movimentos reais dos actores para animação.

Visualmente, o filme é exemplar, sobretudo nos cenários, que parecem reais, embora falte alguma vida na expressão facial de Tintin, como escreveram já vários meios de comunicação social europeus que assistiram a projecções para a imprensa. Quem leva nota máxima é o emotivo e resmungão capitão Haddock, interpretado por Andy Serkis.

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C7NEMA, 27 Outubro 2011

TINTIN - UM REPÓRTER PELOS 
“SETE CANTOS DO MUNDO” 
QUE NUNCA ESCREVE!

Paulo Miguel e Helena Francisco

Se aos norte-americanos coube criar marcos como o Super-Homerm (Jerry Siegel/Joe Shuster) ou o Homem-Aranha (Stan Lee e Steve Ditko), os europeus responderam com figuras igualmente de vulto como Astérix (Goscinny/Uderzo) ou Tintin. O repórter aventureiro de Hergé chega aos cinemas em 2011, altura, pois, para passarmos em revista a história, as aventuras e os bastidores que fazem do “rapazinho de popa no cabelo” uma figura de referência da Banda Desenhada mundial.

A primeira aventura

A primeira aventura de Tintin é “Tintin no País dos Sovietes”. Foi publicada inicialmente no jornal “Le Vingtième Siècle”, um diário para onde Hergé foi trabalhar em 1925, no departamento de assinaturas.

Após um interregno de dois anos para cumprir o serviço militar entre 1926 e 1927, Hergé regressa a este jornal belga, onde é incentivado pelo sacerdote Norbert Wallez (na foto à esquerda de Hergé), director do “Le Vingtième Siècle”, a cultivar o seu gosto por banda desenhada. Esta atitude produz os seus frutos e a Hergé, que começa a desenhar, são confiadas mais responsabilidades.

Assim, em 1 de Novembro de 1928, sob a coordenação de Hergé, sai o primeiro número do suplemento infanto-juvenil do “Le Vingtième Siècle” baptizado de “Le Petit Vingtième”. Aí, Hergé assina “Les Aventures de Flup, Nénesse, Poussette et Cochonet”.

Mas é então que, em 10 de Janeiro de 1929, surge no nº 11 do “Le Petit Vingtième” uma nova aventura: “Tintin au pays des Soviets” (“Tintin no País dos Sovietes”). Nascia o herói Tintin, um jovem repórter de cabeça redonda e com uma popa no cabelo, e o seu fiel amigo de quatro patas, o cão fox-terrier Milú.

A primeira missão de Tintin era espinhosa: desmontar toda a falsidade acerca do “milagre soviético”. Durante 69 episódios semanais (até 8 de Maio de 1930) e 138 pranchas depois, com a política a servir de pretexto para a criação de uma narrativa, o destemido repórter Tintin irá viajar de Bruxelas até Moscovo e, em terra dos sovietes, envolver-se numa sucessão de aventuras e gags a um ritmo tão alucinante que às vezes se torna risível.

Pelo facto de o “Le Vingtième Siècle” ser um jornal católico e anti-comunista, a história altamente tendenciosa que surge em “Tintin au pays des Soviets” é muito corrosiva para a sociedade comunista e, em particular, para o Partido Comunista, retratado como um aparelho tentacular e opressor que tudo distorce e controla. Esta exacerbada conotação ideológica acaba por retirar algum valor literário a “Tintin no País dos Sovietes”. No entanto, embora o traço de Hergé nesta obra fosse muito grosseiro e simples, “Tintin no País dos Sovietes” merece relevância– para além de ser a primeira aparição de Tintin – pois adopta a técnica dos balões, algo raro ao tempo mas numa clara influência do estilo usado pelos comics no outro lado do Atlântico.

Um repórter pelos “sete cantos do mundo”... que nunca escreve!

Depois do país dos Sovietes, Tintin viaja numa nova missão para o Congo, uma colónia belga na altura, e, de seguida para a América. Seguem-se outros destinos: Egipto, China, América do Sul, Escócia, Balcãs, deserto africano, Gronelândia, Andes, Suíça, Tibete, Austrália... e lua!!

Segundo o próprio Hergé numa entrevista concedida a Numa Sadoul em 1971 recuperada no recente livro sobre Tintin integrado nos clássicos da BD editado pelo Correio da Manhã e cuja coordenação pertenceu às Edições Devir, “se decidi viajar, não foi só para ver novas paisagens ou para me documentar, mas para descobrir outros modos de vida, outras maneiras de pensar, em suma, para expandir a minha visão do mundo”.

O seu mote é correr o mundo em busca de uma história que acaba sempre por originar uma aventura cheia de mistério e humor (o fim do século XIX e o princípio do século XX são pródigos em narrativas policiais e de espionagem, contexto que ajudou a criar também a figura de Tintin; “Rumo à Lua” e “Explorando a Lua” bebem inspiração em Júlio Verne). Mas um dos aspectos mais pitorescos da personagem Tintin reside no facto de, tratando-se de um jornalista, em nenhuma das suas 24 aventuras se vê Tintin a redigir uma notícia ou a escrever um artigo!

Ainda que seja uma personagem positiva e cheia de bons princípios, de Tintin não se conhece a família. Do mesmo modo, não se sabe que idade verdadeira terá e como é que um simples jornalista consegue financeiramente arranjar sustento para viajar tanto (pelo ar, por terra e por água) e para conhecer tão distantes lugares. São pequenas interrogações à volta de Tintin que em nada lhe ofuscam os traços de personalidade. A esse respeito, ainda na mesma entrevista realizada por Numa Sadoul em 1971 e citada no livro relativo a Tintin editado pelo Correio da Manhã, Hergé questionava se seria “assim tão ridículo fazer uma boa acção, amar e respeitar a natureza e os animais, esforçar-se por respeitar a palavra dada?”.

A resposta a esta questão tem sido dada pelo sucesso de milhões de exemplares de álbuns de Tintin vendidos por todo o mundo e em dezenas de línguas.

Tintin é alguém que se mostra caridoso e intolerante para com as injustiças (socorre um condutor de riquexó chinês que estava a ser esmurrado por um inglês) e acima de tudo nunca se renega a ajudar seja quem for.

Exemplos deste espírito solidário não faltam em todas as suas aventuras: Tintin tenta encontrar a cura para o veneno de Radjaidjah para curar o filho de Wang Jen-Ghié; salva o capitão Haddock do alcoolismo (em “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”) e de outras situações complicadas (no espaço, por exemplo, antes que Haddock se torne um satélite do planeta Adónio); salva também Castafiore (em “Tintin e os Pícaros”) e o professor Girassol (em “O Templo do Sol” e “Tintin e os Pícaros”); salva uma criança peruana de seu nome Zorrino que estava a ser maltratada (em “O Templo do Sol”) e o chinês órfão Tchang Tchang-Yen, ainda menino na altura, das águas de um rio (em “O Lótus Azul”).

Aliás, segundo Hergé, a sua mais bela história é “Tintin no Tibete”. Percebe-se o porquê da escolha. Nesta obra, marcada pela actualidade já que por volta da mesma altura da publicação do álbum, uma revolta anti-chinesa é esmagada em Lhasa, capital do Tibete, fazendo um número incalculável de mortos, fala-se de amizade e a tradicional pesquisa jornalística/policial, em Tintin, dá lugar a uma espécie de procura espiritual. Tintin organiza uma expedição de salvamento rumo ao Tibete para tentar encontrar Tchang, um amigo chinês, que ele resgatou de um naufrágio em “O Lótus Azul”, com quem mantinha contacto à distância e que viajava no avião que se despenhara sobre o Tibete.

O mais tocante é que Tchang foi, na realidade, um amigo de Hergé.

A certa altura “Tchang teve de regressar à China, de onde não pôde sair durante muitos anos e Hergé procurou resgatá-lo, pelo menos literariamente, com esta aventura de Tintin. Foi muito graças ao sucesso internacional desta aventura que, com grande dificuldade, o então velho Tchang obteve, em 1981, permissão para voltar à Bélgica e rever o seu velho amigo, ao fim de quarenta anos, esclarece o livro “Tintin - Clássicos da BD” editado pelo matutino Correio da Manhã. A foto em baixo reproduzida documenta esse encontro.

Em Tintin sobressai ainda a sua crença na bondade humana e na possibilidade de conversão das pessoas. Isso aconteceu relativamente ao capitão Haddock (em “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”), a Wolff (em “Explorando a Lua”) e a Pablo (em “Tintin e os Pícaros” e em “A Orelha Quebrada”)

Outra faceta nobre em Tintin é empenhar-se pela construção de um mundo melhor: luta contra o tráfico de droga (em “Os Charutos do Faraó”, “O Lótus Azul” e “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”); denuncia e combate o tráfico de escravos (em “Carvão no Porrão”); contribui para a prisão de um bando internacional de moedeiros falsos (em “A Ilha Negra”); resolve o problema da falsificação do petróleo e resgata Abdallah, o filho traquinas do Emir (em “O Ouro Negro”) e procura incutir dignidade em momentos de grande perturbação social (em “Tintin e os Pícaros”, Tintin faz depender a sua ajuda ao General Alkazar caso este jure que poupará a vida ao líder que tenciona depor na revolução em marcha, General Tapioca).

Intrépido, corajoso e curioso, Tintin é audaz e revela não ter medo do perigo (não hesita em penetrar no antro dos vilões), passando por situações extremas e até chega a morrer!: em “Os Charutos do Faraó” é fuzilado e enterrado; em “O Templo do Sol” escapa de um valente “churrasco” numa fogueira, graças a um eclipse do sol; sobrevive a fuzilamentos no derradeiro instante (devido ao eclodir de uma revolução tanto em “Tintin e os Pícaros” como em “A Orelha Quebrada” – nesta aventura, o nosso herói trava o primeiro contacto com a República de San Theodoros e com os generais Alcazar e Tapioca).

Desenhos claros e comunicativos

Uma característica de estilo em que Hergé se haveria de especializar seria na criação de desenhos claros e muito comunicativos em que o rigor do detalhe existente (a caracterizar os personagens, a delinear a fisionomia das paisagens ou dos modelos automóveis, por exemplo) nunca perturbaria o fio da narrativa. É, por exemplo, um desafio descobrir sombras nas vinhetas de Tintin. Nos raríssimos casos em que isso acontece, a acção desenvolve-se, curiosamente, de noite!

A própria evolução de uma vinheta em Tintin acontece apenas com o lápis a trabalhar em torno de meia dúzia de traços, como se constata nas imagens seguintes... ... ... ... ... ... ...

LER AQUI O RESTO DO TEXTO

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Ler também em As Leituras do Pedro, o post O TESOURO TINTIN

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Imagens da respondabilidade do Kuentro


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