ASTÉRIX ENTRE OS PICTOS
no Expresso
Expresso, 16 de novembro de 2013 - ATUAL
Lançado com enorme alarido à escala planetária, o 35.° volume das aventuras de Astérix e Obélix - o primeiro em que não intervém qualquer dos autores originais' (Rene Goscinny e
Albert Uderzo) - não desiludirá os milhões de fãs desta série. Em relação aos últimos livros, posteriores à morte de Goscinny (em 1977), até representa uma franca melhoria - sobretudo ao nível do argumento. Jean-Yves Ferri, autor do-texto, tem o mérito de construir uma história mais ou menos linear (em que a dupla de gauleses viaja até à terra dos Pictos, atual Escócia, para dirimir um conflito entre clãs) pontuado pelas habituais situações humorísticas, volte-faces, piscadelas de olho ao leitor e referências subtis a situações ou problemas do nosso tempo, projetados para a Gália do ano 50 antes de Cristo. Se Didier Conrad imita na perfeição a linha clara de Uderzo, é notório que Ferri quis igualmente clonar o estilo de Goscinny. A organização das pranchas, a fluidez narrativa, a sucessão de piadas e equívocos linguísticos, os tópicos recorrentes '(nem sequer faltam os piratas resignados à sua má sorte) - está lá tudo. Ferri coloca os seus pés nas pegadas do mestre, com zelo e competência, por entre vénias a um legado que respeita talvez.com demasiado escrúpulo. Ao contrário de lznogoud (outra criação memorável de Goscinny), ele não quer ser "califa no lugar do califa". É só um espelho fiel, um copista exemplar. Enquanto réplica, o seu Astérix funciona, cumpre os objetivos, não defrauda. Dá para matar saudades. Falta-lhe o génio do grande René? Sim, falta. Mas certas coisas são mesmo irrepetíveis.
José Mário Silva
Jean- Yves Ferri (texto) e Didier Conrad (desenhos)
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Ah, agora Asterix também é linha clara??? Pauvre con...
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