terça-feira, 4 de novembro de 2014

BDpress #439: DESTAQUE NO “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” PARA O PRÉMIO NACIONAL DE BD DO AMADORA BD – ZONA DE DESCONFORTO


DESTAQUE NO “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” PARA 
O PRÉMIO NACIONAL DE BD DO AMADORA BD
ZONA DE DESCONFORTO

O Diário de Notícias e o jornal “i” deram o merecido destaque ao livro da Chili com Carne – Zona de Desconforto – que ganhou o Prémio Nacional de BD deste ano no Amadora BD. Devo dizer que já era tempo da Chili (e do Marcos Farrajota) ganharem um prémio destes. Não só porque, se não me engano, é a primeira vez que uma editora underground (não mainstream portanto) ganha um prémio Nacional de BD no Festival da Amadora, como me parece que, pela primeira vez os jurados do concurso foram sensíveis a um tipo de banda desenhada que não é muito conhecida do público em geral. Isto, mesmo que haja gente por aí a reclamar, por ter sido atribuído este Prémio a um álbum colectivo – como se isso fosse pertinente para essa atribuição: um prémio para o melhor álbum, é para o objecto em si – o álbum, seja de autoria individual ou colectiva. São a estas mentalidades (um bocadinho retrógradas, diga-se de passagem) que é preciso mostrar que a BD não é uma “escrita” exclusiva dos álbuns “bem-desenhadinhos”, bem coloridos, convencionais (mainstream) e que este prémio vem a propósito, para afrontar esses gostos meio incultos, de larga maioria do público português. Sempre vendi (e não tão mal como possa parecer) os livros/álbuns da Chili enquanto tive stand no AmadoraBD – eventualmente não terei mais – tarefa essa que foi passada ao stand da Polvo este ano, onde estão os livros da Editora/Associação à venda. Estou portanto muito satisfeito com este resultado, mostrando que “àgua mole em pedra dura...” e só tenho relativa pena de não ter stand, para poder exibir no meu próprio espaço o livro premidado. Um abraço, Marcos, se bem que eu saiba que isto, para ti, é tudo muito relativo.

Fica então aqui o recorte de imprensa do texto do Diário de Notícias e amanhã o do Jornal “i”.

HISTÓRIAS AOS QUADRADINHOS DE QUEM TEVE DE EMIGRAR

Marcos Farrajota coordenou o álbum A Zona de Desconforto, histórias de dez auto­res portugueses de BD que saíram de Portugal, vencedor do Prémio Nacional de Banda Desenhada da Amadora. "Foi uma forma de catarse sobre este fenómeno"

Diário de Notícias, 3 de Novembro de 2014

Lina Santos

Tentar contactar Marcos Farrajo­ta foi logo o primeiro sinal de que não seria convencional. "Não tem telemóvel", disse a assessoria de imprensa do Festival de Banda Desenhada da Amadora, onde um álbum coordenado por ele, A Zona de Desconforto, antologia (cronológica) dos trabalhos de dez autores que emigraram, ven­ceu no sábado o Prémio Nacional de Banda Desenhada.

A importância do prémio me­rece-lhe um "não sei - não respon­de", por e-mail "Acho que os pré­mios da Amadora são uma confu­são total, vítima da pouca e pobre produção editorial portuguesa e da própria incoerência progra­mática do festival. Mas pelos vis­tos já deu nesta entrevista algu­ma histeria por aí. Se vendermos mais livros por causa disso, viva! Senão, a minha opinião será pior do que a de indiferença. Saberei isso para a semana quando olhar para os resultados", diz Marcos, de 41 anos, fundador do fanzine de BD Mesinha-de-Cabeceira e fun­cionário da Bedeteca de Lisboa.

Christina Casnellie, David Cam­pos, Francisco Sousa Lobo, Júlia Tovar, Ondina Pires, Tiago Baptis­ta, Daniel Lopes e José Smith Var­gas são os autores que contam as suas experiências em Barcelona, Lon­dres, Amesterdão, e outras cidades. "Co­mecei a ver amigos e conhecidos a de­saparecer de vista porque foram tra­balhar (ou será so­breviver?) para fora. Esta morte do tecido social – que não acontece só no meu círculo de amigos mas com todos nós portugueses nos últimos anos – é horrível e chocante. Esta antolo­gia foi uma forma de catarse so­bre este fenómeno", diz, sobre a ideia inicial, debatida com a dire­ção da Chili com Carne, uma associação não lucra­tiva que reúne auto­res de BD. "Na essência são ami­gos e conhecidos, alguns não entra­ram porque não ti­veram tempo para produzir BD por­que andam estafa­dos da vida que levam. Na reali­dade, esta antologia ficou aquém do que queria. Ficou mais bur­guesa que lumpen. E, como sabemos, há de tudo nestes fluxos mi­gratórios, tanto são doutoramen­tos como pessoas a trabalhar no duro numa fábrica naquele nojo de país chamado Inglaterra."

O título presta-se a várias leitu­ras. "O chavão é óbvio: zona de conforto. Sair dessa zona é desconforto, como é óbvio, e funcio­na como um título para um livro, por mais burguesas que tenham sido algumas saídas ou experiên­cias para o exterior de alguns au­tores da antologia.

Alguns prefe­riram contar pequenas curiosi­dades mundanas, outros expuse­ram-se de forma bastante íntima – o que também pode ser um des­conforto para quem lê...", escreve.

João Fazenda fez a capa do álbum que venceu na Amadora


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