segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

BDpress #446: APRESENTAÇÃO DA COLECÇÃO XIII NA FÁBRICA 22 – PÚBLICO/ASA

APRESENTAÇÃO 
DA COLECÇÃO XIII NA FÁBRICA 22
COM DIREITO A UM LASER TAG 
A PENSAR EM JASON FLY-STEVE ROWLAND

PÚBLICO, 5 Dezembro, 2014

Da esquerda para a direita: Carlos Pessoa, Vítor Mota (Edições ASA) e Nuno Pacheco (PÚBLICO)

O herói sem identidade pessoal nem memória começou esta semana a sua aventura com o PÚBLICO. São 11 álbuns duplos com 22 episódios, na sua maioria inéditos em Portugal

Quem esteve na segunda-feira à tarde na Fábrica 22 (em Alvalade, Lisboa) para assistir ao lançamento da nova colecção de banda dese­nhada do PÚBLICO, recebeu o pri­meiro álbum da colecção XIII, com as duas últimas aventuras da série (Regresso a Greenfalls e A Mensa­gem do Mártir, esta última lançada mundialmente na semana passada). Mas havia outra prenda associada e essa, sim, inesperada: um par de algemas.


A explicação para esta oferta foi dada depois por Luís Saraiva, das Edições ASA, ao dizer que o desafio da parceria PÚBLICO-ASA é, preci­samente, prender os leitores à co­lecção desde o primeiro ao último álbum: "Queremos que vistam a pele do XIII."

É uma imagem forte para pro­mover a colecção e faz sentido. A própria série, por seu lado, dá uma forte ajuda nesse sentido, pois tem todos os ingredientes para assegu­rar essa ligação duradoura. As in­certezas, enigmas e mistérios em torno da identidade do herói e da sua demanda para compreender quem é e, sobretudo, o que fez no passado, dão forma ao corpo nar­rativo essencial dos diversos episó­dios. Como cada resposta a essas questões é sempre provisória e dei­xa a narrativa em aberto, compre­ende-se facilmente por que razão a série, criada em 1984 por Jean Van Hamme (argumento) e William Van­ee (desenho), é um dos ícones da banda desenhada franco-belga con­temporânea, batendo a cada novo álbum todos os recordes de vendas, que actualmente é da ordem das centenas de milhares de cópias.

Há um terceiro factor que joga a favor desta colecção: é a primeira vez que ela se publica na íntegra em Portugal, o que significa que mais de metade dos 22 episódios que a compõem são inéditos.

Esta iniciativa do PÚBLICO e das Edições ASA vem na linha do que as duas empresas fazem há uma déca­da ao publicarem banda desenhada de qualidade.

Nuno Pacheco, director adjunto do PÚBLICO, evocou os êxitos pas­sados, de Corto Maltese a Astérix, passando por Lucky Luke, Spirou, Blueberry, Blake e Mortimer, Alix, Gaston, Thorgal, Michel Vaillant e outros, que já venderam um acu­mulado de mais de dois milhões de álbuns. Com esta colecção, acres­centou, "é mais um passo que se dá na edição de BD em Portugal". Reafirmou o empenho do PÚBLICO em continuar a divulgar boa ban­da desenhada, garantindo que se quer continuar a "apostar em ideias novas", pois este é "um nicho com gente muito exigente e interessa­da".

Vítor Silva Mota, editor da ASA, disse estar muito orgulhoso da par­ceria mantida com o PÚBLICO para a edição de banda desenhada em Portugal, revelando que há novos projectos em marcha, os quais se­rão oportunamente revelados.

Referiu-se depois à construção desta colecção, que enfrentou ini­cialmente alguma reserva dos de­tentores dos direitos internacionais, por "desconfiarem da nossa capa­cidade de a produzir". A verdade é que, uma vez concretizada, eles foram os primeiros a manifestarem-se muito satisfeitos com o resulta­do: "Deram-nos os parabéns pelo produto final, tanto em termos es­téticos como de colecção."

O jornalista e crítico de BD Carlos Pessoa [ex-colaborador do PÚBLICO] fez a apresentação da série XIII, surgida há um pouco mais de três décadas nas páginas da revista Spirou. Lembrou que o seu êxito no mercado franco-belga contrasta com a até agora pobre carreira da série em Portugal, onde foi publi­cada de forma muito parcial e er­rática. Para isso contribui em gran­de medida, na opinião do crítico, o grande talento de Van Hamme, uma espécie de "rei Midas" do ar­gumento, responsável pelo sucesso de séries tão distintas como Thor­gal, Largo Winch ou XIII.

Inicialmente inspirada num ro­mance de Robert Ludlum, escri­tor norte-americano de thrillers de grande sucesso (o ciclo Jason Bourne, levado ao cinema, é um dos mais conhecidos), XIII descreve a longa, complexa e perigosa saga de um homem que perdeu a memó­ria e a identidade pessoais.

Ao correr atrás da sua própria memória perdida, o herói mergu­lha na zona sombria e muito peri­gosa da história contemporânea dos Estados Unidos. Essa é, por­ventura, uma das chaves para a compreensão do sucesso de XIII, que Vance tão bem soube traduzir em imagens.

A escolha do espaço da Fábrica 22 para apresentar a colecção XIII não foi fruto do acaso, como se constatou no final do lançamento. Os 500 metros quadrados da área de laser tag indoor de que dispõe (um cenário real de guerra com áre­as distintas de labirinto urbano e floresta) permitiram aos presentes no lançamento impregnar-se um pouco, em tempo real, da atmos­fera de acção, aventura, mistério e perigo (este, aqui apenas de forma simbólica) que caracteriza as aven­turas de XIII.

Com menos acção, mas com a mesma "adrenalina", os aprecia­dores de boa banda desenhada po­dem a partir de agora mergulhar no complexo e extraordinário universo de XIII, um herói sem nome, identi­dade e memória. São 22 aventuras em 11 álbuns duplos.

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QUARTA-FEIRA DIA 10 DE DEZEMBRO
LANÇAMENTO COM O JORNAL PÚBLICO


O Dia do Sol Negro - Para onde Val o índio... 
Jean Van-Hamme (argumento) e William Vance (desenho) 
Álbum 1 da colecção XIII Quarta-feira, 
10 de Dezembro Por+ C 7,90

Um casal de refor­mados, Abe e Sally, encontram um jovem náufrago na praia e recolhem-no em sua casa. Particularidades: tem tatuado o número XIII na clavícula e está completamente amné­sico, pois não sabe o seu nome, nem se lem­bra das suas origens. Alguns meses depois o casal é assassinado por dois homens. O herói sem nome, conhecido pela designação de XIII, consegue matar um deles e, revistando-o, encontra uma foto sua ao lado de uma mulher...

Assim começa O Dia do Sol Negro, primeiro episódio da colecção XIII (argumento de Jean Van-Hamme e desenhos de William Vance).

O mesmo álbum, que será distri­buído esta semana com o PÚ­BLICO, inclui Para onde Vai o índio, segundo capítulo da série, assina­do pelos mesmos autores. XIII vai visitar a família do capitão Steve Roland, o ho­mem que supos­tamente ele terá sido, pois tem o seu aspecto físi­co e as suas impressões digi­tais. Mas o pai de Steve, um abastado pro­prietário agrí­cola, é assassinado pela mulher, que cobiça a vasta herança e não hesita em acusar o herói daquele crime.

Detido e condenado, é levado para um estabelecimento prisional de alta segurança.

Vistos à distância de três décadas - a série surgiu pela primeira vez nas páginas da revista de BD Spirou, em Junho de 1984 -, estes primeiros passos já contêm tudo o que fez de XIII um caso muito sério de popu­laridade e mesmo de culto.

O argumento é, desde as primei­ras imagens, muito envolvente, lançando o leitor num turbilhão de peripécias e situações. Alan-XIII-Jake Shelton é, de certa forma, um anti-herói rodeado por uma nuvem de mistério; tudo convida a segui-lo no labirinto em que procura referên­cias biográficas, memórias e pessoas que ajudem a responder à questão fulcral: quem sou eu?

William Vance conta no seu pal­marés uma mão-cheia de obras de grande qualidade (de Howard Flynn a Bruno Brazil, de Ramiro a Bob Morane e Marshal Blueberry) e mostra em XIII todos os seus atributos grá­ficos. O desenho realista da série é muito preciso e detalhado, sem er­ros ou incongruências a assinalar.

Em suma, os dois episódios cons­tituem uma excelente introdução ao universo deste thriler, que combina mistério e acção. Recomenda-se aos leitores que prendam os cintos de segurança...


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