O assunto da edição de banda desenhada, dita às vezes “independente” (edições de autor, fanzines e outros zines), ou de pequenas editoras (de livros e revistas com tiragens quase nunca superiores a 500 exemplares), começou a ser debatido, primeiro timidamente, depois com um pouco mais de veemência, sendo mesmo objecto dos encontros mensais “Pequeno é bom! Encontros sobre edição independente”, organizados pela Chili Com Carne, chegando agora às páginas do Jornal de Notícias, pela mão de Pedro Cleto.
BD NACIONAL À MARGEM DAS GRANDES EDITORAS
Jornal de Notícias, 8 de Junho 2010
F. Cleto e Pina
O lançamento de uma dezena de títulos durante o VI Festival de BD de Beja, em pequenas editoras ou edições de autor, veio reforçar uma evidência dos últimos anos: a vitalidade da 9.ª arte nacional faz-se fora das grandes editoras.
Essa era já a tese defendida por Paulo Monteiro, director do festival que decorre até domingo, ao definir ao JN "a BD portuguesa como um fabuloso caldeirão de estilos e tendências em que os autores fervilham de criatividade e todos os anos surgem projectos assombrosos!", embora lamentando que "muitos não consigam a visibilidade merecida".
Exemplo paradigmático é "A fórmula da felicidade" (Kingpin Books), aplaudido pela crítica, mas cuja tiragem do tomo 2 não chega a 500 exemplares. Nuno Duarte, das Produções Fictícias, o seu argumentista, afirma que "não havendo"grandes" editoras de BD em Portugal, as "pequenas" são uma alternativa interessante, pela liberdade temática, estilística e de formato que permitem", corroborado por Miguel Rocha, que em Beja lançou "Hans, o cavalo cansado" (Polvo), ao dizer que assim tem "maior controlo sobre o processo".
Já João Tércio, autor de "Março Anormal" (El Pep), acredita que "as grandes editoras preferem editar clássicos e talentos já confirmados", avançando David Soares, argumentista e romancista ("Mucha", "O Evangelho do Enforcado") que "tal não acontece apenas no mercado de BD".
Herdeiros dos antigos fanzines policopiados (no espírito, não na forma), "Zona Gráfica", "Venham +5" (Bedeteca de Beja) ou "Seitan Seitan Scum" (El Pep+Chili Com Carne), face à inexistência de revistas especializadas, querem ser uma montra para os "mais novos ou inexperientes, mas com trabalhos de qualidade e boa margem de progressão" revela Fil, um dos responsáveis pela Zona, que nas suas páginas acolhe também Filipe Andrade, actualmente a trabalhar para a Marvel. Nestes casos, completa Monteiro, "a edição constitui um incentivo à produção".
E se Tércio vê o futuro "dos autores de BD, negro, como é habitual", apontando "o Brasil como um mercado a explorar", Miguel Rocha considera "interessantes os novos formatos de distribuição electrónicos", que Nuno Duarte aponta como "possibilidade para as pequenas editoras se implementarem mais", pensando David Soares que vai aumentar o número dos "que publicam directamente lá fora".
Em jeito de conclusão, Paulo Monteiro defende que só "uma visão estratégica global, que congregue mais gente em torno da BD" e "estabeleça um plano de divulgação e leitura" lhe permitirá crescer para além do seu nicho habitual.
Em extra-texto, Pedro Cleto acrescenta:
Dentro de dias vou postar uma versão alargada no meu blog, As Leituras do Pedro: http://asleiturasdopedro.blogspot.com/ (ver lista de blogues aqui na coluna da direita).
Imagens da responsabilidade do Kuentro.
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Caríssim...
Há 7 anos
Épá... acho que o cavalo não estava cansado mas sim inteligente!
ResponderEliminar:D