FECO PORTUGAL - terça-feira, 8 de Junho de 2010
BALTAZAR (1919 - 2010).
Baltazar José Joaquim Ortega nasceu a 13 de Dezembro de 1919, em Lisboa, e começou a sua carreira gráfica com a idade de doze anos (tornando-se, assim, e até hoje, no mais jovem cartunista do mundo a trabalhar num jornal!).
Foi ardina e depois groom no Café Chiado, quando o seu traço chamou a atenção de Olavo d’Eça Leal que o apresentou a Leitão de Barros, empregando-o este no Notícias Ilustrado e permitindo-lhe prosseguir alguns estudos e seguir aulas de Desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes.
Mais tarde, integrado no quadro de desenhadores da Sociedade Nacional Tipográfica (retocando provas tipográficas, na paginação e ilustração), trabalhou para O Século, Vida Mundial, O Século Ilustrado, onde se encontram tiras suas em 1944. Colaborou também em Sempre Fixe, O Mundo Ri, O Sol, O Diabo, O Primeiro de Janeiro, Tic-Tac, etc.
Dedicou-se à caricatura social, depois ao humor desportivo, logo no início do jornal A Bola (é célebre a caricatura de Peyroteu, no primeiro número deste diário desportivo) e finalmente ao cartune político, depois de 1969. No final dos anos 1970, trabalhou em O Diário e, mais tarde, em Diário do Alentejo e no Alentejo Popular (ambos de Beja, onde residia desde 2000). Na reforma alentejana, continuou a caricaturar os colegas, apoiando pequenos projectos regionais, com álbuns sobre habitantes de Castro Verde e Ferreira do Alentejo.
Em 2005, o Salão de banda desenhada de Moura homenageou, com inteira justiça, um artista que, durante mais de 70 anos (!), caricaturou a sociedade portuguesa com extraordinária mestria, outorgando-lhe o Troféu Balanito Especial . Por motivos de saúde, que já nessa altura se faziam sentir, não lhe foi possível deslocar-se a Moura, tendo recebido o troféu em seu nome a Drª. Felicidade Ortega, única filha do autor.
Baltazar Ortega, um dos grandes mestres da caricatura portuguesa, deixou-nos no passado domingo, às 3:30 da madrugada. Fica, no entanto, a obra, imensa e incomparável, de um artista verdadeiramente genial!
Até sempre, companheiro!
Nota: O funeral realizou-se dia 8, às 14:00 horas. Seguiu para Ferreira do Alentejo (terra que Baltazar considerava praticamente como sua) onde o corpo foi cremado, na presença de familiares e amigos.
Publicada por C. Rico em 8 de Junho de 2010 O "pacote" Bagão Félix...a actriz Adelina Abranches...Cosme Damião...A obra de Baltazar Ortega é, como se compreende, vastíssima uma vez que o artista, para além de ter iniciado muito novo a sua produção e de a ter mantido até poucos anos antes de morrer, quase que tinha uma absoluta necessidade de estar constantemente a trabalhar!
Um bom exemplo disso é o álbum que a Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo lhe editou intitulado "Rostos de Um Concelho" (certamente esgotado, nos dias que correm, e que talvez merecessem agora uma reedição como forma de homenagem), onde o artista retrata, de forma caricatural, políticos, jornalistas, artistas plásticos, desportistas, médicos e um largo número de pessoas anónimas que Baltazar imortalizou pelo seu traço.
Em cima, alguns exemplos da obra de Baltazar, onde se destaca a caricatura de Cosme Damião, um dos fundadores do S.L. Benfica, executada a lápis pelo artista, com a classe que o caracterizava!
Para saber mais sobre Baltazar Ortega, recomendamos o trabalho que o clube de jornalistas fez sobre caricatura e cartune há poucos anos, onde a figura de Baltazar mereceu, justamente, lugar de destaque:
Ver
AQUI______________________________________________________________________
Nota de Leonardo De SáE como as más notícias nunca vêm sós, depois do Couto Viana mas antecedendo-lhe na corrida para o Grande Adeus chega-me também a notícia de que faleceu aos 90 anos aquele que era porventura o decano dos cartoonistas portugueses, colaborador desde os doze anos d’O Século, Vida Mundial, O Século Ilustrado, Sempre Fixe, O Mundo Ri, O Sol, O Diabo, O Primeiro de Janeiro, Tic-Tac (2ª série), A Bola, O Diário, Diário do Alentejo, etc. Nenhum jornal parece ter noticiado o acontecimento, a única necrologia apareceu online num texto assinado pelo Carlos Rico mas na realidade quase integralmente transcrito do meu, no Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal.
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11 de Junho 2010Recebi um email de Carlos Rico, com o pedido de a incluir neste post, respondendo a esta nota de Leonardo De Sá, que aqui deixo:
"Caro Leonardo:
Tens razão quando dizes que parte do texto sobre Baltazar é transcrito do "Dicionário de Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal" (1999). Até pode parecer má-fé, mas a verdade é que me esqueci completamente de referir a fonte! Não adianta inventar desculpas! Quem não se esqueceu de alguma coisa na vida? Até tu, Leonardo! Tu próprio, na nota que publicaste no Kuentro, também não referes o António Dias de Deus como co-autor do Dicionário... como seria justo e correcto! E não penso, sinceramente, que o tenhas feito de má-fé...
Para provar-te que não agi de má-fé, digo-te que no catálogo Moura BD 2005, a biografia de Baltazar foi transcrita do "Dicionário" e, dessa vez, referimo-lo em rodapé. Aliás, nem preciso de to dizer porque estiveste cá em Moura a visitar o salão e tiveste a oportunidade de ler e reler o catálogo com o teu texto!
Reconheço que cometi um lapso que assumo integralmente (a FECO nada teve a ver com isto) e que corrigi no blogue da FECO (onde publiquei, originalmente, a notícia), já que o Zé Oliveira teve a amabilidade de me comunicar a tua reclamação!
Lamento é que não me tenhas ligado directamente para esclarecermos isto antes de lançares atoardas para a praça pública. Provavelmente, "esqueceste" que eu tenho e-mail ou telefone...
Um abraço."
Carlos Rico acrescenta ainda: “Já agora, Jorge, aproveito para te dizer que também me parece que a tua conduta, neste caso, não foi propriamente a mais correcta! Bem sei que o Leonardo tem razão mas acho que isso não é motivo para me crucificarem na praça pública, que diabo! Bastava dares-me um toque, ANTES de postares a nota do Leonardo, para, ao menos, ouvires a minha versão! Era uma questão de justiça!”
Para ser franco, não me pareceu que houvesse – nem da parte de Leonardo De Sá, nem da minha – intenção de “crucificar” fosse quem fosse na praça pública, muito menos Carlos Rico por quem tenho a mais alta consideração e amizade desde há muitos anos. Não vi sequer, nesta nota de Leonardo De Sá, motivos de ofensa, nem dei, ao esclarecimento de que é ele o autor do texto a que Carlos Rico recorreu para biografar o malogrado Baltazar, a importância que este lhe dá – sobre questões de autoria… Mas, como cada um sente da maneira que sente, tenho que deixar aqui as minhas desculpas públicas ao Carlos Rico por, se calhar, me ter precipitado ao colocar aqui a nota em questão. Um abraço, Carlos.
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12 de Junho 2010Devido a esta nota de Carlos Rico recebi no dia 12 (ontem) uma nova nota de Leonardo De Sá, respondendo ao que nela ficou escrito. Esperemos que as coisas fiquem por aqui, agora que toda a gente está esclarecida sobre o assunto. Só a coloco aqui hoje, porque estive longe do computador todo o fim-de-semana.
“Caro Carlos Rico,
Como deveria ser aparente, não publiquei nenhuma nota no Kuentro, mas o nosso amigo Machado Dias entendeu fazê-lo e tem pelo menos inteiramente razão ao afirmar que não houve da minha parte – e muito menos dele – qualquer intenção de “crucificar” a ti ou quem quer que fosse em praça pública (se fosse o caso, teria eu utilizado palavras mais contundentes e ainda alguns advérbios qualificativos). Independentemente das questiúnculas que ora se colocam e antes mesmo da tua reacção tive ecos de vários amigos a quem enviei igual mensagem e, porque não era importante, absolutamente ninguém mais sublinhou a questão da *origem* do texto no blog da FECO Portugal, apenas lamentando naturalmente a morte do Baltazar – incluindo por exemplo mensagens do José Ruy ou do Dâmaso Afonso, que julgo estarem em alta estima também junto do Salão de Moura.
No entanto, e já que levantas a questão, parece-me que permaneces completamente equivocado. Na realidade houve *duas* falhas da tua parte e não apenas uma só, como julgas:
1. Nunca me contactaste pedindo autorização para reproduzir o meu texto sobre o Baltazar no blog da FECO Portugal, nem aliás até *agora* isso foi feito. Teria obviamente dado o meu acordo se o pedido tivesse efectivamente sido feito, existindo uma questão de forma e de direito que não foi cumprida.
2. Tendo tu reproduzido o *meu* texto mais ou menos completamente, ipsis verbis e sem o meu acordo prévio, e mesmo que fosse com o meu consentimento, era de qualquer modo obrigatório indicares a origem, como seria justo e correcto — o que também não fizeste inicialmente, mas agora rectificaste, tanto melhor.
Acredito plenamente que não agiste de má-fé nem nunca desconfiei ou sugeri que fosse o caso, mas com tudo o que descrevi ainda querias que fosse *eu* a contactar-te, antes de enviar uma simples mensagem para uma dúzia de pessoas reportando o óbito do Baltazar e descrevendo apenas limiarmente uma situação de cópia existente de facto no referido blog? Para quê, se tu não me contactaste com o *deverias* ter feito em primeiro lugar para pedir a necessária autorização?
Para além do resto e para tua informação, sou autor de uns 80 ou 90% dos textos do Dicionário dos Autores de BD e Cartoon em Portugal. Apenas por exemplo, o verbete sobre o Baltazar é *somente* meu e é exactamente isso que indiquei no e-mail que enviei às referidas pessoas. Julgo que a co-autoria oficial da obra global com o António Dias de Deus é amplamente conhecida e sinceramente parecia-me ridículo sobrecarregar o pequeno parágrafo da minha missiva com mais nomes, para o caso pouco relevantes.
Acho também bastante inconcebível recorrer ao nome do Dias de Deus neste contexto, ainda por cima invocando simultaneamente de alguma forma má-fé! Que me conste nem tu nem absolutamente *ninguém* o tem defendido nem acompanhado quanto eu, nomeadamente depois dos problemas dos últimos anos! Alguém do meio da BD, Moura ou outros, pode dizer a mesma coisa?
Enfim, parece-me que há problemas mais graves em relação à actual situação da BD em Portugal que poderíamos discutir, em vez de perder tempo com querelas de importância relativa. Ou apenas lamentar o desaparecimento de artistas e amigos.
Abraços,
Leonardo De Sá”
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Já agora, pelo interesse, esta referente ao previsto
encerramento da Biblioteca Nacional para obras, aqui fica OUTRA NOTA DE Leonardo De Sá:
A Biblioteca Nacional anunciou ontem o encerramento “temporário” durante quase um ano, entre Outubro-Novembro de 2010 e Setembro de 2011!
Durante um ano acaba portanto uma boa parte das possibilidades de investigação em Portugal!
Com ou sem obras e reorganização do acervo, o que é certo é que não há memória de nenhuma outra biblioteca nacional no mundo civilizado fechar totalmente durante tanto tempo. Basta lembrar a completa reestruturação da Bibliothèque Nationale de France ou, ainda há pouco, as obras a que foi sujeita a Biblioteca Nacional de Madrid sem que jamais fosse interrompido o serviço aos leitores e investigadores.
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