domingo, 20 de junho de 2010

BDpress #132: Pedro Cleto, Jornal de Notícias e João Miguel Lameiras, Diário "As beiras":

FRANÇA ACOLHE AUTOR DE BD LUSO (Nelson Martins desenha "Tout sur les célibataires"); ASTROBOY TAMBÉM EM BANDA DESENHADA; COM HELLBOY EM TERRAS ESTRANHAS; A BD DIZ ADEUS A AL WILLIAMSON
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Jornal de Notícias, 19 Junho 2010

FRANÇA ACOLHE AUTOR DE BD LUSO - Nelson Martins estreia-se em álbum com "Tout sur les célibataires"

F. Cleto e Pina

Na próxima terça-feira, chega ao mercado francófono "Tout sur les célibataires", desenhado por Nelson Martins, português, de 37 anos, formado em Design de Comunicação, que, assim, se estreia em álbum, após ter publicado em fanzines, em jornais e na internet".

Leitor de quadradinhos desde miúdo, "como tinha o gosto pelo desenho", acabou "naturalmente por escolher a BD como forma divertida de criar e contar histórias". Das suas preferências - "os clássicos Patinhas, Astérix, Spirou" - herdou "o estilo humorístico", pouco praticado em Portugal, que o "diverte mais" e utiliza "com frequência".

"Em 2004", revelou, ao JN, decidiu "fazer um álbum de BD, quaisquer que fossem as probabilidades de o publicar". Por isso, começou a desenvolver "uma história de aventuras com humor à mistura: Lig e Mandu - Os Crápulas da Montanha". Com "o argumento pronto", esboçou "cerca de 60 páginas" e, com elas debaixo do braço, em Janeiro de 2009, foi "ao Festival de BD de Angoulême, um mercado com mais oportunidades do que o nacional", onde contactou "muitas editoras", recebendo "algumas respostas entusiastas".

"De volta a Portugal", recebeu das "Éditions Joker um convite para a produção de três pranchas, a título de teste. A experiência correu bem e o projecto foi-me entregue. O argumento é do francês Valéry der Sarkissian, que também assina o seu primeiro álbum".

"Tout sur les célibataires" "é uma sequência de gags humorísticos de uma prancha, protagonizados por três homens e três mulheres, todos solteiros", tendo "a interpretação gráfica das personagens" ficado a seu cargo. A sua realização levou cerca de "dez meses, mas só os três últimos a tempo inteiro".

"A intenção da Joker é que este seja o primeiro de uma série", mas há que "aguardar pela reacção do mercado franco-belga". Afirmando ter aprendido "muito com a experiência", a sua ambição "é fazer BD de forma profissional, pois nesta e noutras formas de expressão artística, o autor quer sempre evoluir e fazer coisas estimulantes". E sonha "ler o livro em Português, pois seria uma contribuição para o nosso mercado, que precisa de mais actividade para cativar o público", por isso, logo que tenha "o primeiro exemplar em mãos", vai apresentá-lo às editoras portuguesas.

Nota do Kuentro: Obviamente a BD é totalmente a cores, mas esta é uma das pranchas que saíu (com outras três) no BDjornal #25. Pedi-as em preto e branco e foi o que o Nelson me enviou.
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Jornal de Notícias 05Junho2010

ASTROBOY TAMBÉM EM BANDA DESENHADA

F.Cleto e Pina

Depois de amanhã, chega às livrarias portuguesas o primeiro volume de Astroboy, o manga (banda-desenhada japonesa) em que se baseou o filme actualmente em exibição nos cinemas portugueses. É publicado em Portugal pela primeira vez.

Astroboy é uma criação de Osamu Tezuka (1928-1989), considerado o pai do manga moderno e, sem dúvida, o mais importante autor do género.

Astroboy, cujo êxito da versão animada, em 1963, estaria na origem do grande "boom" da animação japonesa, é a designação ocidental de um herói criado em 1951, sob o título de Atomu Taishi e um ano mais tarde alterado para Tetsuwan Atomu.

Manga "shônen" (ou seja, direccionado para o público juvenil masculino), de grande longevidade - foi publicado até 1968 -, é uma história de ficção-científica que decorre no (então futuro e distante) ano de 2003, num tempo em que máquinas e humanos vivem lado a lado, tendo como protagonista um poderoso robot, criado por um cientista para substituir o seu filho falecido num desastre de automóvel, mas depois abandonado por não crescer e se desenvolver. Astroboy torna-se, então, o herói de Metro City, usando as suas capacidades para combater o mal Apesar do seu tom aventuroso, Tezuka fez de Astroboy um hino à tolerância e à amizade entre os povos, ou não o tenha imaginado num Japão ainda sob os efeitos da derrota na II Guerra Mundial.

Este é o primeiro dos três volumes agendados, devendo os restantes chegar às livrarias em Julho e Agosto. A edição portuguesa respeita o sentido de leitura original, ou seja, da direita para a esquerda e do "fim para o princípio" (em relação à forma como geralmente se manuseiam os livros).

Para Setembro, está previsto o lançamento do primeiro tomo de "Dragon Ball", de Akira Toriyama, cuja edição integral se deverá estender até 2012.


Imagens do Kuentro.
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Diário As Beiras, 12 de Junho de 2010

COM HELLBOY EM TERRAS ESTRANHAS

João Miguel Lameiras

Hellboy, o popular demónio detective criado por Mike Mignola, regressa às livrarias portuguesas com “Terras Estranhas” o sexto volume da série com que a Editora dinamarquesa G Floy prossegue o trabalho de divulgação da obra de Mignola iniciado pela Devir.

“Terras Estranhas” recolhe duas mini-séries, “O Terceiro Desejo” e “A Ilha”, publicadas originalmente entre 2002 e 2005, desenhadas por Mignola numa fase em que outros factores, como o 2º filme de “Hellboy”, o impediram de desenhar Hellboy com a regularidade que queria e que o obrigou posteriormente a entregar o desenho da série a artistas como Duncan Fegredo e Richard Corben, responsáveis pelos próximos volumes de “Hellboy”, ficando-se Mignola pela ilustração das capas e o desenho de uma ou outra história curta, como “In the Chapel of Moloch”, aventura que leva Hellboy até uma capela assombrada em Tavira, na costa Algarvia.

Aqui já liberto dos seus companheiros do BPRD (Bureau for Paranormal Research and Defense), uma organização governamental tipo X-Files, criada para a investigação de fenómenos paranormais, cujas investigações são relatadas na série paralela, dedicada ao BPRD, entretanto criada sob a supervisão de Mignola, Hellboy parte para África, iniciando uma viagem que o levará primeiro ao fundo dos mares e depois a uma ilha onde o espaço e o tempo se confundem, num périplo mágico que lhe permitirá a descobrir um pouco mais sobre a sua origem e o destino que lhe está reservado.

Apesar de passar o tempo todo ao soco com monstros de grandes dimensões, Hellboy, que se continua em encarar tudo o que lhe acontece com a maior das naturalidades, é aqui mais espectador do que interveniente de uma complexa intriga de dimensão cósmica, cujos desenvolvimentos só conheceremos em futuros livros e que implicam um conhecimento prévio dos acontecimentos dos volumes anteriores. Ou seja, tratando-se de um bom exemplo do alto nível que a série “Hellboy” pode atingir, “Terras Estranhas” está longe de ser o ponto de partida de ideal para quem só agora descobriu as aventuras de Hellboy.

Resta o grafismo inconfundível de Mike Mignola, cada vez mais simples e eficaz, magnífico no uso das sombras e na forma como com simples traços cria ambientes complexos e com uma atmosfera única, no que é muito bem secundado pelas cores discretas, mas tremendamente eficazes de Dave Stewart.


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Jornal de Notícias, 16 de Junho de 2010
A BD DIZ ADEUS A AL WILLIAMSON
Pedro Cleto
Al Williamson, um dos grandes nomes dos comics das últimas cinco décadas, faleceu aos 79 anos. Dele, os leitores do JN recordarão certamente o traço fino, elegante e dinâmico com que desenhou o Agente Secreto X-9, entre 1967 e 1980, que fica como um dos marcos de uma carreira notável, onde se destaca também a sua versão de Flash Gordon (1967), caracterizada por paisagens exóticas e mulheres sensuais.

Nascido a 2 de Março de 1931, em Nova Iorque, encetou a sua carreira profissional aos 17 anos, como assistente de Burne Hogarth em Tarzan. Western, terror, guerra e ficção-científica foram alguns dos géneros que experimentou durante a década de 50, ao lado de Frank Frazzeta, Wally Wood ou Jack Kirby.

Após deixar X-9, foi convidado por George Lucas para desenhar a adaptação em BD de O Império Contra-Ataca, assumindo depois as tiras diárias e dominicais de Star Wars, entre 1981 e 1984.

Nos anos 80 e 90 adaptou também filmes como Flash Gordon, Blade Runner ou O Regresso de Jedi e, na Marvel, foi arte-finalista de John Romita Jr. (em Daredevil), Gene Colan, John Buscema ou Mike Mignola.

Em 2000 foi distinguido com o Eisner Hall of Fame, pela sua longa carreira de mais de 50 anos, que só a doença de Alzheimer interrompeu.


Imagens da responsabilidade do Kuentro.
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