Jornal de Notícias, 10 de Setembro
NOVAS EDIÇÕES DE BD EVOCAM
O 11 DE SETEMBRO
F. Cleto e Pina
Agora, uma década mais tarde, a data é de novo assinalada em BD, sendo várias as edições lançadas esta semana.
A mais mediática é, sem dúvida, “Holly terror”, da nova editora Legendary Pictures, assinada por Frank Miller, criador de “Sin City”, “300” ou “Batman: The Dark Night Returns”. Em formato horizontal, esta graphic novel, que na sua génese era para ser uma aventura de Batman contra Bin Laden, foi concluída após 6 anos de trabalho criativo do autor, que mais uma vez dá provas do seu virtuosismo gráfico a preto e branco. O protagonista é The Fixer, um herói que vai defender Nova Iorque de novo atentado terrorista, numa BD que deverá ter tanto de violenta quanto de polémica e que o autor classificou como “120 páginas de propaganda política descarada”.
Outros dois nomes conceituados dos comics norte-americanos, Rick Veitch e Gary Erskine, assinam “The Big Lie”, na Image Comics, uma ficção igualmente polémica inspirada num episódio da série televisiva The Twilight Zone e narrada pelo institucional Tio Sam. Nela, a mulher de uma das vítimas dos atentados regressa à manhã do dia 11 de Setembro para tentar retirar o seu marido do World Trade Center ante deste ser destruído. Resta saber se conseguirá convencê-lo do que está para acontecer e qual a grande mentira que o título da BD aponta.
Quanto a “Code Word: Geronimo”, com a chancela da IDW Publishing, narra de forma pormenorizada e ficcionada todos os passos da missão que teve como objectivo eliminar Bin Laden. O argumento é assinado por Julia e Dale Dye, este último capitão aposentado da marinha dos EUA e conselheiro de Hollywood para temas militares, estando o desenho a cargo de Gerry Kissell.
Finalmente, em França (mas com edição já anunciada para vários países), encontramos “12 Septembre – l’Amerique d’après”, edição conjunta da Casterman e da Radio France que reúne nomes conceituados de um e outro lado do Atlântico, da imprensa (Roger Cohen), literatura (Russell Banks, Jerôme Charyn), BD (Enki Bilal, Myles Hyman, Joe Sacco, Muñoz e Sampayo, Art Spiegelman), ilustração (Lorenzo Mattotti), cartoon (Jul, Daryl Cagle, Plantu) e música (CharlÉlie, Barbara Hendricks). A solo ou em animados diálogos, todos reflectem sobre as consequências dos atentados na imagem que habitantes locais e estrangeiros têm hoje da América, de como esta mudou e do que é feito do sonho americano, predominando nas diferentes análises a dúvida, a desilusão e o pessimismo sobre o futuro.
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Jornal de Notícias, 10 de Setembro de 2011
CIDADES AOS QUADRADINHOS
EM DESTAQUE NO
XVII SALÃO DE BD DE VISEU
F. Cleto e Pina
Hoje, às 17 horas, abrem-se as portas do XVII Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu que tem como tema central as “Cidades na BD”.
A decorrer até 21 de Setembro no Pavilhão Multiusos, em plena Feira de São Mateus, voltando assim às suas origens, o evento conta hoje e amanhã com dois convidados muito especiais, distinguidos com os Prémios Anim’Arte 2010, o português Eugénio Silva, autor de biografias aos quadradinhos de Eusébio e de Inês de Castro, e o italiano Fabio Civitelli, actualmente o mais destacado desenhador de Tex, o western mais antigo dos quadradinhos. A propósito do seu regresso a Portugal, depois de ter participado nos salões de Moura, Beja e Amadora, Civitelli fez uma belíssima ilustração que mostra Tex Willer emboscado no claustro da Sé de Viseu.
As cidades do velho Oeste calcorreadas pelo ranger, que Civitelli mostrará hoje aos seus admiradores numa visita guiada, antes de uma inevitável sessão de autógrafos, são algumas das que estarão em destaque no salão, a par dos cenários intemporais portugueses desenhados por Luís Diferr em “Portugal”, da Veneza que Pratt tão bem recriou para Corto Maltese, das metrópoles do passado que Alix conheceu, daquelas onde Hergé levou Tintin e das Cidades Obscuras imaginadas por Schuiten e Peeters.
O salão assinala ainda o 2º Centenário do Nascimento do Historiador e Escritor Alexandre Herculano, através de uma exposição colectiva que mostra diversas adaptações das suas obras para os quadradinhos.
Fabio Civitelli e o AnimArte
Passos Coelho, sim, o premiê em funções, foi visitar a Feira de S. Mateus e, por extensão, esteve no Salão de BD de Viseu, conheceu Civitelli e levou uma cópia autografada do Tex na Sé de Viseu. Poderá talvez oferecê-lo à senhora Merkl...
Ver mais fotos e texto em Tex Willer Blog
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Jornal de Notícias, 11 de Setembro de 2011
FALECEU DANIEL HULET, ARGUMENTISTA E DESENHADOR DE BD
F. Cleto e Pina
Daniel Hulet, faleceu ontem. Nascido em 1945, estreou-se na BD apenas aos 30 anos, na revista belga Tintin, com “Charabia”, série humorística protagonizada por um gato, mas rapidamente adoptou um estilo realista, de traço fino e duro, personalizado ao longo dos anos, para narrar episódios históricos contemporâneos.
Em 1977, criou “Léo Gwen”, com argumento de Vicq, publicado no Tintin português, seguindo-se “Pharaon” e “Chris Melville”, ambas escritas por Duchâteau. Na “Vécu”criou “Les Chemins de la gloire” (1985), com Jan Bucquoy, que a Merbérica/Líber publicou parcialmente.
A partir de 1987 tornou-se autor completo, criando obras como “L’État Morbide” ou “Immondys”em que desenvolveu universos opressivos e angustiantes que ficam como a sua imagem de marca.
Daniel Hulet (1945 - 2011)
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Imagens da responsabilidade do Kuentro
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