quarta-feira, 3 de julho de 2019

NOVA COLECÇÃO - NOVELA GRÁFICA V - COM O JORNAL PÚBLICO


BDpress #500 - recorte de imprensa sobre BD - jornal Público de 29 de Junho de 2019, nova colecção Novelas Gráficas
NOVA COLECÇÃO 
NOVELA GRÁFICA V
COM O JORNAL PÚBLICO
(Às quintas feiras)

 Tudo começou em 2015, com a publicação pelo PÚBLICO, em colaboração com a Levoir, da primeira Colecção dedicada à Novela Gráfica. Uma aposta inovadora, num estilo de Banda Desenhada com um pendor mais literário, longe das características bem codificadas das anteriores colecções de BD franco-belga e Comics de super-heróis que o jornal PÚBLICO vinha editando desde 2003.

Iniciada, naturalmente, com Um Contrato com Deus, de Will Eisner, título que muitos consideram como o fundador do género, esta colecção podia ser perfeitamente definida por um único termo: liberdade. Liberdade temática, de registo gráfico, de formato, de número de páginas, numa utilização plena das imensas possibilidades da Banda Desenhada para fazer aquilo que os autores melhor sabem e querem fazer: contar histórias. Histórias que podiam ser autobiográficas, adaptações de obras literárias, biografias, de terror, de fantasia, de crítica social, de guerra, poéticas, ou profundamente humanas. Tudo dependia da vontade e do talento dos autores.

Autores vindos dos quatro cantos do Planeta, numa demonstração de diversidade, que ficou bem patente logo na primeira série, que incluía americanos como Eisner e Crumb, franceses como Moebius, Baudoin e Tardi, sul-americanos como Jodorowsky, Oesterheld, Breccia e Danilo Beiruth, espanhóis como Altarriba e Kim, para além do português Miguel Rocha, do suíço Cosey e do japonês Taniguchi, com estes dois últimos a repetirem presença em posteriores colecções, como de resto aconteceu também com Moebius, Tardi, Altarriba e Kim.

O sucesso junto dos leitores – que não se limitou aos coleccionadores habituais de BD, ajudando a criar um novo tipo mais alargado de público com interesses culturais mais abrangentes – e o reconhecimento traduzido pelos prémios atribuídos pelos principais eventos nacionais de BD, como o Festival da Amadora e a Comic Con, mostraram que esta era uma aposta certa e com futuro. Por isso, ao longo das colecções seguintes manteve-se a aposta na diversidade e na qualidade, recuperando clássicos como Mort Cinder, de Orsterheld e Breccia, V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd (que esteve em Lisboa para o lançamento do livro), Ronin, de Frank Miller, Aqui Mesmo, de Tardi e Forest e O Último Recreio, de Altuna e Trillo, ao mesmo tempo que se mostrava aos leitores a extraordinária pujança da actual Novela Gráfica espanhola, bem representada em autores que se tornaram recorrentes nestas colecções, como Paco Roca, Kim, Miguelanxo Prado e Bartolomé Seguí.

Mas a aposta na Novela Gráfica não se ficou por estas colecções anuais. Está também patente em títulos pontuais, como A Casa, de Paco Roca, ou a biografia de Billie Holiday, de Muñoz e Sampayo, entre outros. Além disso, inspirados pelo sucesso das colecções do PÚBLICO e da Levoir, a maioria das editoras generalistas, incluindo aquelas com pouca ou nenhuma tradição na edição de BD, como a Porto Editora e a Relógio d’Água, começaram também a publicar Novelas Gráficas, termo que já está perfeitamente enraizado no vocabulário dos leitores.

Na colecção de 2019, onde os autores em estreia são mais do que os que regressam, mantém-se a aposta na diversidade, bem patente no facto de albergar autores de sete nacionalidades diferentes, dois dos quais são mulheres. Uma presença feminina que acontece pela segunda vez, depois de Zeina Abirached na Colecção de 2016.

E, se em termos de género há uma evidente melhoria em relação às colecções anteriores, em termos de nacionalidades, para além de diversos autores espanhóis e americanos, temos uma iraniana e uma belga, um francês, um suíço, um belga e dois escoceses.

A abrir a Colecção, temos o regresso de um dos mais populares e prestigiados autores espanhóis da actualidade, que esta colecção ajudou a tornar conhecido dos leitores portugueses, Paco Roca, com o seu mais recente livro, O Tesouro do Cisne Negro, uma história inspirada no caso real da pilhagem dos destroços de um galeão espanhol afundado no século XVIII ao largo do Algarve. Mas Paco Roca não é o único regresso – num alinhamento onde não faltam as estreias; que serão objecto de análise num texto à parte. Também de volta está El Torres, o argumentista de O Fantasma de Gaudí, presente com O Rasto de García Lorca, uma biografia do poeta, visto por aqueles que o conheceram e ilustrada por Carlos Hernandéz.


Outro regresso é o de Bartolomé Seguí, desenhador de Histórias do Bairro e Tatuagem, que agora, ao lado do escritor Felipe Hernandéz Cava assina As Serpentes Cegas, um policial negro passado em Nova Iorque, com a Guerra Civil espanhola como pano de fundo, que valeu à dupla o Prémio Nacional dei Comic em 2009. Igualmente de retorno está Kim, o desenhador de A Arte de Voar e A Asa Quebrada, mas que desta vez não conta com a presença de António Altarriba, seu cúmplice habitual, aventurando-se a solo com Neve nos Bolsos, um relato autobiográfico sobre a sua experiência como imigrante na Alemanha durante os anos 60.

Finalmente, Alfonso Zapico, o autor de Gente de Dublin, a biografia de James Joyce que foi um dos grandes sucessos da colecção de 2018, está de volta com Café Budapeste, uma história tocante sobre a convivência entre árabes e judeus na cidade de Jerusalém, antes e depois do reconhecimento do Estado de Israel.

João Miguel Lameiras
TÍTULOS DA COLECÇÃO:

O Tesouro do Cisne Negro – Paco Roca & Guillermo Corral (4 julho)
Frango com Ameixas – Marjane Satrapi (11 julho)
A Febre de Urbicanda – Schuiten & Benoit Peeters (18 julho)
O Rasto de Garcia Lorca – El Torres & Carlos Hernández (25 julho)
Monika – Thilde Barboni & Guillem March (1 agosto)
Gorazde: Zona Protegida – Joe Sacco (8 agosto)
Flex Mentallo: Herói do Mistério – Grant Morrison & Frank Quitely (15 agosto)
Dias Sombrios – Lluís Ferrer Ferrer & Juan Escandell (22 agosto)
Como uma luva de veludo moldada em ferro – Daniel Clowes (29 agosto)
As Serpentes Cegas – Felipe Hernández Cava & Bartolomé Seguí (5 setembro)
O Número: 73304-23-4153-6-96-8 – Thomas Ott (12 setembro)
Neve nos Bolsos – Kim (19 setembro)
Café Budapeste – Alfonso Zapico (26 setembro)

  
  







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