quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O FIM DA BEDETECA DE LISBOA?


Respondendo à movimentação que tem havido sobretudo no Facebook, mas também no “diz que diz” habitual – eu soube da notícia, por exemplo, durante a inauguração da exposição Tinta nos Nervos – João Paulo Cotrim respondeu “com a devida vénia”, transcrevendo a notícia avançada pela Lusa e publicada, por exemplo na revista Visão de hoje (13Jan2010), no jornal Destak, RTP, etc... sobre o que se vai passar na bedeteca de Lisboa:

“Lisboa: Câmara Municipal reestrutura Bedeteca Lisboa, 13 Janeiro (Lusa) - A autarquia de Lisboa decidiu reestruturar a Bedeteca da cidade e integrá-la na Biblioteca Municipal dos Olivais, para racionalizar recursos, disse hoje à Lusa o director municipal de cultura, Francisco da Motta Veiga. O responsável garantiu à Lusa que a Bedeteca não será extinta, mas integrada, como um serviço especializado, na Biblioteca dos Olivais, passando a ser gerida pela coordenadora desta biblioteca, Teresa Capela. "É preciso racionalizar e não se pode perder espaço e recursos. É uma questão de articular funcionalidades. A equipa [da Bedeteca] mantém-se e as actividades também na medida das disponibilidades financeiras", disse Motta Veiga. A Bedeteca Municipal de Lisboa foi inaugurada a 23 de Abril de 1996 no Palácio do Contador-Mor, nos Olivais, onde está sedeada também a Biblioteca Municipal daquela freguesia. Durante quase uma década, a estrutura funcionou como um centro cultural dedicado à banda desenhada, ilustração e cartoon, com uma valência de preservação documental e outra de divulgação e apoio a esta expressão artística, com lançamentos editoriais e exposições. À frente da Bedeteca de Lisboa estiveram João Paulo Cotrim (1996-2002) e Rosa Barreto (2002-2010) e desde a saída desta última responsável registou-se um declínio na programação da estrutura cultural, grande parte causado pela redução de verbas. "Tomámos a decisão de articular as duas valências [Bedeteca e Biblioteca Municipal] que funcionam no mesmo edifício", reforçou o director municipal de cultura, garantindo que a medida faz parte de um plano alargado - a concretizar a longo prazo - para a rede de bibliotecas municipais da capital. Fonte da Divisão de Bibliotecas Municipais de Lisboa explicou à agência Lusa que a Bedeteca chegou a ter uma equipa de dez pessoas a trabalhar em torno da banda desenhada, reduzida actualmente a apenas três elementos. A Bedeteca, que possui cerca de oito mil volumes, apoiou a edição de novos autores de banda desenhada, realizou exposições, encontros de promoção de leitura e o Salão Lisboa de Banda Desenhada e Ilustração, tendo sido elogiada, sobretudo na viragem do século, por ter impulsionado novos valores da BD contemporânea. "A Bedeteca está reduzida a um conjunto de estantes numa sala, perdeu-se a componente de preservação da memória e o estímulo à produção", lamentou João Paulo Cotrim à agência Lusa. Para o antigo director da Bedeteca, a integração do organismo como um serviço especializado da Biblioteca Municipal dos Olivais é "um desrespeito pelos mais de dez anos de trabalho da casa". "Nunca se produziu tantos ensaios e reflexões sobre a banda desenhada, ilustração e cartoon como naquele período. Havia gente a pensar e a escrever sobre exposições e autores", disse João Paulo Cotrim. João Fazenda, Isidro Ferrer e Lorenzo Mattotti foram alguns autores da banda desenhada portuguesa e estrangeira que a Bedeteca editou e ajudou a divulgar. Actualmente no país existe uma Bedeteca, com biblioteca e programação, em Beja, e até ao verão de 2010 o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, também tinha a valência de bedeteca. Desde então passou a ter apenas acervo ligado à BD e ilustração e a organizar exposições e o Festival Amadora BD. A componente de bedeteca foi incorporada na Biblioteca Municipal da Amadora.

Alguém sabia disto?




Feira Laica, de Junho de 2007.

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7 comentários:

  1. Isso, o fim da Bedeteca, da só se deve a uma pessoa: Marcos Farrajota.

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  2. porque esse tipo é que acabou com a Bedeteca?
    ...
    e já agora, como é que só agora que o Kuentro sabe disto? Não publicam um Jornal de BD? Que jornalismo é este que não sabe de nada?

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  3. Foi a acção tendenciosa de um energúmeno que lá trabalha(va), e que só apoiava quem ele queria, que levou a este destino. Como é possível uma entidade pública, com dinheiros públicos (sim, o indivíduo até entrou para a função pública há pouco tempo: escândalo), estar ao serviço de meia dúzia de amigos? Ele até pode não gostar de muita coisa na BD nacioanl, mas enquanto funcionário público TEM A OBRIGAÇÃO de ter uma acção PÚBLICA e não privada, como fez. Quem com ferros mata, com ferros morre.
    Morra a Bedeteca, morra, PIM!
    D.I.

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  4. Caríssimo Anónimo, sem comentar os seus comentários, só uma nota: o BDjornal deixou de ser um "jornal" no sentido "jornalístico" do termo, em Agosto de 2008!!!

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  5. Tou a ver que estes comentarios estao animados.Ai se estao!Se o que a anonima em questao refere e verdade,e algo muito grave,pois sendo ou nao servico publico (ate podia ser privado) o intuito da instituicao e a divulgacao da BD na sua generalidade,independentemente de estilos,origens,sexos,religioes ou simpatias politicas(...). Quanto ao resto,nao acho que seja tao grave assim,pode ate haver algumas mais-valias em termos de catalogacao,divulgacao e articulacao com outros organismos culturais.Talvez isso traga mais gente aquele espaco,e mesmo quem nao le BD descubra o gosto por essa tao nobre arte (imagine alguem a ir para fazer um trabalho sobre o Matisse e a sair com um Mattoti debaixo do braço!).Basta que quem fique a frente do espaco tenha 'tres dedos de testa', para por a galeria,a cafetaria,e o espaco loja a bombar como noutros tempos,(e nao me venham com desculpas de orcamentos), para que a Bedeteca de Lisboa nao se torne num 'mamarracho'.

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  6. o que faz uma foto d' A Estante no Trem Azul neste post?

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  7. A bedeteca agonizou por má gestäo, estúpidez, ganancia e favoritismo ... tomou-se o amiguismo como referencia de apoio ou näo apoio, o gosto pessoal por critério universal ,usou-se dinheiro publico para favorecer apenas alguns.
    Sabemos todos, que a maioria dos autores näo podia contar com a bedeteca para nada, que entre outras coisas parecia o orgäo publicitário da chili ...que näo era justo que alguem se agarrasse a um tacho daquela envergadura para se dedicar ao compadrio, pensavam que podiam faziam e mandavam ...ora toma; enbrulhem lá esta que é para aprenderem que os alternativos que se prezam näo dependem de tachos, näo se servem do poder estabelecido para se beneficiarem, acabou-se a berlusconizacäo da bedeteca, uma desratizacäo total.
    A mim e à maioria dos autores näo vai fazer falta nenhuma

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