quinta-feira, 25 de abril de 2013

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (4) — AS EXPOSIÇÕES (2) — CONTRASTES DE LUÍS LOURO + AMIGOS DO CNBDI (4), de José Ruy



ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI - 4

EXPOSIÇÕES (2)
CONTRASTES — LUÍS LOURO
28jan2001 — 30mar2001

Continuando o historial das exposições realizadas no CNBDI — Centro Nacinal de Banda Desenhada e Imagem, aqui fica o registo da 2ª, Contrastes, de Luís Louro. Como não foi possível encontrar fotografias desta mostra, inserimos como complemento, imagens da obra de Louro, retiradas do catálogo e cujos originais foram expostos na altura.

Contracapa e capa do Catálogo

  Jim del Monaco (1992)

"Roques e Folques" - A Herança dos Templários I e II (1990 e 1992)  

O Corvo (1994)
  

Alice (1995)  

Coração de Papel (1997) e O Halo Casto (2000) 

Cogito Ego Sun (1998)  

Duende - ilustração e Zebra - ilustração (1992) 

DEPOIMENTO DO LUÍS LOURO 

À pergunta - na eventualidade de um eventual encerramento do CNBDI - sobre se vale a pena continuar a existir o CNBDI, Luís Louro respondeu:

CLARO que vale a pena continuar!!!! Mas como tudo no meio artístico eventualmente acabará por fechar... É triste mas é assim que se funciona por cá!

O CNBDI tem um papel importantíssimo na BD, como biblioteca, sala de exposições, centro cultural, de informação, suporte do festival, armazenamento de originais, base de ligação a outros festivais, apoio a autores, etc, etc, etc!

Foi lá que fiz a exposição Contrastes, a minha última exposição individual em larga escala!!!

E é sempre para lá que me desloco sempre que é necessário algo em relação à BD, o que acaba também por fazer do CNBDI um ponto de encontro entre autores e não só, de amigos todos ligados por um tema comum, a BD!!!

De todos os festivais , bibliotecas, centros culturais, etc, por que passei na minha carreira e que já desapareceram eu diria que este é o ÚLTIMO REDUTO!!!!!

E para onde vai todo o espólio? Mais uma vez para um armazém algures?
Onde livros e originais vão ganhar traça??? Tenham paciência....

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INTRODUÇÃO DE JOSÉ RUY AO SEU TEXTO HABITUAL NESTA RUBRICA - AMIGOS DO CNBDI

Se me é permitido, introduzo umas linhas extra nesta sequência que venho a escrever sobre «amizade». 


Como afirmei no início, não podemos gostar de algo ou até de alguém, sem necessariamente conhecermos primeiro muito bem o que nos prende a atenção, ou uma pessoa, se for caso disso. Por ter acompanhado intimamente todo o processo do Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, como estou a relatar nos artigozitos que o Kuentro condescende em publicar, posso afirmar que sinto amizade por esta instituição. E a minha experiência de vida garante-me que com uma contribuição conjunta, viva e positiva, podemos conseguir alterar para melhor o estado de coisas que pensamos não estar completamente bem. Ou ao nosso gosto e opinião pessoal. 



O CNBDI, é sem dúvida a única instituição do género em Portugal, e que atingiu uma dimensão que outras congéneres no estrangeiro «invejam». No entanto esta Casa da BD é injustamente ignorada por muitos, até por colegas que beneficiam dela, muitas vezes sem o saber. É meu intuito descrever os vários projetos de instalação não concretizados ainda e que há anos se mantêm à espera de oportunidade ou de vontade superior para serem aplicados. Quando o der a conhecer, os que tiverem a paciência de ler o que escrevo, por certo olharão com outros olhos e criticarão de modo diverso, pois tudo na vida tem uma explicação. Às vezes falta dar-lhe voz, e isso também tem a sua história. 



Continuemos então com… 

AMIGOS DO CNBDI (4) 
José Ruy

(...Continuação)

Nesse mesmo dia em que o Teixeira Coelho anuiu a entregar os seus originais à Amadora e se tornou num dos melhores amigos do CNBDI, o Dr. Luís Vargas contactou uma empresa de transporte porta a porta que faz serviço internacional, para trazer os pacotes com desenhos, de Florença até à Autarquia. Mas levantou-se a questão do local onde guardar em segurança tal preciosidade enquanto se fazia a contagem e organização das pranchas. Só depois dessa operação podia dar entrada na Câmara e fazer-se o registo. Entretanto esses originais estariam num limbo, sem seguro e sem condições. Condescendi guardá-los no meu ateliê, onde seriam contados e postos por ordem, pois havia várias histórias misturadas e para complicar, algumas tiras de pranchas que o Coelho ligara com fita-cola, tinham-se descolado com o tempo e estavam numa baralhada completa. Ainda por cima como as personagens eram comuns em diversas aventuras (trava-se do «Ragnar») era muito difícil de localizar a que título correspondia cada página, pois não tinham legendas.

Foi o Jorge Magalhães, que conhece toda a obra do Teixeira Coelho de trás para a frente, que fez esse importante trabalho graciosa e dedicadamente. Só depois disso o material foi registado dando finalmente e para descanso de todos, entrada no «bunker» do CNBDI que assim ganhou mais um valioso amigo.

O pormenor do «I» nesta sigla refere-se a «imagem», e foi defendido pelo Dr. José de Matos-Cruz, pois previa já nessa época que o suporte das Histórias em Quadrinhos iria mudar, como efetivamente aconteceu pouco depois, com o surgir do VHS, CD e DVD.

Mas é de destacar a forma como o estatuto da doação de originais foi inteligentemente concebida.

As doações não puseram a Câmara como proprietária do acervo, nem o autor ou seus herdeiros, mantendo-se a Autarquia como fiel depositária, obrigando-se à sua conservação, promovendo exposições e divulgando as obras. Os direitos autorais mantêm-se na posse dos autores e no caso de haver interesse de publicação por parte de editores, o CNBDI facultará o acesso aos originais. Os autores e seus herdeiros podem em qualquer altura revisitar o material, mas sem nunca lhe ser permitida a sua alienação. Isto permite uma preservação cuidada do material em causa com projeção a longo prazo.

O Coelho diligenciou para que os originais que estavam guardados pelo Jean Ollivier em Paris, viessem também para a Amadora pelo processo de transporte utilizado antes com os vindos de Itália.

Como acontecera com os lotes de originais anteriores, também este foi dormir provisoriamente no meu ateliê. Também em casa do irmão do Teixeira Coelho, a viver em Portugal, havia material de estudos, apontamentos feitos do Zoo e outros locais, em blocos que fabricávamos com os linguados de papel de jornal, excedente do formato da máquina. Quantas vezes eu acompanhara esses registos. Pensava eu terem-se perdido, mas afinal ao abalar para França, o ETC deixára-os bem guardados. Na companhia do Leonardo De Sá, fui à morada, em Loures, buscar mais um pacote que foi enriquecer o acervo sempre em crescimento.

Quando no Festival desse ano de 1998 se começou a montar a exposição na Galeria Municipal, o espaço apresentou-se pequeno para abarcar tanto material do Teixeira Coelho.

(continua...)

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