O cartaz do evento
28/10/2010 Enviado por: Pedro de Luna
DIRETOR DA RIO COMICON 2010 FALA AO JBLOG
Depois da 4ª Semana de HQ da UFRJ e da 3a Semana de quadrinhos da Travessa, agora o Rio de Janeiro se prepara para a primeira edição da ComiCon, que aportará na Estação Leopoldina de 9 a 14 de novembro. Para continuar esquentando os leitores aqui do JBlog, entrevistei por e-mail com o Roberto Ribeiro, organizador da festa, e um dos criadores da bienal de quadrinhos do Rio nos anos 90 e da FIQ, que acontece em Belo Horizonte.
JBlog - Roberto, a versão carioca da ComiCon será idêntica à que acontece nos EUA? Nesta mega-livraria de HQ estarão todas as editoras e os independentes, como será essa parte dedicada a comercialização (e troca) de produtos?
Roberto Ribeiro - Estamos organizando o Rio Comicon que é um evento internacional. Ele não será idêntico ao evento que acontece em San Diego (ComicCon). Nós resgataremos a experiência com eventos do gênero já realizados no Brasil, mas buscaremos também destacar autores e a produção nacional, as influências do quadrinho autoral europeu e olhar para a experiência de San Diego ao abrir espaço para a cultura pop.
JBlog - A divulgação tem sido feita principalmente em cima da vinda do Manara e do inglês Kevin O’Neill. Você considera os dois como nomes fortes o suficiente para bombar o evento como os da Bienal nos anos 90?
RR - A Melinda Gebbie tem também ocupado um grande espaço na divulgação. Há outros autores que não tem recebido, infelizmente, o mesmo tratamento da mídia e, portanto, são bons autores como os franceses Etienne Davodeau, François Boucq, Killoffer ou os argentinos Lucas Nine e Patricia Breccia. Nós não buscamos comparar este evento aos que já ocorreram no Brasil. Foram momentos diferentes e épocas diferentes. É difícil comparar situações diferentes.
JBlog - No site oficial diz que “ainda que o festival tenha o seu enfoque principal nas histórias em quadrinhos, ele tentará dar voz ao movimento de muitos representantes da arte pop que, através da incorporação da publicidade, de imagens televisivas, cinema e arte urbana, recusam a separação arte/vida”. Como será a participação das outras manifestações?
RR - A área comercial do Rio Comicon pretende ser, ao mesmo tempo, um espaço de atividades culturais envolvendo empresas, grupos e artistas independentes que desenvolvem ações relacionadas ao universo dos quadrinhos e a cultura pop. Os estandes serão alugados diariamente. Não serão aceitas mais de duas (02) fichas de inscrições de um mesmo expositor para o mesmo dia.
JBlog - Os ingressos custam R$ 10 (cerca de € 5,00 - nota do Kuentro) para o público geral. Estudantes pagam R$ 5 (cerca de € 2,50 - nota do Kuentro). Por que o evento não tem entrada franca se existe um patrocinador como a OI? Como ficam os estudantes da rede pública, por exemplo?
RR - Um evento com patrocínio não implica ausência de bilheteria. A Bienal do livro tem patrocínios de grandes empresas e nem por isso é um evento gratuito. A Flip também é um evento pago e poderia-se citar dezenas deles e todos com patrocínio. Em nosso caso, significa apenas que o patrocínio não é, infelizmente, suficiente para assumir todos os custos de produção o que é, geralmente, o caso para a maioria dos eventos de cultura. Os estudantes tem direito a meia entrada. Consideramos também que o preço do ingresso está entre os mais baratos da cidade.
JBlog - Ainda no site, há a marca do Estado e da Secretaria de Cultura. Qual está sendo a contrapartida social do evento para o governo?
RR - A presença do governo do estado do Rio de Janeiro é função do benefício fiscal concedido através da lei de incentivo a cultura do estado (lei do icms). Se o evento se beneficiasse da lei de incentivo a cultura federal (lei rouanet), também colocaríamos a logo do MinC. Além disso, todos os debates e palestras terão tradução em libra.
JBlog - O que vocês esperam conseguir para os envolvidos com quadrinhos no RJ após a realização da ComiCon? Qual o legado ou que fica para 2001, 2012, etc?
RR - Um evento desta natureza ajuda a movimentar o mercado de quadrinhos, cria melhores condições de trabalho para os profissionais envolvidos. Caso o evento consiga uma periodicidade anual, ele permitirá que os editores planifiquem seus lançamentos e os livreiros suas promoções. Esquenta o mercado.
Não estamos realizando um evento internacional em que deixaremos estruturas e instalações para a população usar. O festival ajuda a formar um público leitor e consumidor, facilita as relações do profissional com o editor. Alguns de nossos melhores desenhistas conseguiram espaço no mercado europeu como, por exemplo, Marcello Quintanilha, depois que suas obras foram vistas em um evento de HQs.
JBlog - Haverá algum debate em torno dos projetos de leis para desenvolvimento dos quadrinhos nacionais ou políticas públicas é assunto proibido?
RR - No Rio Comicon 2010 não haverá esse debate que vem sendo realizado em diversos eventos de quadrinhos no Brasil. No último FIQ, em outubro de 2009, promovemos essa discussão.
JBlog - Você esteve por trás da Bienal nos anos 90 e está por trás da FIQ, em BH, e agora da ComiCon. A Casa 21 vai dominar o mundo dos festivais de quadrinhos? (risos) Por que nenhuma outra produtora ou agência conseguiu realizar eventos do gênero que seriam bem vindos o ano todo?
RR - Não temos essa pretensão. Gostamos de quadrinhos e é o que, talvez, consigamos fazer um pouco melhor do que outras atividades. Nós também gostaríamos de ver outras empresas organizando e assumindo riscos na realização de eventos de quadrinhos. Como você disse, há espaço para todos e o Brasil é suficientemente grande para sediar grandes eventos de quadrinhos ao longo do ano.
JBlog - Por fim, haverá alguma forma de transmissão para o resto do Brasil, para os que não podem vir ao Rio? Ou mesmo uma previsão para o evento acontecer em outras cidades na seqüência?
RR - Estamos conversando com a Oi a possibilidade de transmissão via web das palestras e debates. Esperamos que funcione. Por enquanto, estamos apenas preocupados com a realização do evento no Rio de Janeiro. Os desdobramentos dependerão, obviamente, do sucesso deste evento.
PS 1 – A empresa OI, patrocinadora do evento, não respondeu às perguntas enviadas por e-mail através da assessoria de imprensa do festival.
PS 2 – As imagens que ilustram a entrevista são do projeto cenográfico foram criados por Chico de Assis e Christiano Menezes, da Retina 78.
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