segunda-feira, 18 de outubro de 2010

BDpress #188: Carlos Pessoa no suplemento Ípsilon, do Público, sobre MOEBIUS


Público, suplemento Ípsilon, 19 Outubro, 2010

AS METAMORFOSES DE MOEBIUS NA FUNDAÇÃO CARTIER

Carlos Pessoa

Inquieto, desafiador, iconoclasta, imprevisível.

Quase todos os adjectivos podem ser aplicados à obra e ao percurso de Giraud/Moebius mas é elevado o risco de ficarem muito aquém do que há de mais substancial nas suas criações. Uma exposição inaugurada esta terça-feira na Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, em Paris (pode ser visitada até 13 de Março do próximo ano) procura fixar esse corpo de trabalho.
"Moebius-Transe-Forme" é o título da exposição, a primeira do autor em Paris com esta dimensão, que reúne mais de três centenas de desenhos originais, incluindo ilustrações inéditas. A palavra-chave para ver e entender a mostra é "metamorfose", algo que tem atravessado o percurso do artista de forma constante e consistente.

Moebius nasceu Jean Giraud no dia 8 de Maio de 1938 (Nogent-sur-Marne, França) e começou por assinar como Gir a sua primeira obra maior, a partir de 1963 - a série "westem" Fort Navajo, depois intitulada Blueberry. Moebius só aparece em 1975, quando o artista participou na fundação da mítica revista "Métal Hurlant", surpreendendo tudo e todos com um estilo gráfico e temáticas que estavam nos antípodas do registo realista da fase anterior. "Arzach" (1976), "Le Garage Hermétique" e, sobretudo, o genial "L'Incal" (1980, em parceria com o inclassificável Alexandro Jodorowski) são estações fundamentais de uma viagem questionadora e reflexiva que se prolonga em belíssimas ilustrações, serigrafias, capas e, fora deste registo, em incursões no cinema - "O Quinto Elemento", de Luc Besson; "O Abismo", dejames Carneron; "Tron", de Steven Usberger; "Alien", de Ridley Scott ou o filme de animação "Les Maitres du Temps", de René Laloux).

Dois novos filmes apresentados em antestreia: um filme de animação em 3D inspirado no álbum de Moebius "La Planet Encor "e um documentário de 52 minutos sob a forma de um retrato do artista.

Esta exposição na Fundação Cartier não é uma estreia de Giraud-Moebius naquela instituição, pois a obra do artista já ali tinha estado exposta em 1999 no quadro de "1 Monde Réel", uma exposição articulada em tomo das relações entre a realidade, a ficção e a ficção científica.


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