Entrevista a Hugo Teixeira, publicada na Zona Gráfica Volume 1, revista alternativa de BD e ilustração nacional do projecto ZONA
O seu mais recente trabalho foi apresentado no último Festival Internacional de BD da Amadora, com argumento de Ana Vidazinha e chancela editorial da ASA, e é o primeiro livro de uma história juvenil que, a avaliar pela recepção do público, promete conquistar um bom número de leitores. O nome é “Mahou Na Origem da Magia ” e, para os potenciais interessados, aqui fica a sinopse:
“Depois de ter consultado um livro numa biblioteca, Bia vê-se transportada para o planeta Mahou, descobrindo aí as suas raízes familiares. Em Mahou existia Magia: a Magia Comum e a Alta Magia, até que se deu o Grande Cisma e se expandiu a Tecnologia, iniciando-se uma guerra que durou anos… Mahou viu-se transformado sem respeito por nada! Mas Bia encerra em si um grande poder…“
No entanto, a entrevista que se segue ocorreu alguns meses antes do lançamento deste último trabalho…
Como nasceu a tua paixão pela BD e pelo universo das artes em geral?
Fui sempre autodidacta, sempre desenhei começando por fazer cópias de desenhos, primeiro da Disney depois passando para coisas mais adultas. Sempre gostei de pintar também, comecei a estudar (por mim próprio) a pintura a aguarela e guache, passando posteriormente para acrílico e óleo (embora a óleo tenha feito poucas pinturas, tinha um quarto muito pequeno e o cheiro era intenso).
Fazia tudo isto por gozo e passo a expressão: para mostrar à família e amigos. Mais tarde e depois de já ter adquirido alguma maturidade frequentei um pequeno curso livre de desenho e pintura num atelier em Amarante administrado pela Isabel Ribas, que considero uma das melhores pintoras da actualidade em Amarante.
Frequentei este atelier porque me inspirava todo aquele ambiente, e além disso aprendi a parte teórica, coisa que até à altura fazia por instinto. Posteriormente neste atelier cheguei a fazer uma exposição individual de pintura e ilustração, e cheguei a vender umas aguarelas para um outro atelier de Belas Artes.
De todas as obras de BD que já produziste até hoje, longas ou curtas, qual aquela de que te orgulhas mais?
Provavelmente a curta Um Olhar, uma BD que fiz no âmbito do concurso do Festival Internacional da Amadora, esteve lá em exposição mais tarde saiu no BDjornal e foi nomeada para melhor curta. Não estava de todo a contar com isto.
Além do mais foi uma BD que até hoje não sei como a fiz, colori tudo em acrílico, demorei imenso tempo e cheguei a fazer algumas directas. Gostei do resultado final. E com isto dei também o meu primeiro autógrafo vindo do nada, na altura ao nosso amigo (ainda desconhecido) Rui Ramos.
A manga continua a ser o teu género favorito? Quais as tuas maiores referências?
Sim sem dúvida. A nível de traço sou altamente influenciado pelo Tsutomu Nihei autor de “Blame!”, pois foi este primeiro manga que investiguei a sério, dando imenso ênfase aos cenários que considero também como personagens. Gosto do Yukito Kishiro, autor de “Gunnm” e “Gunnm Last Order”, venero a sua arte.
Acho que tenho também algumas influências do Hiroaki Samura criador do “Blade of The Immortal”, com o seu traço “nervoso”. Influencio-me pela Manhwa, (BD Coreana) estou a gostar imenso do estilo de Park Joong-Ki autor do “Shaman Warrior”. Podemos dizer também que sou influenciado pela BD francófona, principalmente a nível de histórias.
Estranhamente são os meus dois géneros favoritos (manga e franco-belga), embora também leia bastantes Comics, gosto de Frezzato autor “d’Os Guardiães de Maser”, de Civiello com as suas gigantes e espectaculares pranchas pintadas em grandes formatos. Uma outra obra que me marcou bastante foi “Fadas e Ternos Autómatos” de Béatrice Tillier e Téhy, temos por último e não menos importante a dupla Barbucci e Baneppa autores da “Sky Doll”.
Os teus últimos trabalhos denotam um certo experimentalismo e uma procura de um estilo novo. Queres falar-nos sobre isso?
Normalmente em BD’s curtas sou bastante experimentalista. Gosto de explorar outras áreas. Explorar outro tipo de influências não manga. Não estou propriamente à procura de um estilo novo, estou simplesmente a experimentar. Penso que sou bastante versátil, deixo marcas diferentes em todas as curtas que faço.
No entanto tento deixar sempre a minha marca com aguarela. Como já me disseram: “muito gostas tu de caminhantes e monólogos”. Ao qual eu respondi: sim gosto de caminhantes pois tenho esperança que cheguem a algum lado, os monólogos já fazem parte da minha maneira de ser.
Se tivesses de aconselhar um jovem talento, o que dirias?
O panorama da BD em Portugal não é muito famoso nos dias que correm, mas sei que num futuro não muito próximo (poderá ser já amanhã) novos artistas surgirão. O único conselho que posso realmente dar é que nunca desistam e desenhem até ter calos nos dedos. Nunca parar de desenhar. Pois é possível com dedicação e um pouco de disciplina, coisa que eu nem sempre tenho.
Para saber mais acerca do trabalho do Hugo Teixeira, consulte os seguintes links:
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Aqui ficam as pranchas de UM OLHAR:
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