segunda-feira, 10 de março de 2014

JOBAT NO LOULETANO – MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (155-156) – CARLOS ROQUE (1) por Leonardo De Sá


MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (155-156)

O Louletano, 10 | Novembro | 2008

É com imenso prazer que hoje iniciamos a publicação de uma histó­ria em BD de Carlos Roque – há dois anos falecido, velho companheiro no campo da ilustração, antigo colega na Escola António Arroio e excepcional profissional na área do grafismo –, e de sua esposa, Monique Roque.

Não foi extensa a sua pro­dução no campo das Histórias aos Quadradinhos e, talvez por se ter ausentado alguns anos do nosso país, o seu nome não seja dos mais conhecidos entre os ilustradores portugue­ses. Porém, o apuro formal e a subtileza patentes nas tarefas artísticas por ele executadas depressa o demarcaram como um artista respeitado e admirado nas áreas da ilustração e do grafismo.

A publicação desta série mais não é do que a nossa home­nagem ao artista e amigo prematuramente ausente do nosso convívio. Incluiremos também, seguidamente, um texto escrito por Monique Roque lido aquando de uma homenagem recente prestada ao seu marido.

Iniciaremos a publicação desta BD com um texto biográfico, revisto e actualizado, de Leonardo De Sá – investigador já co­nhecido nesta secção –, com um tópico retirado do "Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal", do qual é co-autor com António Dias de Deus, e aos quais expressamos o nosso agradecimento.

Desejamos a todos agradáveis momentos de leitura e en­tretenimento.

José Batista

PS – Uma falha técnica no envio da secção 9a ARTE, via internet , inviabilizou a sua publicação nas duas últimas semanas. Pedimos desculpa aos nossos leitores pelo sucedido. Jobat

Carlos Roque (12 de Abril de 1936 - 27 de Julho de 2006)

CARLOS ROQUE – 1
Por Leonardo De Sá

Nasceu a 12 de Abril de 1936, em Lisboa, tendo feito o curso de Desenhador-Gravador-Litógrafo da Escola António Arroio. Cedo iniciou a sua actividade como aprendiz tipógra­fo, desenhador litografo e ilustrador de publicidade em 1950, passando depois a trabalhar para agências e como independente. Ainda leitor, Carlos Santos Ro­que teve alguns desenhos publicados em O Mosquito e O Mundo de Aventuras, em 1951, e mais tarde na Joaninha (2ª série). Foi maquetista, desenhador e paginador das publicações O Século, O Século Ilustrado, Modas & Bordados, Vida Mundial. Trabalhou também na agência de pu­blicidade de Ruy Manso. As suas primeiras histórias aos quadradinhos apareceram no Camarada (2ª série) em 1959, onde assinou também sob o pseudónimo "Tibúrcio", nomeadamente as "Tropelias do Malaquias". Para esta editora realizou diversas capas, tendo sobretudo tido o seu próprio álbum O Cruzeiro do Caranguejo publicado em 1964, em três edições, depois da publicação da história naquela revista da Mocidade Portuguesa. Entretanto, colaborara já com o estúdio Publiart, das Éditions du Lombard, realizando várias tiras publici­tárias em banda desenhada, assim como depois para a Publiart-Jeunesse. »»


Capa do álbum "O Cruzeiro do Caranguejo", de Carlos Roque, editado em 1964. BD original­mente publicada na revista "Ca­marada", 2ª série, no ano anterior.

Pranchas da série "Wladimyr", criação de Moni­que e Carlos Roque, publicada na revista belga "Spirou".

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O Louletano, 17 | Novembro | 2008

CARLOS ROQUE – 2
Por Leonardo De Sá

Instalado mais definitivamente na Bélgica desde 1964, trabalhou no departamento de publicidade da revista Tintin, fazendo também aí algumas curtas BD com argumentos de Yves Duval. A partir de Novembro de 1965, começou no Spirou belga (com bandas desenhadas e também com maquetização e paginação da revista e outras edições Dupuis), onde foi também editado "O Cruzeiro do Caranguejo" em 1979. 

Colaborou ainda na edição flamenga dessa publicação, Robbedoes, depois de 1983. A série "Angélique", igualmente produzida no Spirou belga (1968-71), teve desenhos seus e histórias de Monique Roque (por vezes argumentos de Raoul Cauvin e de Charles Jadoul), de que houve traduções no suplemento Pim-Pam-Pum!, de O Século, e na 2a série do Spirou português. Ainda com argumentos de sua esposa, Monique, surgiu em 1969 uma outra criação para essa re­vista: o pato "Wladimyr", com o qual obteve em Bruxelas o prémio Saint-Michel, em 1976. Algumas pranchas desta série foram depois publicadas na 2ª série de Selecções BD, a partir de 1998. Carlos Roque teve participação na revista O Mosquito (5ª série) e no Almanaque O Mosquito da mesma altura. Regressado a Portugal de forma mais perene em 1987, pouco antes da crise da famosa publicação flamenga Spirou, executou capas e arranjos gráficos para a Bertrand e outras editoras, e ainda realizou a solo o suplemento TV Guia Júnior, em 1996-97, para o semanário de televisão TV Guia, com passatempos e com várias reedições de BDs de sua autoria. Encontramos também colaborações suas na revista Rua Sésamo, ainda da TV Guia Editora, a fechar o século XX. Manteve sempre os contactos e as edições na Bélgica, participando nomeadamente na série "Balise à Cartoons" da revista Spirou, a partir de 2000. Faleceu em Louvain, no país que o adoptou, a 27 de Julho de 2006.


Em memória de Carlos Roque
por Monique Roque

Amigos e amigas da B.D.

Vou tentar fazer um curto relato da minha vida, especialmente em relação com a Banda Desenhada. Quero frisar que até ao meu encontro, em Bruxelas, com o Carlos Roque, não era uma grande fã de BD. Foi ele quem me fez entrar no mundo da BD e pela por­ta grande. Conheci nomes sonantes que se revelaram ser gente simples e muito simpática. Só para citar alguns: Hergé, Franquin, Morris, Roba, Uderzo e Goscinny, Hugo Pratt e tantos outros!

A minha vida profissional decorreu em organismos inter­nacionais como o Euratom e a F.A.O. (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, em Roma), Bancos e Cias americanas e multinacionais, na Bélgica.

Depois, em Portugal, fiz várias traduções de livros artísti­cos e turísticos. Fui também professora de Francês no Banco de Portugal, no I.N.A. (Instituto Nacional de Administração), no Ministério da Segurança Social e do Trabalho, etc.

Mas voltemos à BD e ao Carlos Roque. Para aqueles que não o conhecem, Carlos era um desenhador e gráfico cujos primeiros trabalhos de destaque, publicados no Camarada 2ª série, foram a série comica Tropelias do Malaquias e O Cruzeiro do Caranguejo — o primeiro álbum cartonado de um autor português e uma das criações mais emblemáticas da nossa BD humorística. »»

17º Salão Internacional de BD de Moura, 22 de Abril 2011.
Carlos Rico, Monique Roque e o Presidente da C.M. de Moura, na inauguração da exposição dedicada a Carlos Roque.

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