MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (155-156)
É com imenso prazer que hoje iniciamos a publicação de uma história em BD de Carlos Roque – há dois anos falecido, velho companheiro no campo da ilustração, antigo colega na Escola António Arroio e excepcional profissional na área do grafismo –, e de sua esposa, Monique Roque.
Não foi extensa a sua produção no campo das Histórias aos Quadradinhos e, talvez por se ter ausentado alguns anos do nosso país, o seu nome não seja dos mais conhecidos entre os ilustradores portugueses. Porém, o apuro formal e a subtileza patentes nas tarefas artísticas por ele executadas depressa o demarcaram como um artista respeitado e admirado nas áreas da ilustração e do grafismo.
A publicação desta série mais não é do que a nossa homenagem ao artista e amigo prematuramente ausente do nosso convívio. Incluiremos também, seguidamente, um texto escrito por Monique Roque lido aquando de uma homenagem recente prestada ao seu marido.
Iniciaremos a publicação desta BD com um texto biográfico, revisto e actualizado, de Leonardo De Sá – investigador já conhecido nesta secção –, com um tópico retirado do "Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal", do qual é co-autor com António Dias de Deus, e aos quais expressamos o nosso agradecimento.
Desejamos a todos agradáveis momentos de leitura e entretenimento.
José Batista
PS – Uma falha técnica no envio da secção 9a ARTE, via internet , inviabilizou a sua publicação nas duas últimas semanas. Pedimos desculpa aos nossos leitores pelo sucedido. Jobat
Nasceu a 12 de Abril de 1936, em Lisboa, tendo feito o curso de Desenhador-Gravador-Litógrafo da Escola António Arroio. Cedo iniciou a sua actividade como aprendiz tipógrafo, desenhador litografo e ilustrador de publicidade em 1950, passando depois a trabalhar para agências e como independente. Ainda leitor, Carlos Santos Roque teve alguns desenhos publicados em O Mosquito e O Mundo de Aventuras, em 1951, e mais tarde na Joaninha (2ª série). Foi maquetista, desenhador e paginador das publicações O Século, O Século Ilustrado, Modas & Bordados, Vida Mundial. Trabalhou também na agência de publicidade de Ruy Manso. As suas primeiras histórias aos quadradinhos apareceram no Camarada (2ª série) em 1959, onde assinou também sob o pseudónimo "Tibúrcio", nomeadamente as "Tropelias do Malaquias". Para esta editora realizou diversas capas, tendo sobretudo tido o seu próprio álbum O Cruzeiro do Caranguejo publicado em 1964, em três edições, depois da publicação da história naquela revista da Mocidade Portuguesa. Entretanto, colaborara já com o estúdio Publiart, das Éditions du Lombard, realizando várias tiras publicitárias em banda desenhada, assim como depois para a Publiart-Jeunesse. »»
Instalado mais definitivamente na Bélgica desde 1964, trabalhou no departamento de publicidade da revista Tintin, fazendo também aí algumas curtas BD com argumentos de Yves Duval. A partir de Novembro de 1965, começou no Spirou belga (com bandas desenhadas e também com maquetização e paginação da revista e outras edições Dupuis), onde foi também editado "O Cruzeiro do Caranguejo" em 1979.
Não foi extensa a sua produção no campo das Histórias aos Quadradinhos e, talvez por se ter ausentado alguns anos do nosso país, o seu nome não seja dos mais conhecidos entre os ilustradores portugueses. Porém, o apuro formal e a subtileza patentes nas tarefas artísticas por ele executadas depressa o demarcaram como um artista respeitado e admirado nas áreas da ilustração e do grafismo.
A publicação desta série mais não é do que a nossa homenagem ao artista e amigo prematuramente ausente do nosso convívio. Incluiremos também, seguidamente, um texto escrito por Monique Roque lido aquando de uma homenagem recente prestada ao seu marido.
Iniciaremos a publicação desta BD com um texto biográfico, revisto e actualizado, de Leonardo De Sá – investigador já conhecido nesta secção –, com um tópico retirado do "Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal", do qual é co-autor com António Dias de Deus, e aos quais expressamos o nosso agradecimento.
Desejamos a todos agradáveis momentos de leitura e entretenimento.
José Batista
PS – Uma falha técnica no envio da secção 9a ARTE, via internet , inviabilizou a sua publicação nas duas últimas semanas. Pedimos desculpa aos nossos leitores pelo sucedido. Jobat
Carlos Roque (12 de Abril de 1936 - 27 de Julho de 2006)
CARLOS ROQUE – 1
Por Leonardo De Sá
Nasceu a 12 de Abril de 1936, em Lisboa, tendo feito o curso de Desenhador-Gravador-Litógrafo da Escola António Arroio. Cedo iniciou a sua actividade como aprendiz tipógrafo, desenhador litografo e ilustrador de publicidade em 1950, passando depois a trabalhar para agências e como independente. Ainda leitor, Carlos Santos Roque teve alguns desenhos publicados em O Mosquito e O Mundo de Aventuras, em 1951, e mais tarde na Joaninha (2ª série). Foi maquetista, desenhador e paginador das publicações O Século, O Século Ilustrado, Modas & Bordados, Vida Mundial. Trabalhou também na agência de publicidade de Ruy Manso. As suas primeiras histórias aos quadradinhos apareceram no Camarada (2ª série) em 1959, onde assinou também sob o pseudónimo "Tibúrcio", nomeadamente as "Tropelias do Malaquias". Para esta editora realizou diversas capas, tendo sobretudo tido o seu próprio álbum O Cruzeiro do Caranguejo publicado em 1964, em três edições, depois da publicação da história naquela revista da Mocidade Portuguesa. Entretanto, colaborara já com o estúdio Publiart, das Éditions du Lombard, realizando várias tiras publicitárias em banda desenhada, assim como depois para a Publiart-Jeunesse. »»
Capa do álbum "O Cruzeiro do Caranguejo", de Carlos Roque, editado em 1964. BD originalmente publicada na revista "Camarada", 2ª série, no ano anterior.
Pranchas da série "Wladimyr", criação de Monique e Carlos Roque, publicada na revista belga "Spirou".
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O Louletano, 17 | Novembro | 2008
CARLOS ROQUE – 2
Por Leonardo De Sá
Instalado mais definitivamente na Bélgica desde 1964, trabalhou no departamento de publicidade da revista Tintin, fazendo também aí algumas curtas BD com argumentos de Yves Duval. A partir de Novembro de 1965, começou no Spirou belga (com bandas desenhadas e também com maquetização e paginação da revista e outras edições Dupuis), onde foi também editado "O Cruzeiro do Caranguejo" em 1979.
Colaborou ainda na edição flamenga dessa publicação, Robbedoes, depois de 1983. A série "Angélique", igualmente produzida no Spirou belga (1968-71), teve desenhos seus e histórias de Monique Roque (por vezes argumentos de Raoul Cauvin e de Charles Jadoul), de que houve traduções no suplemento Pim-Pam-Pum!, de O Século, e na 2a série do Spirou português. Ainda com argumentos de sua esposa, Monique, surgiu em 1969 uma outra criação para essa revista: o pato "Wladimyr", com o qual obteve em Bruxelas o prémio Saint-Michel, em 1976. Algumas pranchas desta série foram depois publicadas na 2ª série de Selecções BD, a partir de 1998. Carlos Roque teve participação na revista O Mosquito (5ª série) e no Almanaque O Mosquito da mesma altura. Regressado a Portugal de forma mais perene em 1987, pouco antes da crise da famosa publicação flamenga Spirou, executou capas e arranjos gráficos para a Bertrand e outras editoras, e ainda realizou a solo o suplemento TV Guia Júnior, em 1996-97, para o semanário de televisão TV Guia, com passatempos e com várias reedições de BDs de sua autoria. Encontramos também colaborações suas na revista Rua Sésamo, ainda da TV Guia Editora, a fechar o século XX. Manteve sempre os contactos e as edições na Bélgica, participando nomeadamente na série "Balise à Cartoons" da revista Spirou, a partir de 2000. Faleceu em Louvain, no país que o adoptou, a 27 de Julho de 2006.
Vou tentar fazer um curto relato da minha vida, especialmente em relação com a Banda Desenhada. Quero frisar que até ao meu encontro, em Bruxelas, com o Carlos Roque, não era uma grande fã de BD. Foi ele quem me fez entrar no mundo da BD e pela porta grande. Conheci nomes sonantes que se revelaram ser gente simples e muito simpática. Só para citar alguns: Hergé, Franquin, Morris, Roba, Uderzo e Goscinny, Hugo Pratt e tantos outros!
A minha vida profissional decorreu em organismos internacionais como o Euratom e a F.A.O. (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, em Roma), Bancos e Cias americanas e multinacionais, na Bélgica.
Depois, em Portugal, fiz várias traduções de livros artísticos e turísticos. Fui também professora de Francês no Banco de Portugal, no I.N.A. (Instituto Nacional de Administração), no Ministério da Segurança Social e do Trabalho, etc.
Mas voltemos à BD e ao Carlos Roque. Para aqueles que não o conhecem, Carlos era um desenhador e gráfico cujos primeiros trabalhos de destaque, publicados no Camarada 2ª série, foram a série comica Tropelias do Malaquias e O Cruzeiro do Caranguejo — o primeiro álbum cartonado de um autor português e uma das criações mais emblemáticas da nossa BD humorística. »»
Em memória de Carlos Roque
por Monique Roque
Amigos e amigas da B.D.
Vou tentar fazer um curto relato da minha vida, especialmente em relação com a Banda Desenhada. Quero frisar que até ao meu encontro, em Bruxelas, com o Carlos Roque, não era uma grande fã de BD. Foi ele quem me fez entrar no mundo da BD e pela porta grande. Conheci nomes sonantes que se revelaram ser gente simples e muito simpática. Só para citar alguns: Hergé, Franquin, Morris, Roba, Uderzo e Goscinny, Hugo Pratt e tantos outros!
A minha vida profissional decorreu em organismos internacionais como o Euratom e a F.A.O. (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, em Roma), Bancos e Cias americanas e multinacionais, na Bélgica.
Depois, em Portugal, fiz várias traduções de livros artísticos e turísticos. Fui também professora de Francês no Banco de Portugal, no I.N.A. (Instituto Nacional de Administração), no Ministério da Segurança Social e do Trabalho, etc.
Mas voltemos à BD e ao Carlos Roque. Para aqueles que não o conhecem, Carlos era um desenhador e gráfico cujos primeiros trabalhos de destaque, publicados no Camarada 2ª série, foram a série comica Tropelias do Malaquias e O Cruzeiro do Caranguejo — o primeiro álbum cartonado de um autor português e uma das criações mais emblemáticas da nossa BD humorística. »»
17º Salão Internacional de BD de Moura, 22 de Abril 2011.
Carlos Rico, Monique Roque e o Presidente da C.M. de Moura, na inauguração da exposição dedicada a Carlos Roque.
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