segunda-feira, 7 de maio de 2012

JOBAT NO LOULETANO – 9ª ARTE – MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (XLII e XLIII) – CARLOS ALBERTO – UM PINTOR QUE COMEÇOU NA BD (1 e 2) – por Jorge Magalhães




9ª ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA
(XLII - XLIII)


É com redobrado prazer que hoje iniciamos a publicação de uma BD ilustrada por Carlos Alberto, a última por si realizada, a qual tem por base um argumento de Jorge Magalhães. Inserimos tam­bém deste autor, um texto sobre o ilustrador, com a resenha da sua produção nesta área. Sobre ambos - ilustrador e argumentista - nome e obra dispensam comentários.

O título e legendagem desta BD é da autoria de Catherine Labey.

Estamos pois, editor, coordenador e leitores de parabéns pelo texto e prosa hoje dados à estampa. Endereçamos aos respectivos autores, e a quantos tornaram possível a sua publicação, o nosso muito obrigado. JB


PS: A série "A Maldição Branca", terminada na passada semana, foi inicialmente publicada n' "O Mosquito" entre os números 932, de 29/05/ 1948, e 941, de 30/06/ do mesmo ano. As nossas desculpas pelo lapso. 



CARLOS ALBERTO
UM PINTOR QUE COMEÇOU NA BD – 1 


por Jorge Magalhães 

Embora Carlos Alberto Santos seja mais conhecido como pintor de reais méritos, pertence-lhe, de pleno direito, um lugar na BD portuguesa. Não pelo número (escasso) das suas obras mas peios aotes reveiaaos aesae o inicio.

Com uma carreira dividida entre a ilustração e a pintura, talvez Carlos Alberto nunca imaginasse que esse punhado de histórias aos quadradinhos viria a ser tão apreciado.

Curiosamente, um dos seus últi­mos trabalhos em banda desenhada – uma biografia da vida aventurosa de Camões, misturando história e lenda, ficção e realidade – é considerado a sua obra mais perfeita, tendo sido re­editada em 1990 pelas Edições Asa, com a nota inédita da cor, dada pelo próprio artista.

Mas recuemos ao princípio da car­reira de Carlos Alberto como desenha­dor: foi em 1948, no Camarada (1a sé­rie) - quando já trabalhava no atelier de publicidade de José David que o seu traço nítido e firme, ao mesmo tempo dinâmico e harmonioso, se tornou notado; primeiro em ilustrações soltas, a prova de ensaio para tra­balhos de maior vulto, depois numa HQ intitulada O Escudo do Sarrace­no, que confirmou em absoluto as precoces qualidades reveladas. Saliente-se que Carlos Alberto tinha, nessa altura, apenas 16 anos.

Foi uma estreia auspiciosa, mas o Camarada estava à beira da suspen­são, pelo que d'O Escudo do Sarraceno só se publicaram dezasseis páginas, em que a faceta de ilustrador já se impunha à técnica da narração figurativa.

Aliás, Carlos Alberto confessa abertamente: «Não me considero um desenhador de BD, pois a minha obra, além de curta e sem continuidade, é desconexa em técnica. Mas à BD devo a experiência e os conhecimentos – o movimento das figuras, por exemplo - que me permitem, hoje, fazer um certo tipo de pintura.»

Depois do Camarada veio o Mundo de Aventuras, editado pela Agên­cia Portuguesa de Revistas, em cujos quadros Carlos Alberto iria ter participação activa, não só como desenhador de histórias aos quadradi­nhos, mas também fazendo ilustrações, arranjos gráficos, capas de livros e colecções de cromos.

Entre essas HQ conta-se a História Maravilhosa de João dos Ma­res, publicada no Mundo de Aventuras a partir do n° 1 (14/8/49), e assi­nada com a insígnia do estúdio de José David, que na altura funcionava como secção de desenho da Fotogravura Nacional. Mas entre essa histó­ria e a seguinte, intitulada Ousadia Triunfante e dada à estampa também no Mundo de Aventuras, decorreram cerca de seis anos.


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CARLOS ALBERTO
UM PINTOR QUE COMEÇOU NA BD – 2

por Jorge Magalhães 

Nesse ínterim, Carlos Alberto - além de realizar para ou­tra editora uma adaptação em quadradinhos do filme Tarzan e a Escrava, publicada em forma de livro - executou uma colecção de cromos que ainda hoje é relembrada e constituiu um dos mais retumbantes êxitos da Agência Portuguesa de Revistas: a História de Portugal. Com sucessivas reedições, rapidamente esgotadas, essa colecção – que aliava a beleza gráfica ao interesse lúdico e didáctico – foi o trampolim para outras de igual nível, como Trajos Típicos de Todo o Mundo e História de Lisboa, que firmaram definitiva­mente os créditos de Carlos Alberto como um ilustrador e pintor de invulgar talento.

Nem por isso a BD ficou pelo caminho. Após Ousa­dia Triunfante, outras histórias se seguiram, num ritmo bastante regular, embora com diferenças marcantes de qualidade e de estilo: A Espada Nazarena, O Combate de Pembe, O Santo Condestável, O Capitão Bravo (to­das no Mundo de Aventuras) e O Infante Santo (na Co­lecção Audácia) – em que é patente a formação clássica de Carlos Alberto e o seu interesse pelos temas históricos –, além de Os Fidalgos da Casa Mourisca, em oito fas­cículos, palavrosa adaptação da obra de Júlio Dinis, a que o seu autor não dá especial apreço, mas que hoje é um regalo para os coleccionadores.

Foram 20 anos ao serviço da Agência Portuguesa de Revistas, onde também trabalhavam, entre outros, José Baptista e José Antunes; vinte anos de um trabalho febril, exaustivo, fazendo HQ, cromos, e doses maciças de ilus­trações e capas para livros e revistas, algumas das quais - como as da série em formato pequeno do Mundo de Aventuras, com uma técnica entre o desenho e a pintura tiveram uma grande aceitação e ainda hoje ocupam lugar honroso ao lado das que E. T. Coelho ilustrou para O Mosquito.

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A FILHA DO REI DE NÁPOLES 
Jorge Magalhães (argumento) e Carlos Alberto (desenhos) 



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As imagens seguintes foram retiradas do Catálogo da Exposição-Homenagem a Carlos Alberto, na Casa Roque Gameiro, realizada de 22 de Outubro a 6 de Novembro de 2005, comissariada por Leonardo De Sá e integrada no XVI Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.







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