segunda-feira, 14 de abril de 2014

JOBAT NO LOULETANO – MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (161-162) – JESUS BLASCO – O PAI DE “CUTO” (2 e 3)


MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (161-162)
O Louletano, 19 | Janeiro | 2009

JESUS BLASCO – O PAI DE “CUTO” (2)
Por José Batista

A "FABRICA" DOS QUADRADINHOS

O quartel-general do clã Blasco estava situado numa torre de três pisos, na Calle Castellterçol, num bairro residencial perto da ponte de Vallcarca, na zona norte de Barcelona.

Ali, Jesus Blasco e os seus irmãos Adriano, Alejandro e Pilar, todos artistas por mérito próprio, colaboravam na pro­dução de inúmeras histórias para editores de vários países, sob a assinatura comum de J. Blasco.

Cuto, Anita Pequenita, Garra de Aço e Los Guerrilleros foram os mais populares das dezenas de personagens que criaram para encanto dos leitores europeus.


Nos arquivos existe uma carta do rei Juan Carlos onde refere o prazer que lhe proporcionava ler o Cuto, quando ou 10 anos.

UM VIRTUOSO DA TINTA-DA-CHINA

Os frequentadores de exposições, festivais e salões de Histórias aos Quadradinhos estão habituados a ver expostos os originais dos desenhos, executados habitualmente, ao do­bro do tamanho da reprodução impressa.

Tal se deve a que, ao reduzir o original, por processos fotográ­ficos, o traço fica mais fino, os pormenores ganham uma maior perfeição.

A película assim obtida é gravada numa chapa, que fica pronta a imprimir.

Nos tempos difí­ceis que se seguiram à Guerra Civil de Espanha, a escassez de materiais de repro­dução gráfica obrigou os desenhadores espa­nhóis a esboçar as suas páginas a lápis, em papel comum, ao tamanho da reprodução, e depois decalcar a tinta-da-china, em papel vegetal, que encarquilhava se aplicassem grandes manchas de tinta, e não permitia correcções: qualquer engano obrigava a refazer todo o trabalho. O desenho em papel vegetal era passado directamente à chapa. Isto durante dezenas de anos...

Jesus Blasco era um vir­tuoso e trabalhava exclusiva­mente a pincel, até na letragem das legendas.

O FIM DA AVENTURA

Este grande artista catalão faleceu em Barce­lona no dia 21 de Outubro de 1995.

Durante a sua longa carreira foi homenageado com inúmeras distinções entre as quais o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras da França, o troféu "Yellow Kid", de Lucca, Itália, o "Mosquito", do Clube Português da Banda Desenhada, o Prémio Diário de Avisos de 1977 e outros... »»

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O Louletano, 26 | Janeiro | 2009

JESUS BLASCO – O PAI DE “CUTO” (3)
Por José Batista

Da varanda da casa do pequeno Jesus Blasco, no bairro de San Gervásio, em Barcelona, avistava-se o parque de diversões do Monte Tibidabo, com a sua torre-miradouro.

Com um pedaço de giz, o miúdo de quatro anos desenhou na parede a imponente estrutura metálica.

Ao ver o desenho, o pai compreendeu que o filho tinha o futuro traçado nas artes plásticas.

Blasco nunca estudou Belas-Artes; foi completa­mente auto-didacta.

Era muito versátil. Tendo, de início, sido influenciado pelo estilo Disney, evoluiu rapidamente para um desenho realista, quase fotográfico.

Além do desenho humo­rístico e realista, também dominava a cor, realizando magníficas ilustrações e capas de livros e revistas, a guache e aguarela.

Foi também, durante muito tempo, o seu próprio argu­mentista, casando sabiamente texto e desenho.

Nas horas vagas (?!) Blasco dedicava-se à pintura de cavalete e à escultura, tendo como tema preferido a figura feminina.

Jesús Blasco, Bardon Artists, catálogo, 1982.

Mas sempre recusou participar em exposições, entrar na "selva comercial" das galerias, dos salões, do mercantilismo da arte...

A experiência do mestre catalão como autor de histórias aos quadradinhos esteve na origem de um livro didáctico, concebido em colaboração com o editor e também artista José María Parramón. "Como Dibujar Historietas" foi publicado em 1966, em Barcelona e teve numerosas reedições, em diferentes colecções.

OS "QUADRADINHOS" EM GUERRA

Com a Europa devastada e a sofrer os horrores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) as restrições de tráfego e comunicações faziam com que as provas das histórias aos quadradinhos americanas, em publicação nos jornais infantis europeus tivessem, por vezes, dificuldades em chegar a tempo.

Na Bélgica, por exemplo, E. P. Ja­cobs, o celebrado criador de Blake e Mortimer, teve de inventar e desenhar uma conclusão para um episódio do Flash Gordon de Alex Raymond, por não terem sido recebidas no jornal as respectivas provas, enviadas da América.

Acresce que os heróis americanos não colhiam as simpatias dos regimes dominados pelos nazis que viam (com razão...) nessas histórias elementos de propaganda anti-nazi, pois muitos personagens foram "mobilizados" para combater Hitler e os seus aliados, tais como Flash Gordon, Tarzan, o Capitão América e até o Príncipe Valente, no século VI entrou em campanha contra os hunos! »»

 
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CUTO EM NÁPOLES (2 e 3)


(Continua...)

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