domingo, 30 de janeiro de 2011

Bdpress # 223: ANGOULÊME 2011 – A RAZÃO DE SER DE UM FESTIVAL DE BANDA DESENHADA: OS LIVROS, SEMPRE OS LIVROS!!! CARLOS PESSOA NO PÚBLICO (3) - BD: 2010 FOI UM ANO DE OURO DA EDIÇÃO FRANCÓFONA + ART SPIEGELMAN, GRAND PRIX D'ANGOULÊME 2011, OLIVIER DELCROIX EM LE FIGARO

Público online, 26.01.2011 

Por Carlos Pessoa

BD: 2010 FOI UM ANO DE OURO DA EDIÇÃO FRANCÓFONA

Com a sua programação, Angoulême é o ponto culminante de um ciclo que tem na edição anual de banda desenhada o seu suporte e referência. Ora, nesse capítulo, os ventos continuam a soprar de feição, como constata Gilles Ratier, secretário-geral da Associação de Críticos e Jornalistas de Banda Desenhada, no seu relatório anual sobre o estado da edição de BD em França.

“Creio que está tudo dito na frase de introdução do relatório”, disse Ratier ao PÚBLICO: o mercado da edição regista uma “certa estagnação”, mas “o sector da banda desenhada continua a ser muito combativo, em particular na frente da produção de álbuns, que voltou a aumentar, com 5,46 por cento no espaço de um ano”. E isto, lembra, num período em que não saiu nenhuma novidade Astérix ou Titeuf que, só por si, representam vários milhões de álbuns a mais.

No capítulo da produção, Ratier contabilizou 5165 livros de BD publicados em 2010 (4863 um ano antes), dos quais 3811 são novidades (3599 em 2009).

No campo da edição, mantém-se a liderança pelos mesmos nove grupos (num universo de 299 editores de BD) – por esta ordem de peso, Média-Participations (Dargaud; Dargaud Benelux; Kana; Le Lombard; Dupuis; Blake et Mortimer; Lucky Comics; Fleurus/Édifa); Glénat (Glénat; Mangas; Vents d’Ouest; Caravelle; Drugstore; Treize Étrange; Glénat Disney); Éditions Delcourt; Flammarion (Casterman; KSTR; Audie/Fluide Glacial; Jungle; Librio); MC Productions (Soleil, Soleil Manga; Quadrants); Hachette Livres (Éditions Albert René; Pika; Marabout; L.G.F; Larousse); Panini; Bamboo; e Kurokawa –, que asseguraram 60 por cento da produção.

Também houve mais traduções em 2010 – num total de 2094 novas obras (mais 203 títulos que em 2009), 1477 vêm da Ásia e 358 dos Estados Unidos. E quanto às reedições, compilações e edições integrais, cuja qualidade nunca foi tão alta, surgiram 980 (892 em 2009), das quais 178 obras foram publicadas pela primeira vez há mais de 20 anos.

No capítulo das publicações especializadas, isto é, as que publicam maioritariamente BD, continuavam a sair no ano passado 68 revistas (eram 64 em 2009). Finalmente, foram pré-publicados na imprensa 396 histórias (395 em 2009).

Do lado dos criadores, havia no ano passado na Europa francófona 1446 autores a viver (ou a tentar viver) exclusivamente da banda desenhada – eram 1439 no ano anterior.

Falemos, por fim, das tiragens. Mais de cem títulos (102) tiveram uma tiragem superior a 50 mil exemplares (99 em 2009). O primeiro lugar do “top ten” foi ocupado por um álbum da série Joe Bar Team (de Pat Perna e Jenfaivre), com 500 mil cópias impressas. Seguem-se Largo Winch (Van Hamme-P. Francq, 470 mil); Lucky Luke (D. Pennac-T. Benacquista-Achdé, 470 mil); Blake e Mortimer (Van Hamme-A. Aubin, 450 mil); Le Chat (P. Geluck, 300 mil); Le Petir Spirou (Tome-Janry, 290 mil); Thorgal (Y. Sente-G. Rosinski, 250 mil); Lanfeuts Odyssey (C. Arleston-D. Tarquin, 250 mil); Blacksad (J. D. Canales-J. Guarnido, 245 mil); e Les Passagers du Vent (F. Bourgeon, 220 mil; co-edição portuguesa PÚBLICO-Asa).

Ouve crescimento no campo das novidades, traduções e reedições, na sua esmagadora maioria editadas por nove grupos económicos que dominam o sector (60 por cento da produção) e dando trabalho a 1446 artistas que vivem (ou tentam viver) da banda desenhada.
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Le Figaro, 30/01/2011

Par Olivier Delcroix

ART SPIEGELMAN, GRAND PRIX D'ANGOULÊME 2011

Le dessinateur américain est notamment connu pour son chef-d'oeuvreMaus, un survivant raconte.

C'est l'une des très belles surprise du festival d'Angoulême cette année. Après le dynamique Baru, l'Académie des Grands Prix vient d'élire le dessinateur américain Art Spiegelman. La 38e édition du festival international de la BD consacre donc l'œuvre de l'auteur du célèbre roman graphique Maus (Prix Pulitzer en 1992).

Né en 1948 à Stockholm (Suède), fils de parents juifs polonais rescapés d'Auschwitz, émigrés à New York, ce dessinateur américain est une figure emblématique du courant underground de la bande dessinée des années 1960 et 1970. Au début des années 1980, avec sa femme, l'artiste et romancière française Françoise Mouly, il a lancé la revue de BD expérimentaleRaw. Mais Spiegelman est avant tout connu pour son roman graphique Maus, un survivant raconte, œuvre majeure du 9e art, publiée en deux tomes à partir de 1986, et qui recevra le prix Pulitzer, six ans plus tard. Spielberg, attiré par ce chef-d'œuvre, a très vite voulu l'adapter au cinéma. «J'ai dit non à Spielberg, tranche Spiegelman. Perdre 35 % du contenu de mon histoire intime au profit d'un récit plus calibré et populaire, c'était trop pour moi.»

Car dans Maus, Spiegelman s'est attaché à retracer la vie de sa famille pendant la Shoah. À travers le récit de son père Vladek, le dessinateur imagine que les nazis sont des chats, les juifs sont représentés sous la forme de souris, les Polonais deviennent des cochons, et les Américains libérateurs, des chiens. Cette allégorie animalière fonctionne parfaitement. D'autant que le trait à la mine de plomb, charbonneux, comme la lave séchée d'un volcan, fait de ce témoignage une sorte de « Pompéi graphique de la Shoah». «Je trouve cette métaphore très intéressante, réagit Spiegelman. Je n'y avais pas songé. Il est vrai que Maus s'attache à retrouver et analyser tous les indices ou débris qui subsistent dans le monde après une telle explosion. C'est d'ailleurs un peu ce que tentent de faire tous les travaux réalisés sur l'holocauste… Maus est un véritable manifeste contre l'oubli. »

A 63 ans, Spiegelman vient donde rejoindre l'Académie des Grands Prix de la ville d'Angoulême. Voilà qui augure d‘une 39e édition haute en couleur, et surtout « de manière incontestable, comme le souligne le directeur artistique du festival Benoît Mouchart, cela donne au festival une portée internationale et une légitimité qui nous font chaud au cœur. »

Art Spiegelman em conversa com Florence Cestac


O espaço reservado a Maus

A parede dos cadernos de esboços...
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