quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (20) – POR UMA ASSOCIAÇÃO DE AUTORES... (2)

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI
DOCUMENTOS
PARA UMA ASSOCIAÇÃO DE AUTORES
(2)


Texto in Notícias da Amadora, 10 de Fevereiro de 2005
Por Pedro Mota

A criação de uma associação profissional tem sido uma necessidade sentida no âmbito dos autores de banda desenhada, caricatura, cartoon, cinema de animação e ilustração. Esta necessidade decorre da evolução natural do mercado português, em que instituições como o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (CNBDI) da Amadora, que assumem as mais importantes tarefas ligadas à promoção e legitimação destas artes, não têm (nem podem ter) a preocupação de fazer valer os interesses comuns aos respectivos autores.

Falta no mercado, um agente representativo desse interesse comum, que possa desenvolver um plano de acção junto das referidas instituições, mas também junto de promotores e editores, e até do Ministério da Cultura.

Naturalmente, é mais fácil perceber esta necessidade do que conceber a estrutura deste agente representativo, e, sobretudo, um plano de acção. 

Ao nível da estrutura, o modelo associativo é uma natural primeira resposta. Ainda assim, há importantes problemas de ordem prática que interessa considerar e desbloquear, desde logo a necessidade da existência de uma sede, e de uma "máquina administrativa" que assegure o contacto com os associados. Foi neste plano prático da implementação que falharam muitas tentativas de criação de associações de autores.

Sabendo disto, a Câmara Municipal da Amadora resolveu impulsionar a criação de uma associação de autores, considerando a possibilidade de o CNBDI poder constituir a base de apoio prático e administrativo para um regular funcionamento. Assim, no passado mês de Outubro, todos os autores registados na base de dados do CNBDI foram convidados para uma reunião, a realizar no dia 31 de Outubro de 2004, durante o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA), no Auditório Municipal do edifício dos Paços do Concelho da Amadora, para discussão da criação de uma associação de autores.

A adesão ao convite foi muito significativa: Nelson Dona (Director do FIBDA) e Cristina Gouveia (responsável pelo CNBDI) puderam contar com as presenças de Zé Manel, José Garcês, João Fazenda, José Ruy, Danuta Wojciechwska, Aleksandr Mihaltchuk, André Letria, António José Dâmaso Afonso, Baptista Mendes, Carlos Gonçalves, Constantino Menino, Cristiano Salgado, David Soares, Derradé, Diniz Conefrey, Esgar Acelerado, Eugénio Silva, Fernando Mateus, Gastão Manuel Travado, Geraldes Lino, Gonçalo Garcia, Horácio Gomes, João Amaral, João Mascarenhas, João Miguel Lameiras, Jorge Silva, José Abrantes, José António dos Santos Fonseca, José Carlos Fernandes, José Pires, Leonardo De Sá, Luís Diferr, Luís Louro, Luís Pinto Coelho, Luísa Louro, Manuel Diogo, Maria João Careto, Maria João Lopes, Miguel Rocha, Nuno Fonseca, Nuno Saraiva, Nuno Simões Nunes, Pedro Brito, Pedro Leitão, Pedro Potier, Pedro Zamith, Rui Pimentel, Sónia Domingos, Vasco Banza, Zé Oliveira, Zepe (José Pedro Cavalheiro), e eu próprio, para conduzir esta primeira abordagem.

Para além da elevada presença, houve uma elevada participação. Os autores discutiram diferentes modelos e filosofias de abordagem associativa, analisaram as razões do falhanço de iniciativas anteriores, abordaram as vantagens e inconvenientes da maior ou menor participação de entidades externas.

No final, os presentes definiram, por maioria, duas linhas de actuação:

— Caminhar no sentido da criação de uma associação de autores de banda desenhada, ilustração, cartoon/ caricatura e cinema de animação. 

— Até à concretização de tal associação, constituir um grupo de trabalho que apresente em Fevereiro (e posteriormente, e de forma final, em Abril) um projecto de estatutos, um levantamento dos interesses e necessidades dos autores e dos objectivos de uma associação e exemplos de soluções encontradas em outros países. Paralelamente, foi criado um fórum de discussão na Internet (que veio a ser criado em http//br.groups.yahoo.com/group/CriadoresImagem/), para que o grupo de trabalho possa contar com as várias opiniões que este assunto for suscitando, que debata propostas de autores, experiências de associações de outros países, seus regulamentos e estatutos.

Disponibilizaram-se a integrar o grupo de trabalho, sob a minha coordenação, Diniz Conefrey, Gastão Travado, Gonçalo Garcia, João Fazenda, João Miguel Lameiras, José Pedro Cavalheiro, José Ruy, Maria João Careto, Nuno Fonseca e Rui Pimentel. É um grupo representativo de todas as áreas que o projecto pretende englobar: BD, caricatura, cartoon, cinema de animação e ilustração.

Assim, ficou desde logo agendado um novo encontro de autores, que deverá ter lugar ainda neste mês de Fevereiro, com vista à mais ampla discussão e divulgação das iniciativas aprovadas, e, eventualmente, à apresentação de candidaturas individuais à integração dos órgãos sociais da futura associação. Serão igualmente apresentados uns primeiros documentos de trabalho, designadamente um projecto de estatutos.
O esforço da Amadora e o interesse dos autores poderão levar a bom porto esta iniciativa, e são mesmo indispensáveis à sua concretização. Se não houver a participação dos autores (pelo menos ao nível que se fez sentir na reunião de 31 de Outubro), ou a disponibilidade da Amadora no impulso e apoio administrativo, a iniciativa perde-se.

E se, para os autores, o apoio da Amadora é uma certa garantia de implementação prática, para a Amadora o acolher desta iniciativa é mais uma concretização no âmbito de um plano integrado em torno da imagem.

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ASSOCIAÇÃO DE AUTORES DE BD – 2 
(Continuação da resposta de José Ruy às notas Pedro Mota)

Continuando com o projeto para uma Associação de Autores de Banda Desenhada e não só, com o esboço do estatuto do Dr. Pedro Mota (PM) e as minhas anotações.

Pedro Mota – 2) – O preço.

JR – Não sei se o Pedro Mota se refere ao valor a pagar ao autor como «avanço», ou no caso de utilização do original em publicação, o preço de capa. No primeiro caso é difícil de estabelecer uma tabela, pois cada autor será um caso; na segunda hipótese o preço será em função do custo de produção para que a venda possa compensar esse valor, pagar à distribuição, aos postos de venda e depois disso ao autor, destacando a margem de lucro da entidade editora.

PM – 3) – Formato

JR – Quanto ao formato aí está o que tem sido regulado «contrato» entre autor-editor.

PM – 4) – número de páginas (quando respeite a trabalho impresso)

JR – Tal e qual como no ponto 3).

PM – 5) – Tiragem

JR – A tiragem é estabelecida (até agora) pelo editor, com o acordo do autor em contrato escrito.

PM – 6) – Design

JR – Tal e qual como no ponto 5)

PM – 7) – Conteúdo

JR – Não sei se se refere ao tema no caso de ser história ou cartonn, ou filme de animação.

PM – 8) – Promoção (incluindo Festivais, Salões e ações junto de públicos específicos, como nas escolas)

JR – A promoção faz parte da campanha publicitária organizada pelo editor ou distribuidor, no caso de filmes, e o próprio autor tem sido chamado a participar. Por considerar-se que isso representa benefício para o autor, traduzido no aumento das vendas, tem até agora sido definido por contrato entre autor e as partes envolvidas.

PM – 9) – Divulgação

JR – Acho que está inserida no ponto 8).

PM 10) – Distribuição

JR – Aqui está o ponto mais importante do percurso do livro, do jornal, da revista, fanzine e até mesmo do filme de animação. Só para vincular o que digo, basta observarmos a falência recente da «Dig-Livro» que feriu muitas editoras, algumas de morte.

A distribuidora recebe um produto muito valioso em custos, que se propõe colocar em postos de venda e que devolve ao editor em dinheiro, pelo resultado da venda, tal como os exemplares não adquiridos pelo público. De repente o editor pode confrontar-se com a situação de não ter de volta nem o seu produto, nem o dinheiro das vendas. No caso dos filmes a mecânica é outra.

PM – 11) – Apoios à criação

JR – Estes apoios por vezes aparecem em forma de aquisição de exemplares por entidades, ou que destinem parte dos seus lucros para manterem um autor ativo na sua criação. A Associação poderá fazer contactos nesse sentido.

PM – 12) – Apoios à edição de autor

JR – Tal e qual como no ponto11.

PM – 13) – Edição em língua estrangeira

JR – Nesta alínea tenho tido várias experiências. De contactos diretos a partir de países que me têm solicitado edições, e de editoras portuguesas (o que é mais do meu agrado) para edições em línguas estrangeiras destinadas a turistas de passagem por Portugal e mesmo colocadas nos respetivos países. Esta modalidade agrada-me realmente, pois assim a execução da obra é feita cá, o que implica a utilização da nossa mão de obra num produto final perfeitamente ao nível do exterior.

(continua...)


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