BIOGRAFIAS AOS QUADRADINHOS
HISTÓRIA DE ANNE FRANK EM BANDA DESENHADA EDITADA EM PORTUGUÊS
Jornal de Notícias, 6 de Agosto de 2013
Pedro Cleto
Recém-chegada às livrarias nacionais, “Anne Frank: Biografia Gráfica”, uma edição da Devir, é uma obra que exemplifica um género a que a banda desenhada regressa recorrentemente: a biografia.
Se a história de Anne Frank, a pequena judia que narrou num diário a sua experiência como refugiada judia na Holanda, durante a segunda Guerra Mundial, é razoavelmente conhecida, recontá-la aos quadradinhos pode ser uma forma de a fazer chegar a leitores menos familiarizados com as atrocidades sofridas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Os seus autores, Sid Jacobson e Ernie Colón, para além do diário de Anne, basearam-se também em testemunhos de pessoas que a conheceram, para fazerem um enquadramento histórico e narrarem a história da sua família antes e depois do holocausto nazi.
Da mesma editora é também “O Zen de Steve Jobs”, que num registo mais ficcional, ilustra diversos episódios da vida do fundador da Apple entre 1970 e 2011, que mostram a sua relação com Kobun Chino Otogawa, um monge zen dissidente do budismo, e como se inspiraram mutuamente.
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No campo do desporto, a vida de um dos maiores ciclistas de todos os tempos foi lembrada aos quadradinhos nos anos 1970 pelo jornal “A Capital”, numa BD recuperada pelo GICAV em “Um campeão chamado Joaquim Agostinho”, a propósito do centenário do seu criador, Fernando Bento (1910-2010).
Editada pela revista satírica “Charlie Hebdo”, conhecida pelas muitas polémicas que tem provocado e cuja sede chegou a ser alvo de um atentado bombista, desencadeou uma tempestade mediática quando foi editado o primeiro volume, mas a obra revelou-se fiel à versão histórica, fruto de um profundo trabalho de pesquisa por parte de Zineb e Charb, que entre outras bases utilizaram os textos sagrados do Corão “para ilustrar o percurso de um homem, Maomé, tal e qual é descrito nas próprias fontes islâmicas”.
A finalizar, a título de curiosidade fica uma referência a três biografias intimamente ligadas ao género narrativo que as suporta: “Maurício de Sousa: biografia em quadrinhos”, assinada pelo respectivo estúdio, mas que assume alguns contornos autobiográficos, “Osamu Tezuka – Biographie”, obra póstuma sobre o criador de Astroboy, e “A Saga do Tio Patinhas”, editada em Portugal pela Edimpresa, na qual Don Rosa recriou cronologicamente o percurso do pato mais rico do mundo a partir dos muitos episódios escritos e desenhados por Carl Barks, o seu criador.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 6 de Agosto de 2013)
Ver AQUI - no blogue As Leituras do Pedro
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