quinta-feira, 12 de setembro de 2013

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (22) – POR UMA ASSOCIAÇÃO DE AUTORES... (4) – O NASCIMENTO DA FECO

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI
DOCUMENTOS

PARA UMA ASSOCIAÇÃO DE AUTORES
(4)

ASSOCIAÇÃO DE AUTORES DE BD
EPÍCULO

Seguiram-se mais algumas reuniões no CNBDI aperfeiçoando estes estatutos, base para criar a tão desejada «associação». A parte relativa à Banda Desenhada e ilustração teve desde o princípio mais achegas, pois as presenças foram sempre maioritariamente de autores desta área. Faltava debater em profundidade o cartoon e o cinema de animação. Nessa altura a maneira de executar essa arte era ainda muito próxima do processo realizado pelo Walt Disney, com desenhos das principais fases do movimento das personagens, que depois tinham as intercalas desenhadas manualmente por uma equipa apetrechada para tal. Em Portugal, a empresa «Top Filme» fundada pelo Ricardo Neto e pelo Artur Correia, tinha este último praticamente como intercalador, com pequenas ajudas. O Ricardo Neto dizia-me que o Artur era «uma máquina», no bom sentido, pois sozinho conseguia uma velocidade e uma qualidade impressionantes. O que são as intercalas? Quando uma figura se movimenta levantando, por exemplo, um braço até à cabeça, entre a primeira posição e a última tem de haver uma quantidade de desenhos equivalentes ao percurso desse trajeto. Dois segundos de filme representam muitos desenhos, para o movimento parecer perfeito e suave.

Claro que podemos considerar serem os desenhos animados um derivado das Histórias em Quadrinhos, e para prova disso, se isolarmos a imagem de um filme de animação temos o equivalente a uma vinheta. Se continuarmos a destacar imagens no seguimento do filme, conseguimos formar páginas até montarmos uma Banda Desenhada completa.

Vou dar um exemplo: O Ricardo Neto havia publicado na revista «O Camarada» no final da década de 40 do século XX a «História da Raposa» de Aquilino Ribeiro. Na «Top Filme» lembrou-se de realizar este trabalho em filme e foi o Artur Correia a fazer o intercalado. Muito recentemente resolveu montar as imagens como vinhetas e publicar em livro, editado pela Bertrand.

Aqui levanta-se um problema. As imagens principais são do Ricardo Neto, mas as dos movimentos foram desenhadas pelo Artur Correia. A quem pertence os direitos?

Logicamente, o Artur Correia pediu autorização ao Ricardo Neto para publicar a história. Mas a dúvida que apresento acima seria um assunto a ser resolvido pela Associação se esta tivesse vingado. E porque não foi avante?

Numa reunião, a última efetuada, o Nuno Nunes que já partiu, fez o reparo do escalão etário ali representado, tal como nas anteriores reuniões de trabalho. Eramos todos da (chamada) «velha guarda». E afinal, disse ele, a quem interessaria basicamente a criação da Associação? Seria a «nós», todos com uma posição demarcada no mercado e com editores disponíveis para os nossos trabalhos, defendidos por contratos que a experiência permitia controlar? Não!

Estávamos a construir algo para defesa e segurança dos autores jovens, que nessa altura já eram em bom número. Mas a sua ausência sistemática, demonstrava um desinteresse pelo que se estava a debater. Se fechássemos o trabalho, definindo como aceites os estatutos elaborados, poderiam esses jovens virem-nos «acusar» de fazermos as coisas nas suas costas. Depois, mesmo entre os presentes, havia quem achasse que a Associação devia ser sob a égide do CNBDI e aí funcionasse a Sede, e isto não era realizável.

Então acordou-se em suspender de momento o andamento do projeto e reatá-lo quando surgisse interesse dos diretamente beneficiados.

Este trazer à tona tão interessante assunto pelo Machado Dias, demonstra que não se trata de um nado morto, e que é pena continuar «arquivado na gaveta dos assuntos perdidos».

José Ruy
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NASCIMENTO DA FECO PORTUGAL
EM 2008


Passados três anos após a última reunião, o trabalho do projecto de estatutos foi aproveitado por Zé Oliveira para criar uma Associação de Caricaturistas e Cartoonistas, mas que abrangia também os autores de Banda Desenhada, Ilustração e Cinema de Animação - a Feco Portugal, nasceu com este nome porque passou a integrar a Federation of Cartoonists Organisations (Feco). Mas este já é outro assunto. 
Ver AQUI o blogue da FECO Portugal,
Fica aqui a notícia do seu nascimento, no Público de 7 de Outubro de 2008:

PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CARTONISTAS CRIADA PARA DEFENDER PROFISSIONAIS DO RAMO

Público, 07/10/2008

A Feco Portugal, primeira associação de cartonistas portugueses, foi oficializada na última sexta-feira para defender os profissionais do ramo, numa altura em que “os dias não vão ser famosos para a classe e a imprensa começa a prescindir dos cartoons”, disse ao PÚBLICO Zé Oliveira, presidente da organização.

A associação conta já com a adesão de 22 profissionais do sector e, segundo Zé Oliveira (nome profissional), tem por objectivo “dignificar a classe” e “reforçar os laços entre os profissionais da área, para que ela fique mais consolidada”. “É gente solitária, que não conhece os outros... Nós queremos também combater a solidão”, referiu o humorista e jornalista.

A Feco Portugal pretende igualmente reivindicar, junto das classes dirigentes, “uma paridade entre os cartonistas portugueses e os cartonistas estrangeiros, no que concerne à sua presença em jornais, em comparação com aquilo que acontece com a música portuguesa e estrangeira nas rádios”, disse a mesma fonte. “Queremos sensibilizar os grupos parlamentares para essa situação”, continuou.

Outra batalha da associação de cartonistas será a de incluir, nos planos curriculares das licenciaturas de jornalismo, conhecimentos que permitam a um profissional da comunicação social “distinguir entre um cartoon e uma caricatura, um cartoon e uma ilustração e por aí fora”. “Não para aprenderem a desenhar, mas para poderem administrar desenhos”, reforçou Zé Oliveira.

A Feco Portugal pretende associar-se em breve à Feco internacional (Federation of Cartoonists' Organisations), organização com mais de dois mil desenhadores associados em cerca de três dezenas de países, presidida pela cartonista Marlene Pohle, que, de acordo com Zé Oliveira, já manifestou interesse em integrar a nova associação portuguesa na federação internacional.

A organização em Portugal “promete iniciativas de promoção da arte do cartoon e caricatura, para que os profissionais do riso sejam levados a sério” e está já a reunir mais associados. Segundo Zé Oliveira, os 22 actuais membros trabalham em diferentes publicações, não só de âmbito nacional mas também regional, desde “diários nacionais de referência até periódicos de proximidade”.

A Feco Portugal pretende congregar os autores de caricatura, cartoon, banda desenhada, ilustração e cinema de animação, e deverá ser apresentada nos primeiros meses de 2009, provavelmente no distrito de Leiria.
  



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