quarta-feira, 21 de agosto de 2013

BDpress #382: NEGATIVE DAD – UMA HISTÓRIA DE NATHAM WILLIAMS ILUSTRADA EM BD POR RUDOLFO (OU MAIS PRECISAMENTE, DIOGO JESUS)


NEGATIVE DAD
De Nathan Williams (argumento) e Rudolfo (desenhos)

Da cabeça [Nota directa do Kuentro: esta gente, francamente não sabe escrever – “da cabeça” ? – se não fosse da cabeça seria de onde? Ou, se quisermos ser sarcásticos – qual cabeça?] de Nathan Williams saiu uma BD (e o ilustrador é o portuense Rudolfo)

Ípsilon (suplemento do Público), 9 de Agosto de 2013
Por Mário Lopes

Nathan Williams recrutou o ilustrador de Negatíve Dad no Porto — assim se percebe que o nome "Ghuna X" esteja grafitado num autocarro de Verlaine City...

Há dois anos, Nathan Williams, o homem que, através dos Wawes, recolocou o atroz aborrecimento adolescente, a auto-depreciação e o humor slacker que fez escola nos anos 1990 no mundo rock'n'roll, deu notícia de que estava a preparar uma série de BD. Chamar-se-ia Negative Dad. Dois anos depois está disponível o primeiro dos 12 volumes que completarão a saga sobre, lê-se em press release, "a fantástica e perturbadora viagem de dois jovens mutantes, Daniel e Serjio, desvendando segredos que rodeiam a sua família e amigos". Será distribuído através da loja alojada no site da banda, http://wawes.gomerch.com/, com um preço de dez dólares. Em Negative Dad, escrito por Nathan Williams e Matt Barajas, podemos ver, por exemplo, um autocarro em que foi rabiscado "Ghuna X". Ghuna X? Exactamente, o músico, produtor e editor portuense. É um dos "ovos da Páscoa" que o ilustrador Rudolfo, também do Porto e também músico (quando o tempo disponível o permite), foi deixando ao longo das páginas da BD. Como se depreende, Rudolfo, 20 e poucos anos, autor da (?) fanzine Lodaçal Comix, criador do "hate beat" na pele do alter-ego Vampiro do Gueto, compositor em 2010 do hino não-oficial do festival Milhões de Festa (chamou-lhe Crunklhões) e, genericamente, criador com um humor desconcertante, foi o escolhido por Nathan Williams para desenhar Negative Dad. O ilustrador contou ao Ípsilon que o convite surgiu depois de, no Optimus Primavera Sound de 2012, ter passado algumas das suas fanzines [Nota directa do Kuentro: lá está esta gente a dar cabo da ortografia por pura e irritante ignorância – Fanzines é um substantivo do género masculino, portanto leia-se, correctamente, por favor, “dos seus fanzines”] ao vocalista da banda. "Sou fã dos Wawes e, pelo que conhecia dele achei que iria gostar". Williams elogiou o que viu, twittou algum do trabalho de Rudolfo e, pouco depois, este recebia o convite para dar imagens à saga. Rudolfo, que um artigo no P3 situava num universo de referências "entre a viseira do Kamen Rider e as pegadas do Godzilla, entre a segunda vaga de videojogos e as capas épicas de heavy metal", avisa que Negative Dad é "muito mais sério" do que se esperaria de Nathan Williams: "Parte vai ao encontro do material que costumo desenhar, mas situa-se muito além dele. A história é mais séria e mais adulta. O meu tem mais piadas juvenis fálicas." A "seriedade", mesmo tendo em conta o imaginário que rodeia os Wawes, não surpreendeu Rudolfo. "A banda tem aquele lado 'pedrado', aquele 'não estou a fazer nada da vida', mas, por trás disso, só encontramos tristeza. O universo desta banda desenhada reflecte, muito mais do que as canções, esse lado negro do Nathan Williams." A história dos dois habitantes de Verlaine City, cidade outrora centro de uma revolução científica e hoje cenário de decadência pós-apocalíptica, tem até, no limite, um travo clássico. "A visão distópica de Watchmen [de Alan Moore] reunida àquele desespero Nathan Williams", aponta Rudolfo. Prevê-se que cada um dos 12 volumes tenha edição semestral. Rudolfo passou os últimos tempos dedicado ao primeiro. Entretanto a música (auto-editou o álbum Rudolfo em 2012) foi posta de parte. O homem que quer "sobreviver a fazer bonecos", como dizia ao P3, tem-se dedicado, de facto, totalmente à ilustração.



Este é o Diogo Jesus, o nome próprio do Rudolfo.

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2 comentários:

  1. Bom trabalho, Machado-Dias. E gostei de ler o teu ataque àquela foleirice de o jornalista Mário Lopes escrever "as fanzines", provavelmente porque o músico e desenhador Rudolfo (Diogo Jesus) o influenciou.

    Aliás, as primeiras vezes que vi escrita essa deturpação foi exactamente em fanzines editados por músicos, há uns vinte anos, com uns textos crivados de erros ortográficos crassos. Pensei: "Estes gajos sabem muito de música, presumo, mas são muito básicos na parte ortográfica, com a agravante de usarem o género feminino para os fanzines".
    Mas como não conhecia ninguém naquela área, não pude intervir e tentar corrigir.
    O problema é que o erro transmitiu-se como se fosse um vírus!

    Pela minha parte, tenho ganho bastantes batalhas (o Marco Mendes também dizia "a fanzine" e consegui convencê-lo), mas já me resignei à ideia de que perdi a guerra.

    Grande abraço,
    G.Lino

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  2. Boa tarde,

    Só agora me deparei aqui na Kuentro com a transcrição da notícia que escrevi para o Ípsilon. Estou muito curioso por ver como resultou a BD, da qual só conheço algumas páginas.
    Agradeço a correcção do género do "fanzine" (confesso que nunca me tinha deparado com tal discussão e que lhe vejo aplicado o feminino desde que me lembro - erro que será doravante corrigido).
    Alerto-o porém para o facto de a primeira página de ilustração que coloca no post não ser obra de Rudolfo de Jesus. Saiu da cabeça de Nicholas Gazin (não leve a mal, é só uma brincadeira esta insistência em expressão que tanto lhe desagrada), o primeiro contactado por Nathan Williams para ilustrar a BD, posteriormente afastado para dar lugar a Rudolfo.

    um abraço,

    Mário Lopes.

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