sexta-feira, 30 de julho de 2010

BDpress #152: ARMANDO CORRÊA NO ALENTEJO POPULAR: BAPTISTA MENDES + A BD GREGA + ENTREVISTA COM YORGOS BOTSOS

Armando Corrêa (ou Luiz beira, como quiserem) apresenta-nos – no semanário Alentejo Popular – Baptista Mendes, um dos clássicos da BD portuguesa, clássicos esses, que era bom os mais novos começarem a conhecer, mesmo que não gostem da BD que eles faziam – ou fazem ainda, como no caso de Baptista Mendes – porque é também com a História das coisas que se aprende a fazer as coisas. No caso da BD (e não só, mas é o que nos interessa agora) convém conhecer o que se fez neste país, desde que a Banda Desenhada, ou as Histórias aos Quadradinhos, como se lhes chamava no início do século XX, começaram a aparecer na imprensa periódica portuguesa.

Depois fala-nos da banda desenhada grega, que conhecemos muito mal (a língua não ajuda nada) e entrevista um autor grego, Yorgos Botsos.

No final, mostramos algumas imagens da bd de Arkas, editado em Portugal pela Marginália (Relações Perigosas) e as imagens que consegui encontrar, apenas do 10º Festival Internacional de Comics Babel, de 2005, mas dá para ter uma ideia...


Alentejo Popular, 1 de Julho de 2010

através da banda desenhada

Coordenação de Armando Corrêa

APRESETANDO BAPTISTA MENDES

Durante oito semanas a partir de hoje, vamos admirar a arte gráfica de Baptista Mendes, através de quatro narrativas (de duas pranchas cada), por ele próprio gentilmente facultadas.

São elas: «Pedro Álvares Cabral» (expressamente criada para o já esgotado álbum «Por Mares Nunca Dantes Navegados», pelas Bd. Futura); e com «estreia» noutros tempos, no «Jornal do Exército»: «Júlio Dinis», «O Esgalhado» e «Sopa de Pedra». Quatro temas bem diferentes, belamente Baptista Mendes desenhados por Baptista Mendes que hoje se estreia nas nossas pâginas.

Carlos Fernando da Silva Baptista Mendes nasceu em Luanda (Angola) a 4 de Março de 1937. Com pouco mais de 10 anos de idade, veio para Lisboa e aqui, no Liceu Gil Vicente iniciou-se na «aventura gráfica». Mais tarde, veio o seu traço na publicidade, no desenho comercial e também, na vertente humorística, na revista “Flama”.

Efemeramente, chegou a assinar os seus trabalhos como Carlos Fernando ou como Carlos Fernando da Silva. Pela Banda Desenhada, estreou-se em 1959 na 2ª " série da revista «Camarada». Depois, ao longo do tempo, espraiou-se pelo «Cavaleiro Andante», «Falcão», «O Pardal», «Pim-Pam-Pum», «Revista da Armada», «Mundo de Aventuras», «Jornal do Exército», «Jornal de Almada», «Cadernos SobredaBD», «Diârio de Noticias»/«Jornal de Notícias», etc..

Foi homenageado ao vivo nos salões internacionais de Banda Desenhada da Sobreda (1992) e de Moura (1996). Tem participação sua nos dois âlbuns colectivos «Grandes Portugueses» (edição da revista «Camarada») e, na sua bibliografia, constam também os âlbuns: «Por Mares Nunca Dantes Navegados» (Bd. Futura) «O Infante D. Henrique» (Bd. Asa) e, pela Âncora Editora, «História de Penamacom e «História de Trancoso» não esquecendo «A Lenda da Povoação Que Tinha Um Castelo Branco», editado pela Associação do Amigos do Concelho do Crato, etc..

Para muito breve, estão previstas as edições em álbum de dois trabalhos seus: «Camões» e «A História de Almeida».

Alentejo Popular, 22 de Julho de 2010

através da banda desenhada

Coordenação de Armando Corrêa

QUASE DESCONHECIDA EM PORTUGAL A BD DA GRÉCIA

A 9ª Arte do país berço da Democracia é quase desconhecida do público português. E, no entanto, com uma certa força, ela existe.

Que saibamos, em português, foram publicados dois álbuns (Bd. Marginália) da autoria do misterioso Arkas, e uma história em duas pranchas no «Almada-BD Fanzine» nº 5, da autoria de Yorgos Botsos.

Arkas, mestre de um humor irresistível, é bem misterioso: não se lhe conhece uma foto e, quanto a dados biográficos, nem se sabe bem sequer qual é o seu verdadeiro nome, embora alguns pressuponham que seja Antonis Evdemon...

Mas a Grécia tem um vasto rol de desenhistas deyárias gerações, como, para além de Botsos, Kostas Frangiadakis, George Tsoukis, Nikos Kourtis, Petros Zervos, Alekos Papadatos,
Spiros Derveniotis, Dimitri Vidos, Ilias Kyriazis, Vasilis Lolos, Lila Kaloyeri, etc…

Histórica é a revista «Babel», onde tantos se estrearam, e que dá o nome ao grande festival internacional que se realiza em Atenas. Há mais publicações, de revistas e fanzines a álbuns. Em Portugal, pode-se encontrar em certas livrarias, a edição inglesa de «Logicomix» (An Epic Search For Truth), com textos de Apostolos Doxiadis e Christos Papadimitriou e criação gráfica
de Alecos Papadatos.

Há alguns anos, uma edição do Salão-BD da Sobreda revelou ao público português exemplos das obras de Yorgos Botsos, Dimitri Vidos, Nikos Kourtis, Spiros Derveniotis e Petros Zervos.

Na próxima semana: entrevista com Yorgos Botsos.

Alentejo Popular, 30 de Julho de 2010
através da banda desenhada

Coordenação de Armando Corrêa

DA GRÉCIA COM 9.ª ARTE E SIMPATIA ENTREVISTA COM YORGOS BOTSOS

Nasceu em Atenas a 15 de Julho de 1960. Em 1983, licenciou-se em Ciências Políticas na Faculdade de Direito da Universidade de Atenas. Em 1987, estreou a sua BD na famosa revista «Babel» e, desde então, tem estado sempre «em cena» no mundo da 9.ª Arte grega. À parte a sua carreira nesta Arte, é livre ilustrador (incluindo para a publicidade), escreveu e ilustrou sete livros para crianças e tem feito várias exposições da sua Pintura. Ensina BD no Akto-Art & Design College (em Atenas) e também tem feito parte da direcção do Festival de Cinema Documentário de Salónica.

Como convidado especial, participou com a sua presença nas edições de 1990 e 1993 do Salão Internacional de Banda Desenhada da Sobreda.

E agora, a entrevista que lhe fizemos:

Como está agora a situação da BD grega?
Na passada década, foi muito apoiada por duas grandes instituições que ajudaram o desenvolvimento da BD grega. O «Festival Babel» é visitado por cerca de 100 mil pessoas e a revista semanal «9» (inserida no jornal «Elefhterotypia») é largamente lida. Há muitos novos autores e jovens cartunistas que se editam através de fanzines e pequenas editoras independentes. Pode-se dizer que temos uma «nova onda», num panorama pequeno, mas dinâmico. No entanto, em números reais, nada se pode ainda afirmar quanto às audiências pelo país...

A revista «Babel» ainda existe?
Não, pois acabou em 2009. A equipa da «Babel» produz agora uma nova revista mensal, a «Mov», que se iniciou em Janeiro e para onde colaboro com frequência.

O que pensas dos «mangá»?
Nos últimos 10 anos tenho ensinado BD num colégio de desenho e assim, tive ocasião de conhecer a história dos mangá, como parte de fenómeno da Banda Desenhada como arte global. Creio que o mangá atrai os jovens europeus pela sua «linha simples» e o «exótico» das personagens, que são elementos conectados com a subcultura da Internet e dos jogos vídeo.

Na tua opinião, a Banda Desenhada é ou não uma Arte?
É uma Arte com letra grande. Narrativa e pictórica ao mesmo tempo, portanto tão diversa como flexível.

Estiveste duas vezes na Sobreda. Que guardas na tua memória dessas presenças?
Tenho as melhores recordações pelo calor e a hospitalidade. Para mim, foi uma autêntica revelação, vir do Leste para o distante ponto da Europa Ocidental e encontrar pessoas que amam e compreendem a nossa linguagem comum, a Banda Desenhada, da mesma maneira. Fiquei impressionado com o facto de um salão internacional estivesse tão bem organizado numa pequena cidade e isso foi tocante, não apenas no coração dos corações amantes da BD, mas também no total da comunidade.

Uma breve mensagem para os teus colegas portugueses...
Vamos manter viva e propagar a nossa linguagem comum, a Banda Desenhada. A todos desejo inspiração e criatividade!

Efkháristò, Yorgos! (Obrigado, Jorge!)

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Imagens da Banda Desenhada de Arkas (Aviso: quem quiser ler terá de aprender grego).




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Nota: Este foi o cartaz de 2009, mas as imagens abaixo são de 2005.





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