SERGIO BONELLI: O HOMEM-AVENTURA
Por José Carlos Francisco*
As fotografias a expor na mostra, do Festival Mab Invicta 2012, dedicada a Sergio Bonelli, editor e autor italiano de banda desenhada, mas também viajante e aventureiro, provêem directamente do álbum fotográfico de Sergio Bonelli, álbum esse que Guido Nolitta (pseudónimo de Sergio Bonelli – criado para não ser confundido com o pai nas suas vestes de autor) sempre mostrou com modéstia e parcimónia mesmo aos amigos mais íntimos e que mostram uma outra faceta desconhecida de muitos dos seus admiradores.
De facto e ao contrário do seu pai, Sergio Bonelli não vivia somente para a banda desenhada. Um mês por ano o editor dava-se ao único luxo que verdadeiramente não dispensava: viagens maravilhosas e aventureiras aos locais mais recônditos do planeta com especial predilecção pelo Sahara em África e pela Amazónia na América do Sul.
África que Sergio Bonelli definia como uma linda mulher, uma mulher que se podia amar até à loucura, uma mulher que podia dar sensações extraordinárias, mas que também podia fazer sofrer. E prova disso foi o facto de ter sido em África que Sergio Bonelli experimentou algumas das piores injustiças da sua vida, como por exemplo quando, na companhia dos poucos amigos que o acompanhavam nos seus loucos itinerários, andava em busca de um forte da Legião Estrangeira ou de um cemitério de guerra abandonado e tinha que passar um posto de fronteira e a burocracia era sempre desgastante e maçadora: controles, perseguições, pequenos furtos de alimentos e bebidas, e o medo de ter que retroceder, tendo que fazer mais alguns milhares de quilómetros sem reabastecer. Um dos muitos estratagemas implementados por aqueles que queriam vingar-se de séculos de dominação do homem branco…
Todas estas aventuras reais vividas por Sergio Bonelli deram azo ao nascimento, em 1975, da sua mais amada personagem: Mister No, um piloto aventureiro que viveu, no decurso de pouco mais de 30 anos, a maioria das suas aventuras na grande floresta Amazónica e em que os cenários da geografia brasileira tal como os cenários africanos foram o pano de fundo para muitas das suas histórias. Piloto norte-americano Jerome (Jerry) Drake era um sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que abandonou a sua pátria desiludido com a violência e as imposições da sociedade ocidental. Em sua fuga, escolhe o paraíso da plácida Manaus dos anos 50, cidade brasileira situada no coração da Amazónia e que Sergio Bonelli definia como uma espécie de Paris brasileira. Em Manaus compra um velho Piper e passa a ganhar a vida como guia turístico. Honesto, sincero, amante do álcool e de mulheres bonitas, preguiçoso mas pronto a se atirar em aventuras, é um rebelde por natureza, como demonstra o seu apelido…
(*) Texto apresentado originalmente em TEX WILLER BLOG
Diante do Museu Histórico de Canudos Sertão Estado da Bahia
Em Agades, Nigeria
No Alto Orinoco a bordo de uma canoa yanoama
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ENTREVISTA MANUEL ESPÍRITO SANTO NA RTP1
Clicar em cima desta imagem para ver a entrevista via Youtube...
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