LANÇAMENTO DA REEDIÇÃO DE EUSÉBIO PANTERA NEGRA
DE EUGÉNIO SILVA
É amanhã o lançamento da reedição de EUSÉBIO – PANTERA NEGRA, de Eugénio Silva, pela editora Arcádia, na FNAC Colombo – Centro Comercial Colombo –, às 15h30, com apresentação do jornalista Rui Tovar. A data/hora de apresentação desta reedição parece ter sido criteriosamente escolhida, poucas horas antes do Benfica-Sporting (18:00) ali mesmo do outro lado da 2ª circular.
Eugénio Silva
Aqui fica o Convite
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Jornal I, 8 Fevereiro 2014
EUSÉBIO – E PLURIBUS UNUM
Eugénio Silva escreve e desenha "Eusébio, Pantera Negra" em 1990. O livro é agora reeditado pela Arcádia, com apresentação oficial marcada para este domingo, antes do dérbi [Benfica-Sporting], às 15h30, na Fnac do Colombo, em Lisboa. Numa viagem ao passado do goleador português, do seu nascimento, em 1942, a finais dos anos 80 como embaixador de todo um país, Rui Miguel Tovar folheia as 56 páginas entre fintas, golos, lágrimas e recordes. Eusébio à Eusébio. E pluribus unum (de muitos, um)
Damn it. Walter Winterbottom está histérico, vocifera sozinho, às vezes para o ar, outras para o relvado, em direcção aos jogadores, e não pára quieto. Só quando Eusébio pega na bola o seleccionador de Inglaterra não se mexe. Fica hirto como uma barra de ferro. Mas depois é que são elas. E aí, pobres jogadores ingleses, que ouvem das boas.
Porque se cem mil em Wembley fazem muito barulho agora, antes, em Outubro de 1961, só se manifestam com uma acção perigosa. Não há cá olás, nem olés ou cânticos. Se a bola estivesse a ser trocada no meio-campo até se ouvia uma mosca.
Ou Winterbottom a descompor os jogadores. Como é o caso nesse jogo de apuramento para o Mundial-62, ganho pela Inglaterra, com dois golos até aos 10', por Connelly e Pointer. Mas, mesmo assim, Winterbottom não relaxa. Nem pode.
Com apenas dois portugueses do rectângulo no onze (Cavem, algarvio, e Lino, açoriano, mais o brasileiro [naturalizado] Lúcio, os moçambicanos Costa Pereira, Hilário, Pérides, Vicente, Eusébio e Coluna, e os angolanos Águas e Yaúca), Portugal atira três bolas ao poste. Duas delas são lançadas por um jovem de 19 anos chamado Eusébio: é ele ele o causador da desordem verbal de Winterbottom, que era um gentleman, mais tarde (1978) feito cavaleiro.
"Flowers, look at the Black Panther", diz ele. Flowers é o defesa do Wolves, marcador de Eusébio e campeão mundial em 1966 sem jogar um minuto – só recebe a medalha de campeão em Junho de 2010, por cortesia de Gordon Brown, então primeiro-ministro inglês. E Black Panther é o Pantera Negra, ou Eusébio, anteriormente conhecido como Pérola Negra, alcunhado pela imprensa francesa em Junho de 1961, e mais tarde campeão de tudo e mais alguma coisa. São tantos os títulos que nem dá para escrever tudo neste espaço. Damn it!
Esta é apenas uma das histórias recriadas pelo autor da BD "Eusébio, Pantera Negra", reeditada este mês depois do primeiro lançamento, em 1990. Nascido a 25 de Fevereiro de 1937, o barreirense Eugénio Silva encarrega-se dos textos e desenhos da vida do melhor jogador português, desde o seu nascimento, a 25 de Janeiro de 1942, até ao final dos anos 80, quando Eusébio já trabalha na estrutura do Benfica e da selecção nacional, como embaixador.
Pelo meio há de tudo e mais alguma coisa. O futebol a brincar pela equipa do bairro (Brasileiros), a entrada no Sporting de Lourenço Marques, aos 15 anos de idade, a viagem para Lisboa com o nome de código Rute Malosso, a estreia oficiosa (hat-trick ao Atlético, 4-2), a estreia oficial (um golo a Félix Mourinho [o pai de José Mourinho] nos Arcos, em Setúbal), a estreia internacional (hat-trick ao Santos de Pele, em Paris), a estreia na selecção (um golo ao Luxemburgo), o casamento com Flora e por aí adiante.
Eusébio, sempre Eusébio. O seu nome está intimamente relacionado com o sensacional terceiro lugar da selecção no Mundial-66, numa altura em que Portugal está longe de constituir uma potência da modalidade. Além dos nove golos então marcados, quatro deles nos quartos-de-final à Coreia do Norte (5-3), o Pantera Negra é eleito para o onze ideal, considerado o melhor jogador do evento e só não repete a conquista da Bola de Ouro (n.° 1 europeu) do ano anterior por escasso ponto de diferença em relação ao inglês Bobby Charlton.
Impedido por Salazar de se transferir para Itália, com o pretexto de estar classificado como "património nacional", Eusébio por cá se fixa, coleccionando vitórias atrás de vitórias, que ainda hoje o colocam no top dos predestinados: onze vezes campeão português (recorde) e pentacampeão da Taça de Portugal, é melhor marcador da Europa por duas vezes e da 1.' divisão por sete (recorde), com um total de 676 golos na carreira (recorde), 97 deles na Taça de Portugal (recorde).
Pondo um ponto final no Benfica em Junho de 1975, num particular em Casablanca com a selecção marroquina, Eusébio dá a volta ao continente americano (EUA, México, Canadá) e sagra-se campeão norte-americano em 1976, com 34 anos de idade, ao serviço dos Toronto Metro-Croatia, com um golo na Super Bowl. Tudo isto com sete operações aos joelhos, seis delas ao esquerdo. É muuuuito, damn it.
Páginas de Eusébio Pantera Negra, de Eugénio Silva
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