Jornal de Notícias, 10/02/14
VOO DO "PAPAGAIO" TERMINOU
FAZ SESSENTA E CINCO ANOS
Revista foi a primeira em todo o Mundo a publicar as aventuras de Tintin a cores
F. Cleto e Pina
HÁ 65 ANOS, chegava ao fim uma das maiores aventuras do jornalismo infantojuvenil português. A revista "Papagaio" fechava as "asas" com o mérito de ter sido a primeira a publicar Tintin a cores em todo o Mundo.
O primeiro número tinha sido publicado a 18 de abril de 1935, 14 anos antes, e custava um escudo, preço alto para a época justificado pelo uso da cor em muitas páginas, preenchidas com banda desenhada, contos ilustrados, passatempos, curiosidades e concursos.
Por elas, passaram essencialmente autores portugueses, como Stuart Carvalhais (com os já célebres Quim e Manecas), Thomaz de Melo, Meco, Rodrigues Neves, os irmãos Sérgio Luiz e Guy Manuel (criadores do Boneco Rebelde), o ator José Viana e o pintor Júlio Resende. Foi ainda no "Papagaio" que José Ruy, ainda em atividade, publicou as primeiras pranchas de BD, contava 14 anos. A direção da revista, de orientação católica, propriedade da Renascença, estava entregue a Adolfo Simões Müller (1909-1989), a quem a BD nacional tanto deve, pelo que fez à frente do "Papagaio", "Diabrete" ou "Cavaleiro Andante". Foi dele a iniciativa de comprar os direitos de 'I'intin para Portugal (que chegou ar pagar a Hergé em géneros, durante a II Guerra Mundial), onde as aventuras do famoso repórter foram publicadas pela primeira vez fora do mercado francófono e a cores, numa estreia mundial. Foi a abrir o segundo ano, no n.º 53, que "TimTim, repórter de O Papagaio" partiu para a América do Norte. Os números com essa história de colorido original (com as pranchas muitas vezes retocadas e/ou remontadas), bem como aqueles que têm capas em que Tintin aparece (desenhada pelos artistas "da casa") são muito procurados pelos apreciadores de Hergé.
O herói, com a "cadelinha Rom-Rom", "o capitão Rosa" ou "o professor Pintadinho" viveria outras aventuras, até a revista terminar, em grande parte devido à concorrência do "Mosquito" e do "Diabrete", após 722 números.
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