1º CONVÍVIO DO CLUBE TEX PORTUGAL
Decorreu no passado sábado, dia 15,
o 1º convívio do Clube Tex Portugal,
no “Saloon” Regiões localizado em Cacém “City“
Impõe-se aqui uma nota introdutória ao “fenómeno texiano”, relacionada com as matérias sobre esta série de BD que tenho vindo a publicar no BDjornal, malgrado algumas críticas extemporâneas que têm sido escritas pela blogosfera fora:
Para além de todo o “culto” (iconogáfico, coleccionista e não só) à volta da personagem Tex Willer, é importante realçar que toda esta adesão de públicos diversos em todo o mundo já tem mais de sessenta anos. Portanto, não são já os leitores iniciais – desde 30 de Setembro de 1948, com as primeiras histórias de Giovanni Luigi Bonelli, desenhadas por Aurelio Gallepini – que eventualmente já nem pertencem ao mundo dos vivos, tal como os seus autores iniciais, mas sobretudo as novas gerações que renovadamente, vão adoptando o “ranger” como herói predominante das suas leituras de banda desenhada e que se devem tornar motivo de reflexão. Muito concretamente, o que me fascina nem é sequer a personagem e as suas histórias, como já tenho afirmado várias vezes, mas sim aquilo que ela representa e movimenta. Em termos da História da Banda Desenhada, a editora Bonelli representa aquilo que me parece mais importante nisto tudo: a sobrevivência da velha “indústria da BD”, que movimenta dezenas de argumentistas e desenhadores europeus - e também de outras latitudes -, em todas as personagens que edita, ancoradas sobretudo na sobrevivência “mítica” do seu “herói” de referência.
Portanto, quando o nosso amigo Luiz Beira (por exemplo) afirma que “já enjoa” tanto Tex no BDjornal, só posso levar essa afirmação como ignorância total do que está em causa naquilo que escrevo e publico. A mim, pessoalmente, “enjoa-me” muito mais tanta BD belga apregoada por este nosso amigo, BD essa mais ou menos irrelevante na história da BD europeia, que não causou nunca a adesão mundial (excepto com Hergé e o seu Tintin) que Tex Willer causa ainda hoje e, pelos vistos, cada vez mais. Portanto, caríssimo Luíz Beira (se é que estás a ler isto), o que eu faço é ir à matriz histórica da coisa! E quando pesquiso e escrevo as biografias dos Desenhadores de Tex no BDjornal, estou a falar literalmente de quase uma centena de grandes ilustradores da BD europeia (mas não só), que deram “a cara” por Tex Willer – e isto parece-me muito mais importante do que aquilo que a BD belga tenha produzido até hoje, exceptuando alguns autores (além de Hergé) de que aliás Luís Beira quase nunca fala, como Hermann Huppen ou François Schuiten, só para citar dois, como exemplo....
O aparecimento do Clube Tex Portugal, reflecte portanto o que disse anteriormente. Existem seguramente em Portugal milhares de fãs de Tex Willer. E por tudo o que esta personagem representa na história da Banda Desenhada europeia, não pude deixar de aderir ao Clube, embora não em nome pessoal mas como BDjornal, uma vez que não sou fã de Tex – devo confessar e como toda a gente já saberá. Mas isso não me impede de assinalar a importância do acontecimento.
O cartaz, de António Lança Guerreiro
Vejamos então:
Para além de Ricardo Leite (como Tex Willer) e Fernanda Martins – sócia honorária, que se deslocou propositadamente de Amesterdão para participar neste Convívio – compareceram José Carlos Francisco, sua esposa e duas filhas, Mário João Marques, esposa e dois filhos, Carlos Moreira, esposa e filho, Orlando Santos Silva e esposa, Hernâni Portovedo, José Manuel Cristóvão, Fernando Marques, esposa e duas filhas, Carlos Gonçalves, Rui Cunha e dois filhos, António Freire e esposa, António Guerreiro, Geraldes Lino, João Amaral, Paulo Silva, José Eduardo Monteiro e esposa e ainda Pedro Pereira.
A fundação do Clube Tex Portugal, ocorreu durante o XVIII Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, a 10 de Agosto de 2013, tendo sido apadrinhada pelo desenhador Andrea Venturi. O Clube conta nesta altura com 50 sócios.
Para além da entrega do cartão de sócio (e respectivo pin do Clube) a cada associado presente, o jantar serviu principalmente para fomentar e fortalecer o convívio texiano e também para se debater sobre as principais iniciativas do Clube Tex Portugal para 2014, com especial incidência num evento a realizar, provavelmente na Bairrada, em Maio ou Junho e que contará com a presença de um renomado autor italiano de Tex e que incluirá também uma exposição dedicada ao Ranger.
Outra grande iniciativa do Clube Tex Portugal que arrancará este ano será a revista do Clube, revista essa também autorizada pela Sergio Bonelli Editore e que será feita, exclusivamente, por sócios do Clube e será igualmente para sócios, já que a revista será somente distribuída aos sócios (cada sócio terá direito a um exemplar gratuito, podendo comprar apenas um segundo exemplar), a capa deste primeiro número (inédita e exclusiva) será realizada pelo sócio honorário e padrinho do Clube, Andrea Venturi.
Como não pude estar presente (e o BDjornal é o sócio nº 17 do Clube) servi-me, para este post, do texto (de José Carlos Francisco) e fotos (de Carlos Moreira e José Manuel Cristóvão), publicados no Tex Willer Blog e no Divulgando Banda Desenhada, de Geraldes Lino.
Os fundadores do Clube Tex Portugal
António Guerreiro desenha Tex...
João Amaral desenha Tex na toalha de mesa (a experiência da Tertúlia BD de Lisboa a sobrepor-se)
Em baixo, resultado final:
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Machado,
ResponderEliminarMesmo eu a não ter nenhuma aversão particular pro Tex - muito antes pelo contrário, sou sócio do clube e não compareci ao convívio apenas por estar em França a trabalho - penso ser má fé por parte tua dizer que a BD belga, com a óbvia exceção de Tintin, "nunca causou a adesão mundial" que Tex teria causado. Ora, Tex é efetivamente apenas conhecido internacionalmente na própria Europa, terreno de caça da BD belga, e no Brasil - e há pelo menos duas BDs belgas com muito maior penetração internacional:
Os Estrunfes, que ajudados pela animação são publicados praticamente no mundo inteiro, inclusive nos EUA, tradicionalmente refratários à BD européia, onde foram produzidos dois filmes de grande orçamento das personagens (mais do que Tintin teve direito até o momento!), e no mencionado Brasil.
E Lucky Luke, publicado em muito mais países do que Tex, inclusive no Reino Unido (outro mercado refratário à BD europeia "continental") e na Índia.
Não apenas Tex, mas nenhuma BD italiana, nem o venerado Corto Maltese ou o grande rival de Tex no mercado italiano Diabolik, têm a popularidade internacional dessas duas BDs belgas. É claro que, por exemplo, Blake e Mortimer não está à altura de Tex em termos de reputação international, apesar da sua imensa popularidade em Portugal e na França, mas a Bélgica ainda é uma força maior na indústria de BD mundial do que a Itália.
Caríssimo Pedro Bouça, não foi má fé nenhuma da minha parte. Eu só quis responder ao Luíz Beira, sobre a crítica ao BDjornal #30, de que ele diz “já enjoa tanto Tex”. O que eu quis referir – e é isso que me interessa – foi a verdadeira “indústria” que produz Tex e outras séries da Bonelli. Não há outra produção europeia que trabalhe assim – produzida por 78 desenhadores europeus, americanos, etc... durante 66 anos. Não é propriamente o Tex Willer que me interessa, compreendes?
EliminarClaro que a BD franco-belga tem um lugar destacadíssimo na BD europeia, mas o Lucky Luke, por exemplo, teve quantos desenhadores ao serviço da série? Além do mais, deixa-me corrigir-te o Lucky Luke não é uma produção belga, mas francesa, apesar do seu criador e desenhador, “Morris” ser belga. O que eu quis dizer é que o Beira fala de autores meio desconhecidos, e fá-lo com muito mérito, diga-se de passagem, mas não pode afirmar o que afirmou acerca do que publico sobre Tex no BDjornal.
É só isto, de resto tens toda a razão acerca da popularidade de algumas séries (franco-belgas, não só belgas) que suplantam completamente o Tex.
Produção francesa? Autor belga, publicado inicialmente por uma editora belga em uma revista belga? Pode ser francesa hoje, mas é belga de origem!
ResponderEliminarE a BD franco-belga sempre teve uma inclinação mais artística e pessoal. Tex, como os super-heróis americanos, é linha de montagem, daí empregar tanta gente. É uma linha de montagem que funciona bem melhor do que a americana, mas não deixa de o ser. A Bonelli precisa produzir mais de 100 páginas de Tex por mês, enquanto mesmo o Lucky Luke não publicava isso por ano...